13 outubro 2020

CENTRO DE DEFESA E SEGURANÇA NACIONAL 

O Centro de Defesa e Segurança Nacional (CEDESEN), foi criado em São Paulo com o estímulo do ministro Raul Jungmann. Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos, que se caracteriza pela independência e pluralidade, acima de interesses partidários, ideológicos ou setoriais. Buscará preencher um vazio de discussões na sociedade civil, sobre assuntos de extrema importância […]

O Centro de Defesa e Segurança Nacional (CEDESEN), foi criado em São Paulo com o estímulo do ministro Raul Jungmann. Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos, que se caracteriza pela independência e pluralidade, acima de interesses partidários, ideológicos ou setoriais.
Buscará preencher um vazio de discussões na sociedade civil, sobre assuntos de extrema importância na área de Defesa e que podem definir o posicionamento do Brasil no mundo. Somos uma das dez maiores economias globais, o quinto maior território e a sexta população mundial. E temos a terceira maior fronteira. Nosso país está destinado a ter um papel relevante no contexto das relações internacionais. Membro do BRICS, na área da defesa, se constitui na 2ª maior potência do hemisfério; tem a maior costa banhada pelo Atlântico Sul e dos três ecossistemas do subcontinente, à exceção do andino, está presente nos outros dois, o amazônico e o platino. Sendo um país-continental, torna-se obrigatório termos uma visão clara dos temas da Defesa e Segurança compatível com a necessidade de dispor de recursos de proteção e, se necessário, capacidade de dissuasão adequada com o seu presente e o seu futuro. Por razões históricas, sociais e econômicas inexiste compatibilidade entre a realidade do país e a sua Defesa e Segurança Nacional. Ao contrário de outros países, não há no Brasil uma cultura de Defesa por nos  situamos na mais pacífica das regiões, em termos de conflitos interestatais, sendo que o último conflito em que nos envolvemos dista 150 anos do presente, a Guerra do Paraguai. Socialmente, nossas prioridades prementes são a desigualdade, saúde, educação, segurança pública e emprego. E, economicamente, nossa situação fiscal precária nos impõe severas restrições à expansão de gastos, sobretudo com investimentos. Disso resulta um distanciamento entre as prioridades da política e aquelas da defesa e da segurança nacional. Falta às nossas elites sociais, econômicas e politicas uma maior sensibilidade para um debate, e um maior interesse e compreensão em relação ao tema.
Nesse sentido, deverá ser buscada uma interlocução com o Congresso Nacional. O Congresso Nacional recebeu do Executivo e deverá examinar os documentos sobre a Política Nacional de Defesa e a Estratégia Nacional de Defesa. Espera-se que, diferente do que ocorreu nos últimos quatro anos, haja um efetivo engajamento dos representantes da sociedade brasileira na discussão de como enfrentar as novas ameaças – não bélicas, mas cibernética e ambientais, por exemplo – que afetam a defesa e põem em risco os interresses nacionais. A politica de defesa deve ser definida pela visão apenas da política militar de defesa? O setor industrial de Defesa, complexo defesa e segurança pública, responde por 3,4% do nosso PIB. Considerando que o percentual da defesa, que é a principal responsável por produtos de alta e média-alta tecnologia é muito menor, da ordem de 0,5%, esse alheamento das nossas elites é disfuncional. Como em outros paises, a inovação na área de Defesa propriamente dita poderá ser  esteio e  impulsora de um projeto de desenvolvimento nacional e tecnológico autônomo, essencial para garantirmos nossa independência e soberania. Esses são alguns dos temas que deveriam ser discutidos com a sociedade civil, o Congresso e o governo.
Ao longo do tempo, o CEDESEN ajudará a corrigir a falta de uma cultura de defesa existente na sociedade brasileira e poderá contribuir para a construção de um diálogo estratégico entre civis e militares, sem preconceitos e com visão de futuro.
O CEDESEN tratará de temas relacionados com Defesa; Segurança Nacional e Regional; Base Industrial de Defesa; Política Nacional de Defesa e Estratégia Nacional de Defesa, entre outros. As dimensões da Defesa e Segurança Nacional estão contempladas em diversas áreas: cibernética, tecnologia, geoestratégica, energia, ambiente, política, entre tantas outras áreas fundamentais para sobrevivência e existência de uma nação e sua sociedade. O Centro terá como prioridade a elaboração de estudos e pesquisas em globalização, defesa e segurança nacional e regional; laboratório de tendências em inovação, tecnologia e mercados; publicação de trabalhos, pesquisas, estudos, textos, ensaios, monografias, além de reuniões e seminários sobre os temas e questões relativas aos objetivos e propósitos do Centro.
O CEDESEN, nesse semestre, realizará dois outros encontros virtuais sobre Relação entre Civis e Militares, em 28 de outubro, e Indústria de Defesa, em 25 de novembro. A agenda para o próximo ano está em elaboração e dentre suas prioridades, estarão os documentos sobre Política Nacional de Defesa e Estratégica Nacional de Defesa, as FFAA e a Amazônia, Política Nacional do Espaço, Desafios do entorno geográfico (América do Sul, Atlântico Sul, África, Antártida).
Na semana que passou, um encontro virtual marcou a abertura do Centro. Os ex-ministros Nelson Jobim, Raul Jungmann e Sergio Etchegoyen ressaltaram a crescente importância das questões de Defesa e Segurança para o Brasil e a necessidade de um maior engajamento do Congresso Nacional e da sociedade civil para a definição dos objetivos da politica de Defesa e os meios e caminhos estratégicos para alcançá-los.
Rubens Barbosa, presidente do Centro de Defesa e Segurança Nacional (CEDESEN)

Presidente e fundador do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE). É presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da FIESP, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo), presidente do Centro de Defesa e Segurança Nacional (Cedesen) e fundador da Revista Interesse Nacional. Foi embaixador do Brasil em Londres (1994–99) e em Washington (1999–04). É autor de Dissenso de Washington (Agir), Panorama Visto de Londres (Aduaneiras), América Latina em Perspectiva (Aduaneiras) e O Brasil voltou? (Pioneira), entre outros.

Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional

Cadastre-se para receber nossa Newsletter