09 janeiro 2019

O Que Fazer? (Balanço e Perspectivas da Esquerda Brasileira)

Há semelhanças que não são meras coincidências. Em outubro de 2016, o candidato republicano Donald Trump ameaçou prender sua rival democrata Hillary Clinton caso fosse eleito. Em outubro de 2018, Wilson Witzel disse que daria voz de prisão a Eduardo Paes, o seu concorrente ao governo do Rio de Janeiro. E, pouco depois, Jair Bolsonaro prometeu que prenderia seu adversário Fernando Haddad e que este iria “apodrecer na cadeia”.

Há semelhanças que não são meras coincidências. Em outubro de 2016, o candidato republicano Donald Trump ameaçou prender sua rival democrata Hillary Clinton caso fosse eleito. Em outubro de 2018, Wilson Witzel disse que daria voz de prisão a Eduardo Paes, o seu concorrente ao governo do Rio de Janeiro. E, pouco depois, Jair Bolsonaro prometeu que prenderia seu adversário Fernando Haddad e que este iria “apodrecer na cadeia”.
Os gestos pareciam espontâneos, mas seguiam um roteiro de marketing cujo objetivo era colocar o adversário na esfera do crime, enquanto o autor da ofensa aparecia como defensor da lei e da ordem[1]. Aquele tipo de campanha eleitoral marcava o fim de uma era. Um movimento de baixo para cima conseguiu acuar todos os partidos tradicionais como parte do “sistema”, incluindo o PSDB, acusado de ter a mesma origem socialista que o PT.Há semelhanças que não são meras coincidências. Em outubro de 2016, o candidato republicano Donald Trump ameaçou prender sua rival democrata Hillary Clinton caso fosse eleito. Em outubro de 2018, Wilson Witzel disse que daria voz de prisão a Eduardo Paes, o seu concorrente ao governo do Rio de Janeiro. E, pouco depois, Jair Bolsonaro prometeu que prenderia seu adversário Fernando Haddad e que este iria “apodrecer na cadeia”.
Não era a primeira vez na história brasileira que um candidato exótico com um discurso ameaçador chegava ao Palácio do Planalto. Sua mensagem evocava algum outsider do passado, como Jânio Quadros ou Fernando Collor de Mello. Mas, o primeiro chegou lá depois de uma fulminante carreira como prefeito e governador de São Paulo e ainda foi apoiado pela União Democrática Nacional (UDN), um dos pilares do mundo político da época. Collor praticamente alugou um partido, porém tinha sido governador de Alagoas e era filho de uma larga tradição pelo lado paterno e materno de sua ascendência familiar[2].
Collor, apesar do experimentalismo na economia sob uma neófita como Zelia Cardoso de Melo, que saía das aulas na USP para um cargo de superministra, tentou atrair o PSDB e montar uma coalizão ampla, ainda que sem sucesso. Cercou-se de intelectuais como Celso Lafer, Sergio Paulo Rouanet e José Goldenberg; nomeou figuras de reconhecimento suprapartidário como Adib Jatene; políticos de forte enraizamento no sistema político como Jorge Bornhausen; além de militares e um sindicalista.
Na oposição, o PT emergiu como uma alternativa estruturada e permanente. O Partido da Frente Liberal (PFL) naufragou e o PMDB, então o maior partido no Congresso, nos governos estaduais e em preferência partidária, sofreu uma derrota acachapante. No entanto, o sistema se reconfigurou com o ingresso do PSDB na primeira divisão da política oficial.
Depois de o governo Fernando Henrique Cardoso ter liderado a implementação do Plano Real, a chegada de Lula ao poder em 2002 também trouxe alguma imprevisibilidade aos mercados. Mas, antes mesmo de eleito ele assinou a Carta ao Povo Brasileiro, elogiada pelo professor Delfim Netto. E o seu primeiro governo não foi nenhuma ruptura com o anterior.
Os conflitos nunca se apaziguaram no Brasil, particularmente no campo. Entretanto, a memória da resistência à ditadura, a aceitação do pacto constitucional de 1988, a convivência com sindicatos e movimentos sociais e a afirmação de valores democráticos eram traços comuns aos três grandes partidos brasileiros.
De modo semelhante a 1989, a ascensão de outro candidato pretensamente antissistema, quase 30 anos depois, derrubou já no primeiro turno partidos estabelecidos, como o PSDB e o PMDB. Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles lembraram o desempenho pífio de Ulisses Guimarães e Aureliano Chaves em 1989. O terceiro lugar de Ciro Gomes parecia reproduzir, mutatis mutandis, a experiência do mesmo PDT com Leonel Brizola naquela primeira eleição da Nova República. Mas, as semelhanças acabam aqui.
