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Interesse Nacional
01 abril 2008

Internacionalização do Ensino Superior – Invasão de Farmacêuticas ou de Marcianos?

O tema da mundialização é recorrente na imprensa atual. Desperta paixões, iras e até mesmo tédio, pela repetição das mesmas idéias. Há boas razões para crer que vivemos uma onda de globalização, gostemos ou não. Não é a primeira e, provavelmente, não será a última.

A indústria farmacêutica brasileira foi quase totalmente desnacionalizada, tornando-se um apêndice dos grandes laboratórios internacionais. Se antes havia muitas empresas puramente brasileiras, pouquíssimas sobraram depois da invasão. Hoje – afora as públicas – o mercado é totalmente dominado pelas grandes multinacionais da farmácia.
Em 1938, Orson Welles dirigia um programa de rádio. Inspirado pelo livro de H. G. Wells, A Guerra dos Mundos, armou uma brincadeira. Seu programa foi conduzido como se uma invasão de marcianos estivesse ocorrendo em Nova Iorque. As notícias tinham o tom dos noticiários de guerra, ressoando no imaginário popular. Os moradores da cidade se assustaram. Muitos fugiram em pânico, criando grandes congestionamentos de trânsito. Até que a farsa fosse plenamente revelada, foi um tremendo susto.

A imprensa nacional anuncia com certa preocupação a entrada de universidades estrangeiras no Brasil. O MEC reage, propondo leis restritivas à desnacionalização do ensino superior, como existem para hospitais e para a imprensa. O que está por acontecer? Algo parecido com o que ocorreu na indústria farmacêutica? Ou é outra invasão de marcianos, ao estilo de Orson Welles?

Há temores difusos. Estaríamos sendo sub-repticiamente invadidos pela matriz cultural de outras sociedades? Perderíamos nossa autonomia para gerir nossa educação superior? Ou tudo não passaria de uma questão mercadológica, as empresas estrangeiras possuindo vantagens competitivas sobre o capitalismo caboclo e o emperrado setor público? Ou ainda, seria mais uma Batalha de Itararé?

O presente artigo explora o tema, tentando entender o que está acontecendo a partir do que se sabe. Antecipando as conclusões finais, parece que a ameaça está mais para marciano do que para farmacêutica. Ainda assim, o tema da internacionalização não é um assunto de somenos importância, pois talvez o excessivo isolamento do país seja o problema mais grave.

O que pode significar “internacionalização”?

Como costuma acontecer, mesmo na imprensa de primeira linha, algumas palavras podem adquirir um sentido meio mágico, meio maldito. “Internacionalização” é uma delas. Quer dizer o quê? Sem explorar os significados possíveis, não avançaremos muito. Na verdade, é importante reconhecer que pode querer dizer muitas coisas diferentes, algumas bem-vindas, outras não. Na presente seção, apresentamos alguns significados possíveis, sem discutir se são plausíveis – o que será feito mais adiante.

Universidades estrangeiras comprando ou criando unidades no Brasil

O noticiário da imprensa – e sua reverberação no mundo universitário – traz denúncias de um iminente take-over das universidades e faculdades brasileiras por contrapartes estrangeiras. Nos cenários catastróficos desenhados, em pouco tempo não haverá ensino legitimamente brasileiro e, quem sabe, ideologias alienígenas serão sub-repticiamente implantadas?

Grupos financeiros internacionais investindo no ensino?
Nesse segundo cenário, investidores estrangeiros verão com olho gordo o mercado universitário brasileiro e decidirão investir aqui, abrindo escolas ou comprando outras já existentes. Da mesma forma que compram telefônicas ou fábricas de sorvete, sairão à busca de bons negócios no ensino. Instituições brasileiras com donos fora do Brasil

Outro cenário plausível é que os próprios brasileiros ofereçam ações de suas instituições de ensino nos mercados financeiros internacionais. De fato, universidades e faculdades com mais dinamismo já abriram seu capital, para acelerar crescimento. Como há amplos recursos disponíveis no exterior, oferecidos a juros baixos nos grandes centros financeiros, instituições de ensino brasileiras estão tentando lançar seus papéis no exterior.

Cursos de Business abrindo filiais ou licenciando seu nome no Brasil

Basta dirigir em uma grande capital para ver nos outdoors os anúncios de cursos de business associados a universidades estrangeiras, alguns de primeira linha. Muitos MBAs dão a impressão de serem importações dos Estados Unidos.

