É jornalista, doutor em Ciências Políticas pela USP, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, autor de livros como “A República das Milícias – dos esquadrões da morte à era Bolsonaro”, e “A Fé e o Fuzil – crime e religião no Brasil do século XXI”
Pesquisador e jornalista, Bruno Paes Manso explica que foi por ironia da história, que veio do sofrimento e das mazelas acumuladas no sistema penitenciário, a chama para a criação e a promoção de uma nova governança, tocada pelos próprios presos e que transformou a cena criminal paulista em primeiro lugar, e depois a nacional. Um modelo de governança criminal mediado por facções de base prisional, profissional e articulado, que se aproveita das brechas e dos erros das políticas públicas. Há estimativas da existência de mais de 50 facções espalhadas pelas prisões e quebradas de todos os estados do Brasil.
Numa manhã de março deste ano, policiais militares flagraram o jovem Luan, de 16 anos, roubando um caminhão na zona leste de São Paulo. Quando o garoto viu as luzes piscando e ouviu as sirenes, desceu correndo para tentar fugir e entrar no mercadinho do pai, que ficava nas redondezas. Na perseguição, minutos depois, ele foi localizado pelos policiais, que correram até o comércio para detê-lo.