É verdade que Bolsonaro está longe de ser um elemento externo ao sistema. Foi político profissional desde 1988, teve um mandato como vereador no Rio de Janeiro e sete como deputado federal. Foi, antes, oficial do Exército. Contudo, ele nunca foi um político influente. Jamais deixou o baixo clero de Brasília e, mesmo como militar, teve carreira curta e marcada por críticas e punições. Formado em 1977, chegou a tenente e tornou-se capitão na reserva em pouco mais de dez anos de atuação (ou 16, contados os anos de aspirante). Esteve, assim, longe de pertencer às elites do poder, civil ou militar.
Além disso, as eleições de 1989 coroavam um processo de fortalecimento da militância social, das greves, da luta pela constituinte e de crescimento eleitoral do PT. Depois da administração Carter nos Estados Unidos e sua defesa dos direitos humanos, os valores democráticos se afirmavam em toda a América Latina, as ditaduras estavam derrotadas e os militares negociavam uma saída mais ou menos honrosa a depender do país. O Brasil havia acabado de vivenciar o maior movimento de massas de sua história. As “Diretas Já” tinham um objetivo claro e os gigantescos comícios foram dirigidos por partidos e líderes reconhecidos, ao contrário de junho de 2013.
Em 2018, a situação era diferente. O ativismo social mais surpreendente não era da esquerda, mas da direita; o PT havia sido defenestrado do poder depois de anos de desgaste por envolvimento de alguns de seus líderes em escândalos de corrupção e pela recessão econômica do segundo governo Dilma; os Estados Unidos eram liderados por Donald Trump, um político fora dos padrões de seu próprio país e nada afeito à defesa direitos humanos; e, por fim, os movimentos de massas que antecederam as eleições foram as ambíguas jornadas de junho de 2013 e os protestos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016. Eles não contaram com lideranças partidárias influentes.
Mesmo desconsiderando os excessos típicos da disputa eleitoral, a esquerda jamais enfrentara um candidato que ameaçava exterminá-la. Nem concorrera numa campanha sem debate público, baseada principalmente nas redes sociais e em aplicativos de mensagens telefônicas[3]. Muito menos confrontara um oponente que dispunha de um ativismo em grande parte voluntário. Dito de outra forma: o PT se acostumara a monopolizar as ruas e agora enfrentava pessoas com a camisa da seleção brasileira de futebol que defendiam convictamente os seus pontos de vista conservadores.
 Que Fazer? 
Não era fácil a dirigentes e intelectuais acomodados a um ambiente político de relativa estabilidade entender o que se passava. Desde a implantação da chamada Nova República, jamais um movimento de massas autoconfiante se opusera à esquerda. Ele parecia dotado de tudo aquilo que se recomendaria a qualquer agremiação revolucionária: um “partido de quadros”, com capilaridade nas suas bases sociais, estruturado em torno de uma liderança e com uma ideologia estabelecida.
Apesar da aparência, os seguidores de Bolsonaro não constituíram um grupo organizado, e sim “exaltado”, na expressão do filósofo Paulo Arantes[4]. O partido foi menos importante que a associação horizontal nas redes sociais. A ideologia não apresentou uma base teórica e, verbalizada por youtubers sem reconhecimento intelectual, hauriu sua força justamente no anti-intelectualismo. Movimentou, assim, o sentimento do homem médio, informado por ideias conspirativas, dogmas religiosos e preceitos morais.Não era fácil a dirigentes e intelectuais acomodados a um ambiente político de relativa estabilidade entender o que se passava. Desde a implantação da chamada Nova República, jamais um movimento de massas autoconfiante se opusera à esquerda. Ele parecia dotado de tudo aquilo que se recomendaria a qualquer agremiação revolucionária: um “partido de quadros”, com capilaridade nas suas bases sociais, estruturado em torno de uma liderança e com uma ideologia estabelecida.
Não obstante, a vitória de Bolsonaro não foi um raio em céu azul, sem passado e sem história. Quando o mecanismo da política oficial começou a girar em falso, em 2013, a legitimidade das instituições derramou-se nas ruas, nas redes sociais e pelos esgotos do whatsapp. Tratava-se do desmoronamento de todo um conjunto de práticas e acordos que sustentaram um padrão de disputa.
Mas, agora, não se tratava do habitual conflito entre tucanos e petistas. Não era habitual que um ex-presidente se visse na obrigação de ensinar numa rede social que não havia votado no vencedor, mas que “divergir é direito nas democracias”.  O professor Fernando Henrique Cardoso deu a sua “lição” exatamente no feriado da República.
Visivelmente, formara-se um “exército” com predisposição não só a combater a esquerda nas ruas, mas a substituir a direita democrática como um dos polos do circuito fechado da política oficial. O curto circuito foi provocado pelos novos movimentos sociais da direita militante. Os próprios militares se aproximaram da candidatura Bolsonaro, a tal ponto que pareciam tutelar o processo eleitoral, segundo a leitura que a Comissão Executiva Nacional do PT[5] fez das declarações do general Villas Boas. Nesse caminho argumentativo, depois da militância e do comando militar, faltava apenas a condução política oferecida pela campanha eleitoral de Bolsonaro para se completar a tríade de uma estratégia completa.