Alunos brasileiros fazendo cursos à distância em programas estrangeiros

Com a disseminação da internet, é possível e até fácil matricular-se em um curso da Open University inglesa. Ou em algum dos milhares de cursos à distância oferecidos por universidades dos Estados Unidos. Instituições menos famosas, em geral, em países de língua espanhola, fizeram convênios com contrapartidas brasileiras, ainda menos famosas.

Instituições brasileiras comprando ou abrindo unidades no exterior Internacionalização vale também na outra direção. Nos últimos anos, as empresas brasileiras começaram a sair do país e operar pelo mundo afora – e até com sucesso. Por que isso não aconteceria também no ensino superior?

Observadores do nosso ensino superior privado registram avanços significativos em várias direções. Por exemplo, há a profissionalização da gestão, o desenvolvimento de técnicas administrativas e de controle informatizado dos processos. Há avanços no marketing educativo e em algumas outras competências. Em casos menos freqüentes, há um início de estruturação do ensino e de preparação de materiais escritos sob medida, bem como uma crescente preocupação com a sala de aula.

Diante de uma situação de maior atraso em vários países da América Latina e nos países africanos de língua portuguesa, é só questão de tempo para que alguma instituição se aventure para fora de nossas fronteiras. Ou, então, que vá para os países em que há um número expressivo de emigrantes brasileiros. Mas isso ainda está por acontecer.

Quem seriam os “invasores” internacionais?

Antes de construir teorias conspiratórias ou alarmistas, é instrutivo examinar o panorama do ensino superior em países que poderiam ter algum interesse em investir no Brasil. Façamos uma volta ao mundo, à vol d’oiseau.

Comecemos pela Europa que, por muitos anos, foi nossa matriz intelectual. O que encontramos lá é um quadro muito homogêneo, onde há uma predominância absoluta de universidades públicas. De fato, países como a França praticamente não têm universidades privadas. As poucas que existem são as católicas, com uma presença muito restrita e dando poucas mostras de dinamismo. Na Bélgica há também católicas. Na Alemanha, praticamente nada. Ainda menos nos países escandinavos.

A Inglaterra é o único país em que poderíamos encontrar alguma coisa. Mas instituições privadas com ânimo de lucro e dinamismo não parecem encontrar solo fértil em parte alguma do Velho Continente. Não vemos lá instituições privadas e voltadas para o lucro que pudessem ter interesse em expandir suas operações para fora do país. Repare-se que Inglaterra e França não exportaram suas universidades para as colônias e ex-colônias, com as quais, por longos anos, mantiveram relações muito próximas.

Na Austrália, há algumas universidades com o ânimo de expandir-se para fora do país. De fato, alguns observadores consideram ser esse país o mais agressivo em sua intenção de investir em outros mercados. O exemplo mais rematado é a Monash, que até já abriu filiais em Londres. Mas, para elas, o mercado mais apetitoso são os países asiáticos. São dinâmicos, mais próximos e neles o inglês é uma língua de trabalho. Não parece razoável que se interessem por um país distante como o Brasil, desconhecido e dominado por legislação complexa e frondosa.

Restam os Estados Unidos, onde começam a aparecer universidades com fins de lucro. Nos últimos anos, tiveram um crescimento espetacular. Se uma invasão ao Brasil está em gestação, terá que vir dos Estados Unidos, pela quase completa ausência de instituições com vocação internacional em outras regiões.

Portanto, vale a pena examinar melhor o cenário americano. As universidades públicas são todas estaduais (à exceção das três federais, operadas pelas forças armadas). Sua dependência administrativa e financeira aos estados significa que cruzar as fronteiras pode não ser tão simples. A Universidade de Maryland fez algumas excursões fora, mas foi para atender às tropas americanas estacionadas em outros países. O presidente da New York University exigiu uma doação de cinqüenta milhões de dólares do governo do emirado árabe de Abu Dabi, antes de considerar seriamente a proposta de abrir lá algum tipo de campus. Michigan State University e o Rochester Institute of Technology também estão criando programas nos países do Golfo. A Georgia Tech considera a possibilidade de abrir um campus na Índia, mas não aceitaria imposições locais sobre currículos e estilos de funcionamento. Com certa cautela, podemos afirmar que as universidades de primeira linha não aceitariam restrições sérias ao funcionamento de campi fora do país, se isso implicar mudança dos modelos usados na sua sede. De fato, as entidades que credenciam o ensino superior americano não aceitam que o ensino seja oferecido em outras línguas que não o inglês.

