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Interesse Nacional
10 junho 2022

Austrália e Brasil: parceria estratégica e eleições

Vitória do Partido Trabalhista, liderado por Anthony Albanese, reafirma compromisso com políticas ambientais e sociais robustas, e perspectivas de novos negócios com o Brasil são encorajadoras, especialmente os ligados à ciência e tecnologia, objeto de acordo que entrou em vigor em 2021

Vitória do Partido Trabalhista, liderado por Anthony Albanese, reafirma compromisso com políticas ambientais e sociais robustas, e perspectivas de novos negócios com o Brasil são encorajadoras, especialmente os ligados à ciência e tecnologia, objeto de acordo que entrou em vigor em 2021

O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese (Foto: Divulgação)

Por Sérgio E. Moreira Lima*

Brasil e Austrália são as duas maiores economias do Hemisfério Sul, com o 5º e o 6º mais extenso território. Destacam-se como grandes democracias liberais e parceiros estratégicos. Mais de 70 empresas australianas estão estabelecidas no Brasil, do setor de serviços financeiros ao de petróleo, gás, fármacos e logística. Têm crescido também os investimentos brasileiros na Austrália. Aviões da Embraer ajudam a integrar o imenso território australiano, e empresas brasileiras contribuem para o setor de alimentação, proteína animal, transportes urbanos, cosméticos, entre outros, gerando emprego e renda. As perspectivas de novos negócios, inclusive com start-ups, são encorajadoras, especialmente os ligados à ciência e tecnologia, objeto de acordo que entrou em vigor em 2021, e que deverá alavancar a cooperação em biotecnologia, energias alternativas, agricultura, saúde, mobilidade urbana, recursos hídricos, inclusive dessalinização, robótica e infraestrutura.

A então presidente Dilma Rousseff e a então primeira-ministra australiana Julia Gillard durante reunião que elevou as relações entre Brasil e Austrália ao nível de parceria estratégica (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Dada a dimensão das economias, o intercâmbio comercial tem condições de aumentar de forma significativa. Para tanto, é necessário estimular o conhecimento mútuo, negociar acordos que promovam investimentos, eliminem a bitributação e coloquem os produtos brasileiros em condições de competitividade com os de outros países, beneficiados por instrumentos de livre comércio. Brasil e Austrália possuem grandes biomas e sofrem com o impacto das mudanças climáticas. Interessa a ambos estreitar o diálogo entre os governos no plano multilateral, e a cooperação entre entidades de pesquisa e empresas no combate à seca, aos incêndios florestais, bem como às enchentes e na busca de soluções criativas para lidar com suas consequências. O Brasil responde pelo quarto maior fluxo de estudantes estrangeiros para a Austrália.

Por tudo isso, repercutem aqui as eleições gerais na Austrália em 20 de maio último, que deram a vitória ao Partido Trabalhista (Labour), liderado por Anthony Albanese. Ao assumir o governo australiano como primeiro-ministro, ele reafirmou seu compromisso com políticas ambientais e sociais robustas, especialmente em educação, saúde e proteção dos mais vulneráveis, bem como energia limpa, reducão das emissões de carbono e isenção de taxas para veículos elétricos. O impacto da pandemia do Covid-19, dos incêndios florestais e da recessão econômica levaram muitos eleitores a optar pela mudança, após uma década de predomínio dos conservadores, e pelo apoio às causas trabalhistas. Recorde-se que, sob o governo trabalhista de Julia Gillard, as relações com o Brasil foram elevadas, em 2012, à condição de “parceria estratégica”.


*Sérgio E. Moreira Lima é conselheiro do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE). Foi Embaixador do Brasil na Austrália  entre 2018 e 2021.


Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional

O portal Interesse Nacional é uma publicação que busca juntar o aprofundamento acadêmico com uma linguagem acessível mais próxima do jornalismo. Ele tem direção editorial do embaixador Rubens Barbosa e coordenação acadêmica do jornalista e pesquisador Daniel Buarque. Um dos focos da publicação é levantar discussões sobre as relações do Brasil com o resto do mundo e o posicionamento do país nas relações internacionais.

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