De um ângulo radical, o filósofo Paulo Arantes captou o momento ao dizer que a eleição de Bolsonaro não significou a ascensão de um regime fascista. Nem os seus eleitores queriam que suas promessas mais repugnantes se realizassem. O que impressionou é que eles estavam tomados por tal descrença contra os partidos e instituições que isso não os afetava “nessa vontade de ser indiferentes a um horror que é anunciado”[6].
Balanço e Perspectivas
Inicialmente, uma parte da esquerda continuou raciocinando como se tivesse sofrido uma simples derrota eleitoral. Contudo, diferentemente de 1989, quando Lula perdeu a eleição, mas seu partido estava numa tendência de acúmulo de forças sociais, agora houve uma derrota política.
Bolsonaro apresentou-se como admirador da ditadura, mas desde que abraçou o liberalismo econômico mais radical, ficou claro que ele se referia a uma ala específica daquele período: a chamada “linha dura” dos oficiais de médio escalão responsáveis por torturas e desaparecimentos. Ao abandonar o estatismo e o nacionalismo econômico ele se tornou o antiGeisel[7], contrapondo-se ironicamente a um general que o considerou no passado um “mau militar”[8].
O fato é que nenhum governo desde 1930 desmantelou completamente a Era Vargas. A ditadura militar até promoveu o avanço estatal sobre a economia durante o governo do general Geisel. Collor fracassou em seu intento privatizante. Fernando Henrique  Cardoso reposicionou a iniciativa privada em grandes setores de infraestrutura, mas o Estado manteve instrumentos regulatórios, influência indireta e a propriedade de outras empresas estratégicas. E não modificou a estrutura sindical.
Uma agenda oposicionista, portanto, implicaria uma atitude definida sobre a reforma da previdência, a privatização da Petrobras e dos bancos públicos e as leis trabalhistas. Pontos de atrito mesmo entre PT e PDT, por exemplo.
Os primeiros balanços na esquerda começaram já durante o segundo turno do pleito eleitoral. Depois da derrota apareceram as tentativas de traçar um futuro plausível de atuação no quadriênio do novo governo e, por fim, gotejaram tímidos acenos por uma frente oposicionista.
Embora a esquerda, lato sensu, possa abarcar um número maior de agremiações, seguramente é o PT o único partido que desde 1989 monopolizou a representação do chamado “campo popular” da política brasileira.
O partido assumiu duas estratégias distintas que se combinaram no final da campanha. A primeira foi a de Lula. A direção do PT insistiu em desafiar os limites da lei e fazer uma pré-campanha aberta pela sua candidatura. Paradoxalmente, foi vital para isso que Lula aceitasse ser preso porque se tornou um fator eleitoral e, depois da derrota, permaneceu como um fator político.
A estratégia tinha três pressupostos. Primeiro: sem aquela campanha, Lula tenderia a ser esquecido na prisão e seria impossível mobilizar os militantes. O segundo, corolário do primeiro, era de natureza eleitoral: desde a prisão Lula subiu entre 10 e 15 pontos nas pesquisas, atingiu 39% e o seu partido obteve 29% da preferência partidária, segundo o Ibope. O terceiro era o calcanhar de Aquiles dessa estratégia: defender a consigna “Eleição sem Lula é Fraude” exigiria depois explicar ao eleitor que, após a substituição do candidato, ele deveria sufragar o PT numa eleição supostamente ilegítima.
O PT é um partido eleitoral e jamais passou pela cabeça de seus dirigentes boicotar a disputa presidencial. Assim, cumpriu o roteiro previsto: trocar o candidato, mas manter sua imagem atrelada à herança lulista, vista como imprescindível para conquistar as bases mais fiéis no interior do Nordeste.
A outra estratégia foi a “Democrática”. Uma vez no segundo turno o PT, foi forçado a apelar a eleitores não petistas. Buscou líderes da direita não extremista. Tal busca foi infrutífera. Embora, no final do segundo turno, houvesse uma avalanche de apoio social muito além do espectro petista, especialmente no mundo da cultura, das artes, da mídia convencional e da juventude das camadas médias urbanas, poucos líderes políticos respaldaram Fernando Haddad. Entre os candidatos, nem Ciro Gomes o fez de modo explícito. Restaram os apoios do democrata cristão José Maria Eymael, de Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL).
Na cúpula da campanha do PT se estabeleceu um debate interno: o partido deveria se voltar à ampliação das alianças e à moderação do discurso ou à radicalização social? Alguns avaliavam que o adversário tinha sua estratégia montada há alguns anos sobre a exploração de temas morais, em que a esquerda não teria chances de combatê-lo. Por isso propugnavam um programa com forte apelo popular.
Duas estratégias opostas não podem conviver por muito tempo. E para solucionar a contradição é preciso encontrar a forma em que seus polos podem se movimentar, um à frente do outro.