Os exemplos acima são sugestivos de uma onda de expansão, mas devem ser matizados pela enorme variedade de legislação entre estados americanos. Independentemente de poder abrir ou não no exterior, o fato observado é que há mesmo sérias limitações para a expansão para outros estados do próprio país. Há até mesmo barreiras, impedindo que – dentro de seus próprios campi – financiem atividades que não beneficiam diretamente o próprio estado.

Um terço do total das matrículas é de responsabilidade do tipo de universidades privadas que no Brasil chamaríamos de “comunitárias”. De resto, entre elas estão as mais famosas, como Yale, Harvard, Princeton, Chicago e várias outras. Foram fundadas por grupos locais de natureza filantrópica ou religiosa. É difícil dizer se haveria impedimentos legais ou administrativos para que operem campi fora do país. Mas o fato é que, se o fazem, é de forma muito restrita. Nem sequer operam em outros estados. O que se observa aqui e ali é a oferta de cursos curtos, em geral, de pós-graduação.

Observou-se um arranjo recente de instituições da Índia com universidades americanas. Diante das dificuldades legais para abrir universidades na Índia, grupos menores criam as chamadas “academias”, que são cursos superiores oficiais. Tais academias recrutam e preparam seus alunos por dois anos, adequando seus currículos às exigências usuais dos Estados Unidos. Em seguida, os alunos são aceitos em universidades americanas com as quais têm convênios, cursam os dois anos restantes e ganham um diploma americano. Lucram as indianas, por conseguirem operar sem credenciamento. Porém há um controle de qualidade implícito na necessidade de que seus alunos obtenham nos Estados Unidos resultados satisfatórios. As americanas lucram por receberem mais estudantes (num momento em que há excesso de capacidade no sistema universitário). Há um bom número de arranjos desse tipo, inclusive com instituições prestigiosas americanas.

Resta mencionar, portanto, as universidades americanas com objetivo de lucro. Hoje, a matrícula em tais instituições já está por volta de 7% do total. Se considerarmos que são da ordem de quinze milhões os alunos em programas pós-secundários, estamos falando, no máximo, de um milhão de alunos.
O primeiro aspecto a ser notado é a concentração das instituições com objetivo de lucro nos cursos técnicos de curta duração. A principal razão para isso é a existência de bolsas e subsídios federais para os alunos de tais cursos. Grande parte delas é de pequeno porte, atendendo a clientelas locais. Aliás, tais cursos são um foco constante de denúncias de mau uso de recursos federais. Várias já foram fechadas.

As instituições grandes são a exceção. Devry (de Chicago) seria uma delas. As outras grandes universidades com fins de lucro são bem conhecidas. Duas se destacam nesse cenário. Uma é a Laureate, pertencente a uma empresa que se especializou inicialmente em aulas particulares para alunos pobres (financiadas por fundos federais). A outra é a University of Phoenix, de crescimento meteórico nos Estados Unidos, já se aproximando de duzentos mil alunos. Recentemente, foi alvo de críticas de jornais prestigiosos (no caso, o New York Times), por se haver descuidado da qualidade.

Portanto, quando pensamos no universo das grandes instituições com fins de lucro que teriam alguma propensão para migrar para o Brasil, a oferta é muito limitada. São três ou quatro, no máximo.

Obviamente, grupos financeiros podem interessar-se pelo mercado brasileiro, sem ter uma experiência prévia em educação. Mas não se vislumbram no horizonte situações desse tipo. Afinal, trata-se de um mercado novo, pois instituições educativas com fins de lucro são ainda muito raras. Possivelmente, o Brasil é um dos países que mais as têm. Investidores de outras áreas não se mostraram propensos a entrar num mercado tão desconhecido.

Modalidades de Internacionalização

Feita a primeira aproximação do problema, vejamos o que está ocorrendo concretamente em cada uma das principais modalidades de internacionalização mencionadas na parte inicial deste artigo.

A entrada de universidades estrangeiras no Brasil

Nos últimos anos, ao aportarem no Brasil, as universidades americanas com objetivo de lucro vão encontrar um mercado onde tal estilo de funcionamento já é mais do que conhecido. Não é novidade. Aliás, com uma proporção de 48% do ensino superior privado em mão de instituições com objetivo de lucro (e 43% de todas as instituições), o Brasil avançou muito mais do que os Estados Unidos, onde a proporção ainda é de 7%.

