20 agosto 2024

Senado destaca parceria Brasil-China em 50 anos de relações diplomáticas

A parceria entre o Brasil e a China na construção de um novo paradigma de desenvolvimento e no enfrentamento das questões climáticas foi destacada pelos participantes de sessão solene nesta quinta-feira (15), no Congresso Nacional

Nelsinho Trad (C) presidiu a sessão solene do Congresso, no Plenário da Câmara (Foto: Agência Senado)

A parceria entre o Brasil e a China na construção de um novo paradigma de desenvolvimento e no enfrentamento das questões climáticas foi destacada pelos participantes de sessão solene nesta quinta-feira (15), no Congresso Nacional. A sessão foi convocada para lembrar o Dia Nacional da Imigração Chinesa, comemorado nesta quinta-feira (15), e também o cinquentenário das relações diplomáticas entre Brasil e China, iniciadas em 1974.

A solenidade atende a requerimento (REQ 11/2024-Mesa) apresentado pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS) e pelos deputados federais Fausto Pinato (PP-SP) e Daniel Almeida (PCdoB-BA). Durante a sessão, o senador, presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China, disse que é possível vislumbrar um futuro de oportunidades entre os dois países, com colaboração em laboratórios de ponta e o desenvolvimento de soluções inovadoras para os desafios globais.

‘Visualizemos nossas cidades conectadas por tecnologias avançadas, nossas indústrias liderando a revolução verde e nossos jovens explorando nossas fronteiras de conhecimento e entendimento mútuo. Nossa parceria em sustentabilidade é mais do que uma responsabilidade, é uma oportunidade de ajudar a construir um futuro mais equilibrado e saudável. Brasil e China juntos podem ser protagonistas de um novo paradigma de desenvolvimento que prioriza o bem-estar do planeta e de seus habitantes”, disse Nelsinho Trad.

Logo no início da sessão, após a execução dos hinos nacionais dos dois países, os participantes assistiram a um vídeo institucional produzido pela Embaixada da China sobre a parceria com o Brasil. As relações diplomáticas entre Brasil e China foram estabelecidas em 1974, quando foram abertas as embaixadas do Brasil em Pequim e da China em Brasília.

O vídeo relembrou a história da diplomacia entre os dois países e destacou que a China tem sido o maior parceiro comercial, o maior mercado de exportação e a principal fonte de superávit comercial do Brasil nos últimos 15 anos. Ainda segundo o vídeo, o Brasil é o primeiro país latino-americano a exportar mais de US$ 100 bilhões ao ano para a China e o seu maior parceiro comercial na região.

“Juntos, trabalhamos pela ampliação histórica do mecanismo do Brics e promovemos a solidariedade e a cooperação entre os países do Sul Global. Fiéis ao princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, estamos empenhados em promover a governança climática global e a transição energética. A China apoia ativamente a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa liderada pelo Brasil. A relação sino-brasileira, ao ultrapassar o âmbito bilateral, exerce uma influência estratégica e global cada vez mais significativa”, disse o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao.

Tecnologia

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, afirmou que o modelo chinês na área impressiona. Desde 2020, disse a ministra, a China é o país que mais produz conhecimento no mundo, de acordo com os principais rankings de publicação científica. O Brasil ocupa o 13º lugar como produtor de ciência e tecnologia.

“É também a China, há muitos anos, o país que mais deposita patentes, um indício de sua liderança no processo inovador. A sua aposta no modelo de desenvolvimento intensivo em tecnologia e inovação e de forma verde e sustentável para a modernização econômica é o caminho que está sendo aplicado aqui no governo do presidente Lula”, disse a ministra.

Na visão de Luciana Santos, os parceiros chineses são mais dispostos a desenvolver conjuntamente produtos e serviços de tecnologia avançada e a compartilhar os altos riscos envolvidos nesses empreendimentos. Como exemplo, ela citou a colaboração na área espacial, desde o início da década de 1980. A ministra disse esperar uma nova fase na colaboração em tecnologia de ponta em áreas emergente, inteligência artificial, tecnologias quânticas, supercomputação e semicondutores.

Para o embaixador do Brasil na China, Marcos Galvão, a confiança marca as relações entre os dois países. A China, disse o embaixador, sabe que pode confiar no Brasil, fornecedor-chave de alimentos e de outros produtos estratégicos. O Brasil, por sua vez, sabe que pode confiar na China como grande parceiro estável e previsível no comércio, nos investimentos e na cooperação nas mais diversas áreas.

“Essa convergência na diversidade, o diálogo permanente, a expressão clara dos interesses e singularidades de parte a parte e o respeito mútuo entre nossos governos nos permitiram consolidar essa que tem sido a marca de nossas relações, que é a confiança. Essa confiança deve manter-se como marca de nossas relações também nesse futuro cuja construção nós estamos recomeçando hoje.”

Relações parlamentares

Durante a solenidade, o embaixador da China afirmou que o Brasil se destaca como um dos primeiros países da América Latina a estabelecer um mecanismo de intercâmbio parlamentar com a China. No ano passado, por exemplo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e mais de 20 parlamentares visitaram a China como parte da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O Congresso Nacional do Brasil desempenha um papel fundamental na promoção das relações bilaterais. Esperamos que os Parlamentares continuem a contribuir ativamente para fortalecer o diálogo e a cooperação entre nossos órgãos legislativos e partidos políticos. Devemos também promover o intercâmbio cultural. Ao fortalecer o entendimento mútuo e os laços de amizade entre nossos povos, consolidaremos o apoio popular e as bases sociais da amizade.”

Para o deputado Fausto Pinato, o aniversário das relações entre os dois países é oportunidade para reforçar o compromisso com o futuro, sem interferência de ideologias partidárias.

“A relação Brasil-China é uma aliança estratégica que tem moldado positivamente nossas economias e sociedades. Que possamos continuar a trilhar um caminho de crescimento mútuo e aprendizado”, disse o deputado.

Outros eventos comemorativos

Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China, em atividade desde 1993, o deputado Daniel Almeida afirmou que há um esforço cada vez maior de aproximação e cooperação com a China no Legislativo brasileiro. Ele convidou os presentes para a exposição Laços: Belo Brasil, Bela China, no Salão Negro do Congresso Nacional, e para a apresentação da Academia de Dança de Pequim, ao final da sessão.

Durante a sessão solene, foram lançados uma medalha e um selo comemorativos dos 50 anos das relações entre os dois países. O lançamento foi feito pelo superintendente comercial da Casa da Moeda, Leonardo Alves da Silva, e pelo diretor de Negócios dos Correios, Sandro Alexandre Almeida.

Também se pronunciaram na sessão o presidente do Instituto Sociocultural Brasil-China, Thomas Law, e o deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ).

Este texto é uma republicação da Agência Senado sob licença Creative Commons (CC-BY-NC-ND). Veja mais no site da Agência: https://www12.senado.leg.br/noticias

Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional

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