Ressaltar a democracia para setores médios antipetistas exigiria que o partido fizesse um giro em seu programa econômico. Teria que reconhecer com mais ênfase o problema fiscal, o constante aumento dos gastos públicos acima do crescimento do PIB, dos salários acima da produtividade e opor-se aos interesses de corporações estatais.
Havia quem cobrasse a autocrítica do partido sobre sua forma de governabilidade pela corrupção de aliados e até quem exigisse a indicação prévia de um nome do mercado para o Ministério da Fazenda.
Confrontar o discurso social e até antissistêmico em que Bolsonaro liderava, significava defender uma política de matriz keynesiana ou desenvolvimentista, recusar o chamado giro liberal do segundo governo Dilma e acenar com um Estado indutor da retomada de investimentos.
O PT tinha, de fato, posições que conflitavam com a visão habitual dos grandes meios de comunicação, especialmente por causa de sua defesa da Venezuela e de Cuba. Mas, teve um adversário que lhe facilitou a rotação discursiva, pois sem as credenciais democráticas que o seu tradicional antagonista, o PSDB, possuía. Isso apareceu tanto nas alocuções de Jair Bolsonaro, quanto em casos reais de agressão durante a campanha[9]. Por isso, a jornalista Miriam Leitão escreveu que “Bolsonaro sempre teve o discurso autoritário. O PT nasceu, cresceu na democracia e sempre jogou o jogo democrático; e governou respeitando as instituições democráticas”[10].
Havia tanto uma estratégia que visava defender valores democráticos quanto outra que tinha por escopo uma finalidade política: reconstruir as bases populares. Essa duplicidade está nos documentos, nas falas e nas atitudes que a esquerda produziu ao longo do ano de 2018.
Frente Democrática ou Popular?
As duas estratégias conduziram ao debate sobre a natureza de uma frente a ser constituída. Curiosamente, a esquerda já tinha duas: a Frente Brasil Popular, nucleada pelo PT e partidos aliados. E a Frente Povo sem Medo, basicamente centrada no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, o MTST. Ambas tiveram por expressão eleitoral, respectivamente, as candidaturas Haddad e Boulos.
Com a débâcle dos democratas de direita e de centro, a esquerda acreditou que tinha que lidar com dois caminhos contrapostos: o da defesa de instituições em que podia encontrar terreno comum com políticos conservadores; e o de uma pauta econômica “desenvolvimentista” que a separava deles[11]. A incapacidade de soldar um bloco político no segundo turno deixava claro que o PT tinha uma longa marcha pela frente.
As duas linhas opostas não podiam conviver, tampouco se afastar. Mais que meras táticas[12], elas desenhavam estratégias de longo prazo, já que foram resultantes de uma derrota ampla da esquerda em três batalhas decisivas: as jornadas de junho de 2013, o impeachment em 2016 e as eleições em 2018. O intelectual petista Breno Altman disse claramente ao defender uma frente popular: não se trata de “suposto bloco tático de centro-esquerda, mas de um pacto estratégico”[13].
Mesmo no início do ano, era perceptível para os dirigentes que, ainda na hipótese de uma vitória eleitoral, a esquerda não estaria em condições de reposicionar-se como força hegemônica na sociedade brasileira. O PT publicou uma resolução intitulada “Por uma frente de resistência pela democracia e pelos direitos do povo”, na qual convocava os seus diretórios regionais e municipais a se integrarem com os movimentos sociais e as duas frentes supracitadas e qualificava o novo presidente da República como “um aventureiro fascista”. Isso se deu a 31 de outubro.
A nota lançada de chofre não fazia nenhum balanço político das eleições. Ora, PT, PDT, PSB, PSOL e PCdoB somaram 160 cadeiras no congresso e se tornaram o núcleo da oposição parlamentar. Alguns dirigentes consideraram a possibilidade de atrair as 63 cadeiras somadas do MDB e PSDB em torno dos temas constitucionais sensíveis à democracia. Para o deputado federal José Guimarães, secretário de Assuntos Institucionais do PT, a nova frente poderia abrigar não apenas aliados históricos do PT, mas também setores do PSDB e até mesmo do MDB.
Guimarães tocou ainda num ponto sensível. Como combinar uma “ampla frente” de oposição a Bolsonaro no Congresso com uma liderança petista que foi recusada pelo PDT? A resposta do petista foi: “protagonismo não significa hegemonismo”. Numa dança hermenêutica continuou: “Não podemos dar nem guinada à esquerda nem à direita”[14].
Enquanto a liderança do PT curtia a derrota, os irmãos Gomes anunciavam um bloco na Câmara dos Deputados com PDT, PSB e PCdoB. Os comunistas tiveram a vice Manuela D’ávila na chapa do PT e foram aliados dos petistas em todas as eleições desde 1989. O senador eleito Cid Gomes defendeu mais tarde que não seria “nem oposição sistemática nem situação automática”. Faria oposição programática que se traduziria, apesar disso, na criação de um bloco de 17 senadores de várias legendas[15].