De fato, nesse particular, nosso ensino privado está à frente das novas tendências. Duas instituições importantes, Anhangüera e IBMEC, têm ou tiveram por trás bancos de investimento. Isso ainda não ocorreu em outros países.

A partir da virada do milênio, as duas grandes universidades americanas com fim de lucro (Phoenix e Laureate) começaram a procurar instituições brasileiras com as quais se pudessem associar. Como bem sabem aqueles familiarizados com a situação contábil e financeira do ensino superior privado, há uma grande diferença entre o número de instituições dispostas a uma associação ou venda e o número delas que tem uma situação contábil suficientemente clara e correta.

Estima-se que há da ordem de seiscentas instituições privadas que poderão ser oferecidas para venda ou que não têm condições financeiras de solvência. Contudo, poucas delas se sairiam bem num processo de perícia contábil (due diligence) feito por uma auditoria internacional. De fato, além dos problemas de dívidas fiscais e outras, há ou houve a prática de “caixa dois” e outros procedimentos menos ortodoxos para mascarar a distribuição de lucros. Sendo assim, as buscas têm-se afunilado e relativamente poucas se revelaram prontas para receber sócios ou serem vendidas.

A primeira transação desse tipo foi com o grupo Pitágoras (onde o autor do presente artigo trabalha). Depois de mais de três décadas no ensino fundamental, houve uma decisão, ao fim dos anos 1990, de entrar no ensino superior. Ao mesmo tempo, buscou-se um aporte de capitais externos, para permitir um crescimento mais rápido. Apollo International, o braço externo do grupo holding da University of Phoenix, entrou com 50% do capital para a criação da Faculdade Pitágoras, inicialmente, com um campus em Belo Horizonte e outro em Ipatinga.

Por coincidência, o projeto da Faculdade Pitágoras permitiu encaixar como uma luva muitas das inovações da sala de aula desenvolvidas por Phoenix, caracterizadas por um foco muito prático, traduzido no lema “você usa amanhã o que aprende hoje”. Por outro lado, no que tange ao currículo, o do Pitágoras foi claramente influenciado pelo ensino americano, mas rigorosamente nada pela filosofia de Phoenix. Isto é, inspirou-se na tradição americana de incluir quase dois anos de formação científica e humanista (em contraponto com os currículos profissionalizantes de origem francesa que o Brasil vinha adotando por muito tempo). Por haver participado desse processo desde o planejamento, não sou um observador neutro. Mas julgo oportuno fazer esse comentário, por pertencer à essência do que está em discussão no presente ensaio. Resumindo, o Pitágoras adaptou algumas práticas de sala de aula, mas renegou a orientação imediatista de Phoenix, desenvolvida para lidar com outro perfil de alunos.

Durante quatro anos, a sociedade se manteve, beneficiando-se da experiência e das idéias trazidas dos Estados Unidos. Contudo, a Apollo resolveu desfazer a sociedade com o Pitágoras, pois precisava de uma operação muito maior do que seria possível numa faculdade que começava do zero. Desde o princípio, o grande objetivo da Apollo International seria um IPO (abertura de capital) na NASDAQ. Para isso, necessitaria de um volume muito substancial de alunos, para que a operação fosse aprovada pelo mercado financeiro. Pelos seus planos, as operações na Índia, Alemanha e Holanda, mais as futuras operações na China e no México garantiriam esse número. Por razões que não cabe especular aqui, nenhuma dessas iniciativas prosperou.

Ficando apenas no Brasil, a Apollo decidiu vender ao próprio Pitágoras a sua parte e comprar uma universidade de grande porte. Depois de negociar por longo tempo com a Estácio de Sá, a compra não se materializou. Circulam notícias na imprensa de um entendimento com a Unip, mas ainda não há fatos concretos. Portanto, para todos os efeitos, a Apollo internacional está fora do Brasil.

O caso da Laureate é bastante diferente e reflete a filosofia da instituição. Interessante notar que nos Estados Unidos suas operações não são no ensino superior. Os dois jovens executivos da Laureate não são da área de educação e não pretendem conhecê-la. São investidores que conhecem educação apenas como negócio. Assim sendo, escolhem com muito cuidado e só compram instituições sólidas, lucrativas e bem administradas.

