Em artigo publicado na edição mais recente da revista Interesse Nacional, o ex-ministro da Defesa diz que a memória de 1964 não é uma boa referência para tratar do risco à democracia e que é preciso discutir como deve ser a presença de militares na política brasileira

Questionado com frequência sobre a segurança da democracia brasileira, o ex-deputado federal, ex-ministro da Reforma Agrária e da Defesa e Segurança Pública Raul Jungmann é enfático: “Não, não vai ter golpe”, diz, em artigo publicado neste mês na edição 58 da revista Interesse Nacional.
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Para ele, não faz sentido usar o exemplo do golpe de 1964 para falar sobre riscos à democracia nos dias de hoje, pois o contexto é outro. Naquele momento, o país vivia o caos, e por isso a mídia, o empresariado, a classe média, as igrejas, partidos e os Estados Unidos eram favoráveis à intervenção militar.
“Nada disso se passa agora, já que nem a mídia, o empresariado, as classes médias, igrejas ou partidos propõem, defendem ou promovem uma intervenção militar ou golpe. E as instituições não estão mais frágeis como à época – antes, estão sólidas”, diz.
No texto, Jungmann aponta questões relevantes, que requerem diálogo e empenho do Congresso e sociedade civil. Ele defende uma discussão sobre como deve ser a presença de militares no governo, a participação de militares no TSE e a despolitização das polícias.
“Não vejo possibilidade de uma ‘intervenção militar’, como antecipam tantos ‘analistas’ da mídia. Inexistem condições externas para tanto, idem motivações, processos ou planos internos das Forças. Vença quem vencer a disputa presidencial, os militares terão o futuro presidente como o seu Comandante em Chefe, como manda a Constituição.”