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Com novo embaixador, Brasil buscará dinamizar relações comerciais e aproveitar perspectivas de crescimento da economia saudita

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Diplomata desde 1980, Sérgio Eugênio de Risios Bath teve sua indicação aprovada pelo Senado para assumir a embaixada na Arábia Saudita, o principal parceiro comercial do Brasil no Oriente Médio e norte da África. Com foco no comércio bilateral, deve ser dada prioridade ao incremento das exportações brasileiras para o mercado saudita e à diversificação de pauta

Sérgio Eugênio de Risios Bath durante videoconferência com membros da Comissão de Relações Exteriores do Senado (Foto: Agência Senado)

Por Rubens Barbosa*

O diplomata Sérgio Eugênio de Risios Bath teve sua indicação aprovada pelo Senado para ser o embaixador do Brasil na Arábia Saudita (e, cumulativamente, na República do Iêmen).

Bath entrou na carreira diplomática em 1980 e já atuou na missão junto à então Comunidade Econômica Europeia (CEE), em Bruxelas, nas embaixadas em Bogotá e em Washington, e no consulado geral em Sydney. Ele também recebeu várias condecorações, como a Medalha do Mérito Santos Dummont, a Ordem do Rio Branco (Grande Oficial e Grã-Cruz), a Medalha de Honra da Inconfidência e a Medalha Presidente Juscelino Kubitschek.

Comércio e investimentos

No tocante ao comércio bilateral, será dada prioridade ao incremento das exportações brasileiras para o mercado saudita e à diversificação de pauta. Há considerável potencial para a dinamização das relações comerciais em razão das complementaridades produtivas entre os dois países e das perspectivas de crescimento da economia saudita nos próximos anos com o avanço do processo de reformas.

A Arábia Saudita é o principal parceiro comercial do Brasil no Oriente Médio e norte da África. O intercâmbio bilateral atingiu seu auge no período entre 2011 e 2013, quando superou a marca dos US$ 6 bilhões, e se manteve relativamente estável entre 2015 e 2019, na faixa de US$ 4,5 bilhões. Em 2020, sofreu uma contração de 20% e fechou o ano em US$ 3,4 bilhões, como resultado da pandemia e da consequente queda dos preços internacionais do petróleo (superávit favorável ao Brasil de US$ 359 milhões). Entre janeiro e outubro deste ano, o intercâmbio se recuperou e alcançou US$ 4 bilhões, o que sugere um retorno aos níveis anteriores à pandemia.

As exportações brasileiras são compostas principalmente de carne de frango congelada (36% do total exportado), produtos do complexo sucroalcooleiro (20%), carne bovina fresca e congelada (8,4%), cereais e complexo soja (6,7%). Mais recentemente, houve um gradual aumento da participação de manufaturados e semimanufaturados, sobretudo nos setores de defesa e industrial, que responderam por cerca de 20% das exportações.

O Brasil importa essencialmente produtos da indústria petroquímica, como óleos brutos de petróleo (62% do total, ou 1/3 IM), adubos e fertilizantes (20%) e polímeros de etileno (9%).

É importante ressaltar a posição central que o agronegócio ocupa nas relações comerciais entre os dois países. O fato de que o Brasil é relevante para a segurança alimentar da Arábia Saudita confere um importante componente estratégico para as relações bilaterais e ajuda a consolidar a posição brasileira como principal parceiro do país na América Latina.

As reformas econômicas e sociais em curso na Arábia Saudita, que integram o plano estratégico de desenvolvimento conhecido como Visão 2030, podem oferecer significativas oportunidades para o Brasil em termos de comércio, investimentos recíprocos e cooperação bilateral.

Lançado em 2016 pelo príncipe-herdeiro, o plano de reformas visa a reduzir a dependência do petróleo mediante a diversificação da matriz econômica, a modernização do marco regulatório do setor financeiro e a melhoria do ambiente de negócios no país. Prevê ainda uma série de programas setoriais em áreas como atração de investimentos, segurança alimentar e hídrica, reforma do setor público, saúde, educação, infraestrutura, tecnologia digital, turismo e geração de empregos. O príncipe-herdeiro também tem defendido uma interpretação mais moderada do islã e promovido expressivas reformas sociais e culturais no país. Com essas iniciativas, a Arábia Saudita procura se projetar no exterior como uma sociedade mais moderna, liberal e secular.

O avanço do processo de reformas e de diversificação do setor produtivo da economia saudita vem gerando um aumento da demanda por produtos e serviços importados, assim como por investimentos estrangeiros diretos. De modo a assegurar novos nichos de mercado para produtos e serviços brasileiros, será preciso intensificar as atividades de promoção comercial, em especial a prospecção, identificação e divulgação de novos negócios. Para tanto, a embaixada reforçará a produção de inteligência comercial e a interlocução com exportadores, importadores, entidades setoriais e câmaras de comércio brasileiras e sauditas.

Da mesma forma, trabalhará pela diversificação da pauta de exportações brasileiras, que ainda é muito concentrada em poucos produtos agropecuários. É possível, por exemplo, ampliar a participação de outros setores onde já estamos habilitados a exportar e que apresentam expressivo potencial de expansão, como é o caso de frutas, castanhas, derivados de ovos, mel, grãos e pescados.

Outro desafio é aumentar a participação de manufaturados e de produtos de maior valor agregado. Além de apoiar a participação do Brasil em feiras e exposições, a embaixada deverá realizar, em coordenação com a Apex-Brasil, estudos sobre mercados específicos como, por exemplo, têxteis e confecções, calçados, móveis e equipamentos médico-hospitalares. Outros segmentos com potencial de crescimento são fármacos, bebidas não alcoólicas, rochas ornamentais, revestimentos cerâmicos, produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos.

As grandes obras de infraestrutura em andamento na Arábia Saudita também podem oferecer interessantes oportunidades para construtoras e exportadores brasileiros de materiais de construção. Entre os projetos mais importantes estão a construção da zona econômica especial Rei Abdullah, na costa do Mar Vermelho, a expansão da malha ferroviária e do serviço de metrô em Riade, Jedá, Meca e Medina e a ampliação de usinas de dessalinização de água e de tratamento de esgoto.


*Rubens Barbosa foi embaixador do Brasil em Londres, é diplomata, presidente do Instituto Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e coordenador editorial da Interesse Nacional.


Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional.

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