Com base no que se observou na Espanha e no Chile, onde compraram universidades, mantêm a mesma administração anterior e não interferem na condução dos negócios e do ensino. O único que fazem é criar mecanismos eficazes de acompanhamento econômico e financeiro. Em outras palavras, compram times vencedores e acreditam que em time vencedor não se mexe (além disso, não saberiam mexer). O caso mais recente da Anhembi-Morumbi, comprada pela Laureate, parece confirmar esse estilo administrativo.

A Whitney International University System é uma universidade de porte menor, operando apenas fora dos Estados Unidos. Recentemente, comprou a Faculdade Jorge Amado, na Bahia.

Fala-se na entrada do Devry Institute of Technology, uma instituição que oferece cursos técnicos de alta qualidade nos Estados Unidos. Também se ouve falar de grupos americanos menores, interessados em compra ou associação com algumas faculdades e universidades brasileiras. Mas ainda é cedo para fazer prognósticos. Fica aqui apenas a nota de que as duas maiores universidades com fins de lucro já estão ou já estiveram no Brasil. Com a saída da Apollo e a compra de parte do capital da Anhembi-Morumbi pela Laureate e mais a participação da Whitney, é da ordem de 52 mil o total de alunos estudando em instituições em que, pelo menos, parte do capital é estrangeiro. Diante de pouco menos de cinco milhões de alunos em cursos superiores, estamos falando de 1% da matrícula, uma gota d’água.

A discussão sobre a invasão das universidades norte-americanas faz parte de um debate maior que poderia ser posta nos seguintes termos: se a globalização produz o “carro mundial”, haverá uma “educação mundial”?

Em “Looking for a flat world university?”, publicado no The Chronicle of Higher Education, de 6 de fevereiro de 2008, o educador americano Bob Zemsky pergunta se num “mundo plano”, onde proliferam os carros mundiais, a educação não passaria também a ser um produto desenhado e produzido em linhas de montagem, igual em todos os países?

A pergunta é legítima. Contudo, isso não está acontecendo de forma significativa no ensino americano. Isso porque o sistema de ensino superior americano cresceu lentamente, ao longo de quase quatro séculos. Com a transição demográfica, há vagas ociosas por todos os lados, exceto nas pouquíssimas universidades de elite. Como há condições de oferecer um ensino artesanal e ministrado por um estoque gigantesco de mestres e doutores, as pressões de mercado para gerar um produto “industrial” são muito reduzidas. Ademais, as reduções de custo de tal modelo são limitadas (de fato, o modelo de Phoenix traz reduções de custo bastante modestas). É totalmente diferente da indústria automobilística em que somente após a implantação das linhas de montagem por Henry Ford tornou-se possível a popularização dos automóveis.

Como a única matriz de exportação de ensino superior para o Brasil estaria nos Estados Unidos, não parece razoável que possa exportar um produto que o próprio país não desenvolveu e utilizou de forma significativa. Ou seja, se vai desenvolver-se no Brasil um ensino mais padronizado, não há bons modelos para tal em outros países. Teria que ser uma construção cabocla.

Abertura de capital em grupos brasileiros

Em contraste com a modéstia das operações de universidades estrangeiras no Brasil, uma nova tendência toma corpo de forma muito rápida. Trata-se da abertura de capital de instituições de ensino inteiramente brasileiras. Algumas das mais agressivas abriram o seu capital recentemente. Com os recursos obtidos, têm planos ambiciosos de expansão.

A primeira delas foi a Anhangüera, tendo como forte acionista o Banco Pátria. Veio em seguida o Pitágoras e depois a Estácio de Sá. O COC está em processo de abertura.

Os lançamentos se deram através da Bovespa, mas os títulos foram comercializados tanto no Brasil como nas praças financeiras americanas e européias. Note-se que o capital votante em mãos de investidores estrangeiros é muito reduzido. Portanto, são nulos os riscos de um take-over externo.

Não obstante, a abertura de capital reduz em muito a área de manobra do grupo executivo. Ao colocar à venda os papéis, é também oferecido um plano de expansão com metas muito detalhadas. Sabidamente, os bancos acompanham muito de perto o cumprimento das metas. Mas, para a tranqüilidade dos mais conspiratórios, não há qualquer indício de que os bancos tenham algum interesse nos processos de ensino ou na filosofia da instituição.

