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Rubens Barbosa: Visita de Lula a Washington marca a volta das relações institucionais entre o Brasil e os EUA

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O encontro entre os dois presidentes é cercado de forte simbolismo e busca acentuar as convergências nas áreas em que há uma clara prioridade política: da defesa da democracia, do Estado Constitucional de Direito e de defesa dos direitos humanos. Apesar de haver divergências sobre a guerra na Ucrânia e sobre a OMC, reunião deve focar os temas em que os dois países têm interesses semelhantes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante chegada em Washington (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Por Rubens Barbosa*

Dando sequência à retomada da diplomacia presidencial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontra nesta semana com o presidente Joe Biden em Washington. Houve claramente a intenção de mostrar, na volta do Brasil ao mundo, a importância das relações hemisféricas com as visitas à Argentina, ao Uruguai e agora aos EUA. Em março, haverá a visita à China e dignitários da Alemanha e da França já visitaram o Brasil. 

Por quatro anos, o governo brasileiro optou por se isolar na área externa, tanto no relacionamento com nossos principais parceiros, como na discussão nos organismos multilaterais, sobretudo na ONU. A política externa atual mudou radicalmente a posição do Brasil, em um mundo que se transformou muito nos últimos 20 anos, tanto na geopolítica, quanto com a nova economia.

O encontro entre Lula e Biden marca a volta das relações institucionais entre os governos dos dois países, depois do que se viu no relacionamento pessoal entre Bolsonaro e Trump.

O encontro, cercado de forte simbolismo, procurará acentuar as convergências nas áreas em que há uma clara prioridade política: da defesa da democracia, do Estado Constitucional de Direito e de defesa dos direitos humanos, depois das experiências traumáticas com a invasão do Congresso norte-americano e da Praça dos Três Poderes, que mostraram a divisão política existente nos dois países.

Além desses temas políticos, deverá ser ressaltada a coincidência de percepções nas questões de meio ambiente e mudança de clima. A Amazônia deverá ser mencionada e não será surpresa se Lula insistir na cooperação internacional para ajudar o governo brasileiro no combate aos ilícitos na região: queimadas, destruição da floresta e garimpo ilegal. 

Nesse contexto, Lula deverá mencionar a completa mudança na política ambiental em relação à Amazônia e a proteção das comunidades indígenas, como o que ocorre com os yanomamis. Lula deve lembrar as promessas de campanha de Biden no sentido de estender apoio financeiro ao governo brasileiro para a preservação da Floresta Amazônica. Não será surpresa se houver algum gesto de Biden nesse sentido.

Deverá igualmente ser examinada a questão da equidade racial, de interesse dos dois governos, e o crescimento do intercâmbio comercial, com superávit dos EUA e exportação de produtos industriais para o mercado americano.

Essas questões mostrarão a coincidência de visões entre os dois líderes, porém também vão ser mencionados temas em que não haverá convergência, como Cuba e Venezuela, a Organização Mundial de Comércio (OMC) e a guerra da Ucrânia. Nesse particular, não deverá avançar a proposta do presidente Lula de criação de um grupo para conversar com os presidentes da Rússia e da Ucrânia visando a encaminhar conversações para chegar-se à paz na guerra, que já passa de um ano. O governo de Washington não tem interesse agora em discutir esse assunto, e a proposta não deverá prosperar.

Finalmente, o governo brasileiro vai deixar claro que, a exemplo de todos os países da América Latina, da África e de muitos da Ásia, não deverá tomar partidos na guerra entre a Rússia e a Ucrânia, nem na crescente confrontação entre os EUA e a China, colocando o interesse nacional acima de questões ideológicas ou geopolíticas.

Em resumo, a visita é importante e os temas em que houver convergência deverão ser ressaltados para mostrar que há muitas áreas em que os dois países falam a mesma língua, enquanto os pontos em que não há coincidência não deverão influir no desenvolvimento normal das relações entre o Brasil e os EUA. 


*Rubens Barbosa foi embaixador do Brasil em Londres, é diplomata, presidente do Instituto Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e coordenador editorial da Interesse Nacional.

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