Graduado em Filosofia na Universidade Nacional Autônoma do México, doutor pela Universidade de Paris I e pós-doutor na École Normale Supérieure de Fontenay-St.Cloud. É professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
O professor de filosofia Denis Lerrer Rosenfield defende em seu artigo que as credenciais democráticas do PT são duvidosas. Considera que contra Bolsonaro o partido soube defender a democracia, tendo tido uma postura responsável, mas tal comportamento não se repete, para ele, quando ditadores e autocratas são de esquerda. O articulista argumenta que cabe ao novo governo decidir se continuará caminhando no respeito às instituições democráticas, ou se essas serão apenas instrumentos de subversão da própria democracia, e destaca: “Espera-se que experiência bolsonarista tenha sido um poderoso antídoto, pois essa não pode se apresentar com uma nova roupagem”.
O professor Denis Lerrer Rosenfield analisa a visão que põe a Rússia como centro do mundo, e que, no momento, se espraia pelo universo eslavo por afinidade de valores, mesmo que separados por fronteiras territoriais. Isto significa que seus princípios, instituições, costumes e história teriam dimensão sagrada, traduzindo-se por uma validade absoluta, pois remontam a Deus conforme a crença ortodoxa. Por via de consequência, os interesses nacionais russos se sobreporiam a todos os demais, em particular aos do mundo eslavo em um primeiro momento, justificando qualquer invasão ou conquista territorial.
Ideias orientam ações que tanto podem conduzir ao bem coletivo, por mais variadas que sejam as suas significações, quanto podem conduzir à anomia social e, em casos mais graves, a crises institucionais. Decisões políticas estão baseadas em ideias, por mais variáveis que essas sejam. O quadro de ideias que tínhamos até esta última eleição era amplamente dominado pela esquerda, seja em sua vertente dita socialdemocrata, seja em sua vertente petista, que remonta à experiência comunista do século XX, de cunho revolucionário, embora o PT tenha oscilado em assumir explicitamente esta tradição.