Gilberto Carvalho, ex-assessor e conselheiro do presidente Lula, já tinha declarado que “nós não temos culpa de ser o partido do tamanho que nós temos (sic). Não temos culpa de ter construído uma história que, mesmo nessa voragem toda, nós tivemos esses votos. Nós temos um número grande de deputados, governadores, não é pela beleza dos nossos olhos ou por querer sermos hegemonistas, é porque temos uma proposta e, com isso, nós comparecemos à mesa e nos colocamos à disposição. Nós não queremos mandar em nada, mas também não vamos esconder essa força. Eles podem ficar tranquilos, nós temos autocrítica suficiente para não querer fazer a hegemonia, o hegemonismo”[16].
Já na expressão de Valter Pomar, reconhecido intelectual da esquerda do partido e secretário executivo do Foro de São Paulo, “quem não constrói hegemonia, é hegemonizado”. Para ele, há diferentes estratégias na oposição e, “por isto, não se deve tentar colocar toda a oposição numa camisa de força, num leito de Procusto. É melhor trabalhar com uma política de alianças e de frentes diversificadas, que incluam uma frente popular, em que se encontram as forças que vertebraram a luta contra o golpe e contra a extrema-direita” e um movimento amplo em defesa das liberdades democráticas[17].
Em visita ao Congresso Nacional, Fernando Haddad disse que para além da agenda “popular” há “uma frente que pode galvanizar um apoio ainda maior, que é dos direitos civis, porque há pessoas que não têm tanto apreço pelos direitos sociais, como SUS e Previdência Pública, mas têm sensibilidade para pauta ambiental e escola pública laica”[18].
A extrema direita apresentou-se contra o modus operandi tradicional da política. Um novo software que se desconfia não ser suportado pelo hardware das instituições republicanas. Deveria a esquerda esperar algum bug, ou seja, um impasse institucional? A opção parece muito mais a de se preparar para uma maratona, na expressão de Pomar, do que tentar desde logo um sprint.
 As Bases
As eleições presidenciais de 2014 e 2018 mostraram que o PT se sustentou eleitoralmente na pobreza rural. Os trabalhadores urbanos não mais se reconheceram nele. E mesmo nas cidades do ABC paulista, onde ele já foi governo.
Num comício nos arcos da Lapa, Rio de Janeiro, o rapper Mano Brown afirmou que o PT deixara de falar a linguagem do povo[19]. Apesar do tom crítico, a fala foi incorporada por diferentes correntes petistas e interpretada como a necessidade de “volta às bases”. Mas, há um lugar para voltar? A notícia de que a CUT poderia vender sua sede nacional no Brás, em São Paulo, para uma igreja evangélica, foi mais um sinal das transformações da classe trabalhadora.
As mudanças no chão de fábrica, a robotização, terciarização da população economicamente ativa, terceirização de funções, queda na sindicalização, degradação de áreas urbanas e “gentrificação” de outras, esvaziamento das ruas, dos comícios, violência e desamparo, trabalho rotativo e precário, pentecostalismo e descenso da teologia da libertação, ascensão pelo mercado de consumo sem correspondente vida comunitária e organização política, redes sociais, uso de telefones móveis… Poder-se-ia passar horas acrescentando elementos que concorreriam para o debate que a esquerda faz, aliás mundialmente, sobre as razões de sua perda de apoio social na classe trabalhadora urbana.
Em comparação com o 2º turno de 2014, os votos do PT caíram 7,7 milhões. Destes, a maior perda foi de 4,8 milhões no Sudeste. No 2º turno havia 24,1 milhões de votos em disputa. Destes, Bolsonaro ficou com 8,4 milhões (35% dos votos disputados) e Haddad com 15,6 milhões ou 65% dos votos em disputa.
O crescimento de Fernando Haddad na última semana de campanha não foi fruto apenas de uma reorientação da propaganda de televisão e da mensagem do candidato. Resultou de um levante espontâneo de uma militância democrática que foi às ruas.
Embora o uso de fake news e o apoio de empresas via caixa dois para o candidato Jair Bolsonaro tenham sido denunciados ao Tribunal Superior Eleitoral, intérpretes de posições muito diversas concordaram que não foi o uso de novas “armas” o que determinou o desfecho da disputa.
É verdade que as redes sociais incrementaram a “velocidade de marcha” dos militantes e a explosão de ondas de opinião pública. Os deslocamentos de votos foram assustadoramente rápidos no Rio de Janeiro, onde o juiz Witzel pulou de um posto insignificante nas pesquisas para o primeiro lugar em poucos dias.
Essa nova situação colocou as enquetes e outros instrumentos tradicionais, como o uso de televisão, em segundo plano nas lutas eleitorais?
O diagnóstico partiu de intérpretes de posições políticas e institucionais diversas. Quando as pessoas dizem que a TV não teve importância, é o contrário, segundo Marcos Nobre[20]. Embora o PSL não tivesse tempo na TV, o atentado contra Bolsonaro deu a ele uma exposição desmedida.
