Rubens Barbosa: Conferência coloca a Amazônia no centro das agendas nacional e global
Encontro em Belém discutiu temas relevantes sobre o desenvolvimento na região da floresta. Para embaixador, ele marca um maior engajamento do setor de mineração no debate sobe a necessidade de preservação ambiental e a descarbonização
Encontro em Belém discutiu temas relevantes sobre o desenvolvimento na região da floresta. Para embaixador, ele marca um maior engajamento do setor de mineração no debate sobe a necessidade de preservação ambiental e a descarbonização
Por Rubens Barbosa*
Nesta semana, a Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, organizada pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), foi realizada em Belém do Para, junto com a Exposição da Indústria de Mineração.
A Conferência promovida pelo Ibram contou com 33 painéis e mais de 180 palestrantes nacionais e internacionais. Dentre as personalidades que apresentaram suas visões sobre a mineração, questões ambientais e climáticas e de geopolítica, estiveram presentes Tony Blair, ex-primeiro ministro do Reino Unido, Ivan Duque, ex-presidente da Colômbia, Ban Ki Moon, ex- secretário geral das Nações Unidas, o governador do Pará, Jader Barbalho Filho, a ex-ministra Isabel Teixeira, e o ex-governador Paulo Hartung.
Entre os temas relevantes para o setor de mineração e para a discussão de questões ambientais e sociais na Amazônia foram mencionados a nova relação com a natureza e com o mundo; povos indígenas; desafios nacionais e internacionais para o enfrentamento dos crimes ambientais na Amazônia; fronteira da inovação para as novas economias; o financiamento da mineração e das novas economias; segurança climática; circularidade, baixo carbono e uso eficiente de recursos naturais; a descarbonização da economia; cidades da Amazônia; transição industrial; a bioeconmia como indústria; inovação na cadeia da mineração; questões fundiárias e ordenamento territorial; minerais estratégicos e a Amazônia; a Amazônia e o fortalecimento da democracia no Brasil; integração sul americana; desafios da saúde pública, combate às desigualdades, segurança alimentar e erradicação da pobreza; e defesa e desenvolvimento da Amazônia.
O encontro apresentou aspectos positivos do setor de mineração em um momento em que as notícias e as discussões relacionadas com o setor de mineração são muito negativas em função dos ilícitos que ocorrem na Amazônia no tocante ao garimpo ilegal e sua associação com o narcogarimpo.
Algumas conclusões podem ser tiradas ao final de três dias de intensas discussões em cinco palcos que funcionavam em conjunto ao mesmo tempo, separados apenas pela tecnologia e por meio de fones de ouvidos, sintonizados em cada um dos painéis:
- A Conferência marca um maior engajamento do setor de mineração no debate sobe a necessidade de preservação da floresta e a descarbonização;
- as discussões foram densas e diversificadas sobre temas complexos e nem sempre consensuais;
- as discussões se mantiveram em um patamar alto, com debates em bom nível entre técnicos nacionais e do exterior;
- os debates sobre o lugar do Brasil no mundo, mostraram que o meio ambiente e a mudança do clima devem estar no centro da politica externa e na politica econômica.
A conferência ocorreu em um momento muito oportuno, coincidindo com o início da preparação das prioridade brasileiras para a presidência do G20, cuja Cúpula ocorrerá no Brasil em 2024, e da reunião da COP-30, que acontecerá em Belém em 2025.
O desenvolvimento social, a democracia, o lugar do Brasil no mundo, no atual momento, passam pela Amazônia. O futuro do mundo, em larga medida, está ligado ao futuro da Amazônia.
Com a Conferência Internacional, o Ibram deu importante contribuição para colocar com destaque a Amazônia na Agenda interna nacional.
*Rubens Barbosa foi embaixador do Brasil em Londres e em Washington, DC., é diplomata, presidente do Instituto Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e coordenador editorial da Interesse Nacional.
Presidente e fundador do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE). É presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da FIESP, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo), presidente do Centro de Defesa e Segurança Nacional (Cedesen) e fundador da Revista Interesse Nacional. Foi embaixador do Brasil em Londres (1994–99) e em Washington (1999–04). É autor de Dissenso de Washington (Agir), Panorama Visto de Londres (Aduaneiras), América Latina em Perspectiva (Aduaneiras) e O Brasil voltou? (Pioneira), entre outros.
Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional