Karina Stange Calandrin é colunista da Interesse Nacional, professora de relações internacionais no Ibmec-SP e na Uniso, pesquisadora de pós-doutorado do Instituto de Relações Internacionais da USP e doutora em relações internacionais pelo PPGRI San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP).
O balanço deste último ano mostra que, apesar dos esforços militares e de segurança, Israel enfrenta desafios complexos e crescentes no campo da opinião pública, da diplomacia e da estabilidade interna
É necessário um compromisso genuíno de todas as partes envolvidas para romper o ciclo de violência e construir um caminho para a paz sustentável
Situação em Israel e Gaza desafia a refletir sobre a humanidade e a empatia. É essencial questionar até que ponto permitimos que o ciclo de vingança e violência obscureça nossa capacidade de compaixão e justiça
Falha na “Muralha de Ferro” deve levar a uma abordagem mais matizada, que considere tanto a força quanto a diplomacia. Uma sociedade que aceita suas derrotas tem mais chances de corrigir seus erros e de alcançar futuras vitórias
Resposta do país à situação entre Israel e Palestina deve ser medida, cautelosa e estrategicamente pensada, mantendo a diplomacia ativa em vez de escolher o isolamento
Brasil busca reafirmar sua identidade histórica como mediador e promotor da paz, e reposicionamento está inserido em um movimento maior de suporte concreto à causa palestina e repúdio às ações israelenses
Mudanças geopolíticas na região exigem otimismo cauteloso, pois podem carregar o potencial para mudanças significativas positivas, mas dependerá da sinceridade e eficácia dos esforços diplomáticos e da capacidade dos líderes regionais de priorizar a paz de longo prazo em detrimento de ganhos táticos de curto prazo
O conflito não apenas reacendeu o debate sobre a questão palestina, mas também reconfigurou a paisagem geopolítica do Oriente Médio, testando alianças, expondo vulnerabilidades e desafiando as estratégias diplomáticas das grandes potências globais
Histórico da política externa lulista distante de qualquer sinal de antissemitismo contrasta com declarações que comparam atual ação em Gaza ao Holocausto. Para professora, mudança de postura do presidente reflete pressões políticas do PT e evidenciam a necessidade de uma linguagem cuidadosa e diplomática
Posição do governo de Israel sobre a guerra e acusações de genocídio é marcada pelo ‘groupthink’, que anula divergências e cria aparência de consenso. Para pesquisadora, a capacidade de reconhecer a complexidade da guerra pode pavimentar o caminho para uma paz mais duradoura
Guerra em Gaza ampliou o debate acerca do apoio à autodeterminação e à criação de um Estado soberano para o povo judeu. Para professora, ser de esquerda em Israel é como em qualquer lugar: implica apoiar direitos trabalhistas, igualdade étnica e de gênero, justiça social, estado de direito e participação política democrática para todos e também o apoio à existência de um Estado palestino coexistindo com Israel
Lula e o Itamaraty adotam postura ambígua e contraditória ao tratar de crises internacionais como as guerras na Ucrânia e em Gaza e a tensão na Guiana. Para professora, a busca por uma diplomacia mais alinhada com princípios éticos é vital para enfrentar os desafios globais e posicionar o Brasil como um agente construtivo na cena internacional
Conflito em Gaza é um desafio complexo e delicado, que não pode ser resolvido unicamente através de operações militares. Para professora, solução baseada no diálogo e na cooperação é o caminho a seguir para alcançar a paz e a estabilidade na região