Há claramente um cenário de concentração em um setor que se vinha mantendo bastante fragmentado até o momento, com uma grande predominância de instituições com menos de mil alunos. Tal mudança é exatamente o que sempre se observou em outros setores da economia.

Salvo um revés na economia mundial, ainda há várias instituições brasileiras mais dinâmicas que poderiam pensar em também abrir capital. No momento, as instituições de capital aberto matriculam cerca de 260 mil alunos. Digamos que, com o seu crescimento e com o aparecimento de quatro ou cinco processos de abertura, esse número possa dobrar ou triplicar. Seriam da ordem de um milhão de alunos ao final da década. É 16% da matrícula total. Ou seja, a concentração, cujas tendências já se observam, está longe daquilo que já ocorreu em outras indústrias – como a farmacêutica e a informática.

Acordos de cooperação com universidades estrangeiras

Devemos lembrar-nos de que, pela via de cooperações internacionais, o Brasil teve profundas e positivas contribuições para o seu ensino superior. A primeira e talvez a mais importante foi com universidades francesas, italianas e alemãs, na época da criação e consolidação da USP.

Na década de 1940, houve um memorável acordo da Aeronáutica com o Departamento de Engenharia Aeronáutica do MIT, levando à criação do ITA. Sem tal cooperação técnica, não haveria nenhum cenário plausível para uma indústria aeronáutica e aeroespacial no país.

Em suma, algumas matrizes intelectuais européias e norte-americanas chegaram ao Brasil por via de acordos de cooperação entre nossas universidades e contrapartidas desses países. A partir dos anos 1960, o envio de brasileiros para estudar no exterior, em grande medida, substituiu a vinda de professores estrangeiros, dando uma incalculável contribuição para o desenvolvimento da pós-graduação e da ciência brasileira.

Contudo, há um grande contraste entre esse quadro e os cenários das universidades estrangeiras com fins de lucro que já chegaram ao Brasil. Na verdade, quase nada trouxeram para o cenário educativo que seja digno de nota. Citaríamos apenas algumas inovações em sala de aula, trazidas pela Apollo – que já se retirou. Se vier a Devry, podemos esperar cursos votados para ocupações técnicas muito práticos e próximos do mercado.

No todo, em grande medida, o dinheiro vem de mãos abanando, sem trazer novidades ou ingerências. No campo do ensino, não trazem nada de ruim, pela mesma razão que não trazem nada de bom.

Porém, como estamos falando de um setor onde predominam iniciativas privadas, as universidades estrangeiras podem trazer novos padrões de eficiência administrativa e financeira, forçando às congêneres caboclas a melhorar seu desempenho. Foi isso que ocorreu com os supermercados brasileiros, diante da ameaça do Carrefour.

Resta lembrar um caso mais específico, que são os cursos de business, onde há um ir-e-vir internacional muito ativo. Contudo, não envolve transferência, criação ou compra de universidades. E na verdade, do ponto de vista financeiro, são operações em que instituições brasileiras compram serviços das americanas.

Há vários casos de escolas de negócios licenciando a griffe de escolas americanas. Por exemplo, a Fundação Getúlio Vargas exibe no seu marketing o brasão de armas da Ohio University. Por muito tempo, teve um convênio com a University of Michigan.

O IBMEC tem um acordo bastante interessante com a Harvard Business School. Nele, professores de lá ajudam a melhorar as práticas de sala de aula.

Seria leviano oferecer uma apreciação equilibrada e definitiva do que trazem tais convênios. Mas, vendo de fora, parece que envolvem o prestígio do nome de uma universidade séria de Primeiro Mundo. Envolvem também a vinda de seus professores, para cursos de diferentes durações, bem como para conferências magnas. Imagina-se que a estrutura dos cursos e as ementas das disciplinas possam também ser parcialmente adotadas. Há também algum tipo de assistência técnica e oportunidade de estágios e intercâmbios para os professores brasileiros.

Esse é um caso clássico de importação de padrões culturais americanos. Mas se queremos desenvolver um estilo local de gestão de empresas, isso só pode ser feito com um sólido conhecimento e familiaridade com as práticas mais consagradas e respeitadas no mundo – e que estão nos Estados Unidos (e em instituições com forte orientação americana, como o INSEAD, em Fontainebleau). Ademais, se tais estilos não vierem pela via das instituições de pós-graduação, virão com muito menos crítica e criatividade através das empresas. Há longas e justificadas discussões sobre as diferentes culturas organizacionais e a adequação de estilos de gestão a elas. Mas não é limitando o intercâmbio intelectual que avançaremos na nossa busca de modelos mais ajustados à nossa realidade.

