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ANO 7 | OUT-DEZ 2021

Edição 27

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As manifestações populares de junho de 2013 trouxeram à tona um mal-estar na sociedade brasileira. Aos poucos, os cientistas sociais e políticos, em debates e análises acadêmicas, em livros que já estão surgindo sobre o tema, explicam o que está por trás da insatisfação reinante nas classes sociais – dos ricos às classes médias e aos mais pobres. Foi decisão do Conselho Editorial tratar do “mal-estar” na sociedade brasileira de um prisma eminentemente social, embora a circulação deste número coincida com as eleições de outubro. A expectativa é que o conteúdo aqui exposto seja interpretado como um desafio para os futuros governantes e para os agentes políticos em geral. Por que nos sentimos tão mal na vida social? Abrimos a edição com o artigo do professor de Ética e Filosofia Política da USP e conselheiro desta revista, Renato Janine Ribeiro, que apresenta conceitualmente o tema. As pesquisas indicam que desde as Jornadas de Junho de 2013, cerca de 70% dos eleitores querem “mudanças”. E a grande novidade, segundo o autor, é que os beneficiários da ascensão social não são mais gratos aos governos em cujos mandatos ela se deu. Daí que, independentemente do resultado das eleições, o País sente um mal-estar com muito do que hoje vive.


Mesmo que o Estado brasileiro tivesse fornecido educação, saúde, segurança e transporte públicos de qualidade, queixas que motivaram os protestos de junho de 2013, continuaria a existir “a contradição entre uma sociedade cada vez mais afeta à liberdade individual e, ao mesmo tempo, absolutamente necessitada de laços, de valores éticos, de disposição ao convívio com o diferente, sem os quais a própria vida social poderá sucumbir”. Para o cientista político Simon Schwartzman, há uma crise do sistema representativo brasileiro e do papel que as organizações sociais têm nele ocupado. Nossa democracia é frágil e ineficiente. Schwartzman defende que o sistema representativo brasileiro precisa ser profundamente alterado, em aspectos como o sistema eleitoral, o partidário e o financiamento de campanhas. E que sejam criadas formas adequadas de participação da sociedade, como consultas e referendos, e mantidos os espaços abertos para manifestações e mobilizações em torno de temas que não estejam sendo atendidos devidamente pelas políticas vigentes. A mídia brasileira está preparada para cobrir situações de insegurança, de volatilidade social, de ascensão social? Seria necessária uma editoria de “sociedade” para cobrir tais temas? O conselheiro da Interesse Nacional e professor na Escola de Comunicações e Artes da USP, Eugênio Bucci, responde que a imprensa não está preparada para identificar novidades como as que se insinuam nas “prateleiras de consumo da tal ‘nova Classe C’, ou mesmo nas ruas”.
 

 

Confira os artigos desta edição

Edição 27

Por que nos sentimos tão mal na vida social? Este é um tema constante nas conversas, na experiência social, pelo menos do meio social e cultural a que pertencemos, nós, autores e leitores desta revista. Estamos insatisfeitos com a má qualidade dos serviços públicos. Muitos reclamam da corrupção que veem em um ou mais dos três níveis de governo. E há mais, muito mais.
As centenas de milhares de pessoas que foram às ruas das cidades brasileiras, em junho de 2013, trouxeram à tona a insatisfação com os governantes que já existia de forma latente, provavelmente agravadas pelas frustrações causadas pela paralisação da economia, o aumento da inflação e a má qualidade dos serviços públicos.
A imprensa anda insensível ao mal-estar da sociedade? Se sim, por quê? O olhar automático do jornalista sobre o mundo teria ficado mais automático ainda? Ou será que estamos jogando nas costas (e nos olhos) dos repórteres uma culpa que não é deles?
Há um certo mal-estar no Brasil. Não estamos felizes com o que está acontecendo – a economia cresce pouco e há uma insatisfação no ar – e não vemos perspectivas de que esse quadro mude no médio prazo, independentemente de quem governe o país. Nós, brasileiros, e, mais especificamente, nós, elites econômicas, políticas e intelectuais, não estamos vendo um futuro brilhante para o Brasil. Eu me pergunto qual a natureza desse mal-estar.
O objetivo deste texto é refletir acerca das assim chamadas “classes populares” no Brasil contemporâneo. Para isso usarei como mote polêmico tanto a discussão pública acerca da assim chamada “nova classe média” quanto também as assim chamadas “jornadas de junho” de 2013. Minha tese é que o tema da produção e reprodução das classes sociais no Brasil – que poderia estruturar uma concepção verdadeiramente crítica sobre o Brasil contemporâneo – é dominado por uma leitura “economicista” e redutora da realidade social.
Não é de hoje que, no Brasil, prefere-se culpar o outro antes de voltar o olhar para si próprio. Isso quando não se joga para o passado problemas que ainda fazem parte da agenda atual. Esse tipo de atitude, que aparece nas mais diferentes situações de tensão, é particularmente frequente nos casos de racismo, quando com muita facilidade se joga para o “outro” – seja o vizinho, a história, o amigo, o familiar – a pecha do preconceito.
A vida dos jovens, nos dias de hoje, combina processos formativos, possibilidades de experimentação e sentimentos de insegurança. Novos padrões de sexualidade, entradas e saídas do sistema educacional e no mundo do trabalho produzem múltiplas trajetórias juvenis intermitentes e reversíveis. Para compreender estas mudanças, que caracterizam a atual condição juvenil, é preciso compreender as mudanças do mundo globalizado que atingem particularmente os jovens.

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