iii-Brasil: Mídia estrangeira evidencia a condenação dos envolvidos na invasão de 8 de janeiro 

Semana marcada pelas notícias sobre o julgamento da invasão aos Três Poderes — seguida, novamente, da relação Brasil-China 

Por Daniel Buarque e Fabiana Mariutti*

iii-Brasil – 11 a 17 de setembro de 2023

Visibilidade: 75 reportagens em 7 veículos analisados

Classificação das notícias:

56% Neutras

19% Negativas

25% Positivas

Na segunda semana de setembro, textos de tom neutro (42) prevaleceram no relatório semanal do iii-Brasil, seguido de textos de tom positivo (19) e de negativos (14) sobre o país.

Positivamente para a imagem do Brasil no atual momento, a cobertura da condenação e prisão de três envolvidos na invasão aos Três Poderes em Brasília em 8 de janeiro são publicados no El País com dois textos, no Clarín também com dois textos, dois textos no The Guardian e um texto no Le Monde. Com tom negativo sobre o ex-presidente, há um texto no The Guardian em que relata a fala do juiz ao chamar do acontecido ser um ‘ataque golpista covarde’ à maior democracia da América Latina enquanto, também, descreve o processo do julgamento dos primeiros quatro apoiadores de Bolsonaro. Anteriormente ao atual relatório, as notícias pautadas na invasão dos bolsonaristas extremistas sinalizaram tom negativo, com incidência desfavorável à reputação internacional do país.

Relações diplomáticas, comerciais e turísticas envolvendo o Brasil e a China foram destaque na mídia do China Daily, também sobre parcerias educacionais. Uma reportagem aborda a união de oito universidades “tropicais” para a criação da Liga das Universidades Tropicais (LTU), uma organização pioneira em reunir os principais institutos de pesquisa e universidades de regiões tropicais e afins em toda a Ásia, África e América do Sul para promover o ensino superior e as políticas socioeconómicas, desenvolvimento nas regiões tropicais, onde vivem 40% da população mundial.

Iniciada pela Universidade de Hainan e pela Academia Chinesa de Ciências Agrícolas Tropicais (CATAS), os outros seis membros fundadores incluem a Universidade do Cairo, no Egito; a Universidade Chulalongkorn na Tailândia; a Instituto de Tecnologia de Bandung (ITB) na Indonésia, a Universidade de São Paulo, Brasil, a Universidade da Malásia e a Universidade Teknologi Petronas na Malásia. A LTU visa a sustentabilidade do mundo e a capacitação dos trópicos, através de uma transformação impulsionada pela ciência, fundamental para a aceleração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030. Ainda, os membros fundadores expressaram o seu compromisso comum de transformar a aliança numa potência de educação e inovação a nível mundial, contribuindo para a formação da comunidade das regiões tropicais.

Em outro texto sobre a plataforma educacional multilateral para a cooperação internacional, Luo Qingming, presidente da Universidade de Hainan, disse que o “estabelecimento da liga é de grande significado prático para enfrentar eficazmente os desafios enfrentados pelo desenvolvimento das regiões tropicais e até mesmo do mundo, especialmente questões comuns em áreas como segurança alimentar, alterações climáticas e serviços públicos de saúde”.

Outra notícia do China Daily reforça sobre a nova ordem global que evolui para um ponto de reviravolta em que os Brics expandidos representarão mais de 40 por cento da população mundial, 25 por cento do produto interno bruto global e um terço do crescimento econômico do planeta. Terá a maior potência industrial do mundo (China), juntamente com grandes nações produtoras de petróleo e gás (Rússia e os recém-convidados Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos). O Brasil, a Índia e a recém-chegada Argentina também são importantes produtores agrícolas, e muitos dos países membros possuem extensas reservas minerais. Outro texto sobre os Brics aborda as transformações geopolíticas em curso apesar de Washington e Bruxelas estarem relutantes em aceitar novos cenários econômicos emergentes e outro comenta sobre a expansão do bloco com a entrada de outros países recém integrados.

O encontro do G20 também é pauta editorial quanto à cooperação entre a China e a América Latina, que pretende aumentar ainda mais o nível de confiança política mútua e fortalecer a diplomacia bilateral e multilateral. A América Latina tornou-se o segundo maior destino do investimento estrangeiro chinês, sendo as infra-estruturas uma área chave de investimento. 

Negativamente para a imagem do Brasil, predominaram as notícias sobre a fuga e posterior captura de Danilo Cavalcante nos Estados Unidos: pelo El País, pelo The New York Times com quatro textos publicados, sobre a fuga, sobre a entrevista com a mãe dele, sobre o dia da captura e sobre os detalhes da “missão quase impossível” que o levou para prisão perpétua. 

Ainda, após um ano, o Público relembra o assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips, no então, desconhecido vale do Javari onde está “a maior concentração de povos não contatados do mundo” situada em 85 mil quilometros quadrados (uma área aproximada do tamanho de Portugal) circundada de “esperança, desencanto e violência no vale dos indígenas isolados”.

Retrospectiva 

Desde o início de abril de 2022, o iii-Brasil coletou e analisou em média 66 reportagens por semana com menções de destaque ao país nos sete veículos de imprensa analisados. 

Ao longo do levantamento, o iii-Brasil registrou em média 50% de reportagens de tom neutro, 30% de menções com tom negativo e 20% de textos positivos sobre o país. 

*Daniel Buarque é editor-executivo do Interesse Nacional, pesquisador do pós-doutorado do IRI-USP, doutor em relações internacionais pelo programa de PhD conjunto do King’s College London (KCL) e do IRI/USP. É jornalista, tem mestrado em Brazil in Global Perspective pelo KCL e é autor dos livros “Brazil, um país do presente” (Alameda) e “O Brazil É um País Sério?” (Pioneira).

Fabiana Mariutti atua como pesquisadora, professora universitária e consultora; obteve pós-doutorado, doutorado e mestrado em Administração e bacharel em Comunicação Social. Estuda a imagem, reputação e a marca Brasil desde 2010. Autora dos livros: “Country Reputation: The Case of Brazil in the United Kingdom: Four Stakeholders’ Perspectives on Brazil’s Brand Image” (2017) e “Country Brand Identity: Communication of the Brazil Brand in the United States of America” (2013).

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