Tatiana Roque e Fernanda Bruno chamaram a atenção para a destituição dos lugares de mediação da imprensa, dos políticos e dos intelectuais[21], mas pode ser que as igrejas evangélicas tenham cumprido o papel de um verdadeiro partido popular nas franjas inorgânicas das grandes e médias cidades que deram a vitória a Bolsonaro.
“Nem tudo foi fake news”, sentenciou o cientista político Jairo Nicolau[22]. Ele acrescentou que os vídeos difundidos com eficácia pela campanha do PSL eram reforçados pela ação de pastores e lideranças empresariais previamente comprometidas. O ex-ministro José Dirceu foi taxativo[23]: as fake news tiveram seu papel porque a esquerda não estava mais organizada na base da sociedade como as igrejas evangélicas estavam. Paulo Arantes, na entrevista já citada, considerou as fake news irrelevantes para explicar como um grupo folclórico sem nenhum programa conseguiu interpretar e liderar um movimento de massas rumo ao poder.
Por uma ironia da história, o avanço tecnológico parece descartar os produtos da Revolução Tecnológica anterior e resgatar técnicas de luta ainda mais antigas, como o uso da “infantaria” dos partidos, sindicatos e movimentos sociais, doravante coordenadas com o uso intensivo dos robôs e da nova “artilharia” na internet. Possivelmente, a ocupação permanente de territórios, a construção de laços comunitários, atividades de formação política e ativismo local terão que se juntar à utilização das novas ferramentas de comunicação. A esquerda tinha trocado as ruas por programas caros de marketing na TV e que a conduziram aos atalhos do financiamento ilegal. Agora precisa voltar às ruas e otimizar o uso das novas tecnologias.
Na sua reinvenção da política, a extrema direita não só se apropriou do meio digital em troca do analógico e da propaganda dispersa pela focalizada, mas também recuperou velhas táticas da esquerda, como o proselitismo, as passeatas, reuniões presenciais e identificação visual. Para grupos com menor poder econômico, o verdadeiro algoritmo consiste no conhecimento individual, na conversa tête-à-tête, no almoço de domingo, na socialização familiar, da igreja, da festa, do esporte etc. É no chão da fábrica, da escola, das torcidas, das associações de bairro, sindicatos, dos movimentos locais, das igrejas e universidades, no solo histórico das comunidades que se dá a disputa por hegemonia.
Hegemonia
Aqueles que à esquerda do PT denunciavam os limites de seus governos, agora vislumbram as barreiras que o partido impunha à direita.
A vitória da extrema-direita ocorreu num contexto de interrupção do seu crescimento no segundo turno, como vimos, o que, somado aos primeiros conflitos com a mídia e o congresso antes mesmo da posse, pode recolocar o PT como polo antagônico reconhecido na sociedade civil. Mas, ao seu lado, há outras forças. Desde uma reconfiguração do centro até outras formações na esquerda.
A disputa interna entre o segundo e o terceiro colocados, PT e PDT, tornou-se inevitável. O PT é grande demais para não ser hegemônico na esquerda. Embora o candidato do PDT tenha obtido cerca de 12 milhões de votos no primeiro turno, ele não dispõe de uma rede nacional de movimentos e sindicatos.
O fim da contribuição sindical obrigatória atingiu o patrimônio e funcionamento dos sindicatos e o novo governo prometeu atacar todo ativismo social. Mesmo assim, essas redes de articulação política permanecem vitais para a reorganização de qualquer pretensão da esquerda e até mesmo para a manutenção dos conflitos sociais nos marcos democráticos.
Retomar os núcleos de base foi uma das promessas da presidente do partido, Gleisi Hoffman[24]. Em 2018, o PT estava estruturado em aproximadamente 90% dos municípios do país. Nenhum partido na esquerda tem essa capilaridade social e geográfica. Por outro lado, Fernando Haddad venceu em 11 estados, sendo nove no Nordeste, região em que o PT elegeu seus únicos quatro governadores (o PCdoB venceu no Maranhão e o PSB em Pernambuco). Embora o partido não tenha se tornado regional, é evidente que perdeu força nacional.
As pautas LGBTQ, feministas, raciais e de direitos humanos tendem a retornar ao leito da “luta de classes”. O centro da estratégia popular passa a ser a formação de um bloco de oposição social ao governo e uma alternativa eleitoral para as disputas municipais de 2020. Uma única oposição, no entanto, é improvável porque a pluralidade na esquerda é incontornável.
Nessa diversidade, o PT continuará sendo a força hegemônica se definir qual das estratégias será a subordinante e qual a subordinada. Se optar pelo discurso popular, manterá a campanha pela liberdade de Lula em primeiro plano, mas terá que combiná-la à liderança de Haddad ou de outro. Se priorizar a defesa da democracia, terá que integrar de maneira subalterna uma frente mais ampla.
A contradição não impede que o partido faça as duas coisas, porque sem apoio popular prévio não haverá defesa real das liberdades democráticas. E, na visão de muitos dirigentes, com a campanha “Lula Livre”, o PT não apenas mantém grande parte do seu eleitorado, mas a própria unidade interna do partido. Ou nas palavras de Ricardo Musse: o PT sem Lula seria uma “força sólida, mas muito minoritária”[25]. Cabe lembrar que Lula pode simbolizar a democracia para círculos pequenos da esquerda, mas representa uma pauta social para a maioria de seus apoiadores. Ainda que ele tenha uma trajetória de conciliador, ele se tornou o polo oposto ao bolsonarismo: a negatividade.
Todo o sucesso da reinvenção da política pela extrema-direita reside numa contradição: ela precisou polarizar para vencer, mas não pode reconciliar para governar. Algo que os partidos estabelecidos no executivo e no congresso conseguiram até 2013, porque acordaram as regras tanto explícitas quanto ocultas do jogo e sustentaram um programa mínimo de gestão macroeconômica. O exemplo da Turquia, mutatis mutandis, pode ser evocado. Um poder autoritário sobre uma sociedade profundamente dividida[26]. Por isso, o próprio discurso governista reforçará o PT como seu polo antitético.
Além disso, o partido continuará cobrado a fazer autocrítica. A estratégia democrática de aproximação com setores médios exigiria acertar contas com o problema da corrupção. Mas, na citada entrevista de Gilberto Carvalho, ele declarou: “Nós não fizemos antes e vencemos eleição de 2006, 2010 e 2014. Essa exigência externa que se coloca pra nós, e que as pessoas dizem que não gostam e não votam no PT por causa disso, isso é bobagem. Não nos iludimos por ela, porque em geral isso é estribo para uma rejeição que é classista, que é de outra natureza”.
Conclusão
Para retomar os termos da entrevista citada de Paulo Arantes, “abriu-se a porteira da absoluta ingovernabilidade no Brasil (…). Não há mais nenhum tipo de acordo de concertação social entre as várias categorias sociais, empresários, bancos, agronegócio (…). Não há mais acordo possível (…). Tanto é que ocorreu o impeachment, que era absolutamente desnecessário”. É na busca desse impossível acordo que a esquerda prossegue para ser uma alternativa a um governo que talvez não entregue sequer uma parte do que prometeu aos seus eleitores. A aposta, não só da esquerda, mas também de um “centro radical” e de liberais moderados é que a arquitetura de uma democracia racionada, em que forças moderadas se sucedem no poder e se resumem a diferentes formas de gestão de conflitos sociais, com maior ênfase na igualdade e no aumento da renda do trabalho, ou na eficiência produtiva e ganhos do capital, sempre se reconstitui. Basta um período sustentado de crescimento econômico.
Mas, a questão que permanece é: se o próprio terreno da administração das coisas desmanchou, como pode a esquerda voltar ao poder sem emular a força militante que a extrema-direita construiu nas ruas desde 2013? E sem um programa para o caos instituído? Sem ter alternativa à insegurança das pessoas comuns? Sem resolver o drama de uma economia que expulsa a classe trabalhadora para serviços precários ou o para o desemprego estrutural?
Os vencedores de hoje ofertaram uma rota e um timoneiro. Por pior que ele seja, é preferível do que ficar à deriva. Foi assim que pensou parcela dos seus eleitores.
Antes de tudo, é preciso reconhecer que o grupo vencedor soube dirigir um amplo movimento massivo de contestação social; difundiu uma promessa antissistêmica; promoveu alianças com igrejas de base popular; incorporou as demandas de outros setores corporativos; manteve uma  intransigência “doutrinária” mesmo às expensas do isolamento, da marginalização e do ridículo; e, tolerado, mas não apoiado pelas elites, escolheu temas populares, desafiou partidos históricos, líderes reconhecidos, teorias consagradas e instituições sólidas. Combateu o sistema em nome da ordem.
Pode-se discutir a validade moral dos métodos, o conteúdo do programa, a qualidade dos quadros dirigentes, a consistência da liderança e sua disposição para enfrentar o contraditório e suportar as conjunturas adversas; pode-se dizer que foi a fortuna que lhe favoreceu; que não havia oportunidade histórica para uma alternativa no centro ou na esquerda; citar as idas e vindas nas declarações públicas e as possibilidades concretas de fracasso. Mas, o fato é que, ainda assim, ele venceu. O patético e limitado para uns, foi o honesto e forte para outros.
É preciso aceitar a verità effettuale della cosa da qual falava Maquiavel. E ver nela mesma também possibilidades realistas de mudança.
Traçar cenários diante de tanta incerteza é muito difícil. Até um acontecimento inesperado pode mudar tudo. Mas, independentemente disso, caberá à esquerda construir políticas que apontem para rumos seguros em meio à tormenta. Reagrupar-se em torno de questões capazes de produzir amplos consensos. Gerar regularidades em meio ao diversionismo do novo governo.
