A proporção de artigos factuais e sem juízos de valor que possam melhorar ou piorar a imagem internacional do Brasil atingiu seu nível mais alto desde o início do monitoramento da imprensa estrangeira
Por Daniel Buarque e Fabiana Mariutti*

iii-Brasil – 27 de junho a 3 de julho de 2022
Visibilidade: 44 textos
Classificação das notícias:
59% Neutras
25% Negativas
16% Positivas
Após semanas de grande visibilidade internacional por conta do assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira no Vale do Javari, na Amazônia (que tiveram forte impacto negativo) e graças à Cúpula dos BRICS (que teve tom mais neutro), o Índice de Interesse Internacional (iii-Brasil) calculado pela Interesse Nacional registrou uma redução do número de reportagens sobre o país na imprensa estrangeira e uma ampliação da proporção de textos com alçada imparcial e objetiva dos acontecimentos semanais sobre o Brasil.
No total avaliado, a coleta de informações do Índice de Interesse Internacional encontrou — na semana de transição de junho para julho — 44 artigos com menções de destaque ao Brasil nos sete veículos de imprensa estrangeiros analisados pelo iii-Brasil. O volume revela uma grande redução das menções ao país, que chegaram a mais de cem nas semanas anteriores.
A análise dessa semana também revelou a maior proporção já registrada de textos de tom neutro (59%) e a menor de textos negativos sobre o país (25%) desde o início do monitoramento da imagem internacional do país na imprensa estrangeira.

A semana registrou moderação da visibilidade do Brasil especialmente nos veículos de imprensa de grandes potências, com apenas quatro registros no chinês China Daily, três no americano The New York Times, dois no britânico The Guardian, e nenhuma menção no francês Le Monde. Coube ao jornal português Público a maior exposição do Brasil, com 19 menções em uma semana — a maioria sobre a visita do presidente de Portugal ao Brasil. Em um dos textos foi destacada a fala do presidente durante a abertura oficial da 26.ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo ao ser aplaudido quando defendeu que “a melhor saída para a pobreza é a cultura”, ao expressar seu amor pelos livros, associando leitura e democracia.
Apesar de terem menos destaque, os assassinatos de Phillips e Pereira continuaram afetando negativamente a reputação internacional do Brasil pela quarta semana consecutiva. O Guardian publicou duas novas reportagens sobre o caso e sobre a violência e insegurança que predominam na região Norte do Brasil. O Brasil também foi destacado de forma negativa em coberturas sobre o tráfico de drogas usadas para o aborto e sobre proliferação de fake news no mundo, ambas com destaques no New York Times e no argentino Clarín.
Como prática de linha editorial, assuntos sobre cultura e turismo foram pautados positivamente para a reputação do Brasil.
*Daniel Buarque é editor-executivo do portal Interesse Nacional, doutor em relações internacionais pelo programa de PhD conjunto do King’s College London (KCL) e do IRI/USP. É jornalista, tem mestrado em Brazil in Global Perspective pelo KCL e é autor dos livros “Brazil, um país do presente” (Alameda) e “O Brazil É um País Sério?” (Pioneira).
Fabiana Mariutti atua como professora universitária, pesquisadora e consultora; obteve pós-doutorado, doutorado e mestrado em Administração e bacharel em Comunicação Social. Estuda a marca Brasil desde 2010. Autora dos livros: “Country Reputation: The Case of Brazil in the United Kingdom: Four Stakeholders’ Perspectives on Brazil’s Brand Image” (2017) e “Country Brand Identity: Communication of the Brazil Brand in the United States of America” (2013).