Como já vimos acima, parte dos dirigentes está surpreendentemente convencida dessa necessidade e realisticamente atada à diversidade de interesses que atravessam os partidos. Não haverá unidade, mas pode haver união em torno de lutas concretas.
O tempo curto e agitado do dia a dia é a mais enganosa das durações, como escrevia o historiador Fernand Braudel. Vistas pelo historiador com distanciamento, as manifestações de pânico ou excitação da superfície dos acontecimentos são efêmeras e se desfazem na espuma dos dias. Ao político não é fácil diferenciar tendências permanentes e oscilações casuais. Mas, se estiver conectado à infraestrutura da sociedade civil, reconhecerá o trabalho silencioso da velha toupeira.
[1]
Goldstein, Ariel. Bolsonaro y la regresión democrática en Brasil. Buenos Aires, mimeo, 2018, p.57.
[2]
O pai, Arnon de Mello, tinha sido senador por Alagoas. O avô Lindolpho Collor foi Ministro do Trabalho do governo provisório resultante da Revolução de 1930, embora depois passasse à oposição a Getúlio Vargas.
[3]
Embora não seja desprezível a exposição gratuita que teve das redes de TV em função do atentado que sofreu. Além disso.
[4]
https://www.brasildefato.com.br/2018/11/13/abriu-se-a-porteira-da-absoluta-ingovernabilidade-no-brasil-diz-paulo-arantes/
[5]
http://www.pt.org.br/nota-do-pt-repudio-a-tutela-militar-sobre-a-democracia/
[6]
https://www.brasildefato.com.br/2018/11/13/abriu-se-a-porteira-da-absoluta-ingovernabilidade-no-brasil-diz-paulo-arantes
[7]
A expressão é de Celso Rocha Barros na Folha de S. Paulo, 22 de outubro de 2018.
[8]
https://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/um-conselho-para-bolsonaro-esqueca-geisel/
[9]
Entre 30 de setembro e 11 de outubro houve 70 ataques, entre agressões e ameaças físicas. Em 50 casos, as ações são atribuídas a apoiadores do candidato Jair Bolsonaro (PSL). Contra eles seis, e 15 indefinidas. Mas, este número não incluía as pichações racistas e de suásticas em escolas e universidades. https://exame.abril.com.br/brasil/os-impactos-da-polarizacao-politica-na-saude-mental-de-brasileiros/. Houve destruição de livros, cantos homofóbicos, ataques a pessoas com camisas do PT e do MST e a morte do mestre capoeirista baiano Moa do Katende. Vide  Folha de S. Paulo, 9/10/2018.
[10] O Globo, 13 de outubro de 2018.
[11]
A reação de Sergio Fausto contra um programa assim é representativa de um espectro da política brasileira que ainda “busca o juste milieu: seria preciso enterrar de vez o nacional desenvolvimentismo, sem dó nem piedade”. Valor Econômico, 12 de novembro de 2018. Note-se que ele falava acerca da reorganização de um “centro radical”, liberal, mas com preocupação social.
[12]
Os termos “tática” e estratégia”, de origem militar, penetraram o jargão da esquerda socialista através da leitura de Clausewitz. Depois, foram vulgarizados pelos partidos eleitorais de várias correntes. Para definições, vide: Clausewitz, C. Von. De la Guerre. Paris: Éditions de Minuit, 1955; Golbery. Conjuntura política Nacional. Rio de Janeiro, José Olympio, 1981, pp. 148-9.
[13]
https://blogs.operamundi.uol.com.br/brenoaltman/2017/08/18/frente-ampla-ou-frente-popular/
[14]
http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/584237-apos-alianca-eleitoral-pcdob-ja-articula-formacao-de-bloco-sem-o-pt-na-camara
[15] O Estado de S. Paulo, 19 de novembro de 2018.
[16] https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46087156
[17] https://valterpomar.blogspot.com, 7 de novembro de 2018.
[18] https://www.poder360.com.br/partidos-politicos/haddad-estuda-entrar-com-acao-contra-whatsapp-nos-estados-unidos/
[19] Folha de S. Paulo, 23 de outubro de 2018.
[20]
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/14/politica/1542228843_630245.html
[21] Folha de S. Paulo, 18 de novembro de 2018.
[22] Revista Piauí, n. 146, novembro de 2018.
[23] https://www.youtube.com/watch?v=nuizKIA6n9k
[24]
Entrevista a Juca Kfouri na TVT no dia 6 de novembro de 2018.
[25]
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/27/politica/1540648262_975469.html
[26] Zürcher, E.J. Turkey: a Modern History. London: Tauris, 2017, p.X.

Nasceu na cidade de São Paulo em 1969. Ingressou na Universidade de São Paulo em 1987, onde estudou Letras e História e fez toda a sua carreira acadêmica. É autor, dentre outros, de “A Batalha dos Livros” e “História do PT” (Editora Ateliê), obra com várias edições e traduzida na França. É professor livre docente de História Contemporânea na USP.

Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional

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