O ensino à distância

A partir da criação da Open University britânica, passa a ser possível para qualquer pessoa em qualquer nação freqüentar cursos oferecidos em países estrangeiros. A disseminação de cursos no formato de E-Learning facilita em muito o acesso e a freqüência a tais cursos.

Na prática, a freqüência de alunos brasileiros a cursos desse tipo tem-se mantido em níveis muito modestos, poderíamos mesmo dizer mínimos, diante do potencial oferecido. Uma das causas mais óbvias é o limitado domínio do inglês por parte de potenciais alunos brasileiros. E também o pesadelo do reconhecimento dos diplomas obtidos. Mesmo a iniciativa mais recente do IBMEC – um acordo com a Cardian University – não obteve a receptividade esperada. E isso apesar de muitos professores famosos, inclusive prêmios Nobel, prepararem os cursos.

O MIT transformou em domínio público mais de duas mil disciplinas que oferecia a distância apenas a seus próprios alunos. Por tudo que se sabe, o máximo que acontece são alguns poucos professores que vão consultar os materiais em busca de idéias para suas aulas. Na verdade, materiais de ensino à distância estão muito mais próximos do que oferece uma biblioteca do que do estilo de uma escola. Educação apenas pela compra de livros e vídeos só funciona para pessoas muito diferentes da média.

Por outro lado, a enorme pressão do MEC para que os docentes universitários tenham mestrados e doutorados levou à criação de uma onda de acordos para cursos de pós-graduação em convênios com universidades estrangeiras. Na maioria dos casos, são programas que mesclam ensino à distância com presencial. Alguns traziam um ou outro professor. Em alguns casos, os alunos passavam curtos períodos de tempo no exterior. Mas a trajetória de tais programas foi marcada por tropeços e colisões com o marco legal do ensino brasileiro. Por facilidades lingüísticas, a maioria dos acordos tem sido com universidades de língua espanhola ou portuguesa. Visando o encurtamento dos programas, a maioria dos cursos tem sido com instituições de segunda linha nos países de origem ou com instituições de países cujos cursos de doutoramento são muito menos exigentes do que no próprio Brasil. Previsivelmente, os graduados tiveram e têm imensos problemas para revalidar seus diplomas. Alguns desses programas são inferiores em qualidade e muito mais curtos do que os oferecidos no Brasil. A situação tornou-se tão constrangedora que o governo da Espanha obrigou as suas universidades a cancelar tais convênios.

Nos anos recentes, o explosivo crescimento do ensino à distância no Brasil está em mãos de instituições brasileiras e é manejado por equipes que poucos contatos têm com universidades fora do país. Em suma, o ensino à distância não se revelou uma forma eficaz de internacionalização do ensino.

O momento presente e cenários futuros

O que foi dito anteriormente já dá uma boa idéia da grande distância que existe entre instituições estrangeiras e o ensino superior brasileiro. Não parece que estamos andando na direção de reproduzir o ocorrido na indústria farmacêutica.

Em primeiro lugar, vale perguntar por que a imprensa e alguns segmentos do nosso ensino superior se alarmaram tanto com a iminência de uma invasão do “capitalismo universitário” internacional? Mao Tsé Tung, faz cinqüenta anos, já desdenhava o poder do imperialismo americano. Para ele, era um “tigre de papel”, incapaz de materializar as suas ameaças. Será que o capitalismo universitário americano não será também outro tigre de papel?

Obviamente, não se trata de afirmar que todos os imperialismos americanos são tigres de papel, ameaçadores, mas inofensivos. Na área econômica, além da farmacêutica, aqui usada como exemplo, a indústria automobilística e muitas outras mostraram o poder do tigre. Nas áreas da imprensa, da comunicação, do lazer, das modas e dos padrões culturais, certamente, as garras do tigre são de verdade e têm sido usadas com competência e sucesso.

Mas por tudo que se pode ver e medir, no ensino superior, os dentes do tigre ainda são “de leite”. Em outras palavras, não há no exterior uma massa crítica de empresas ou universidades capazes de ocupar um espaço grande no cenário da nossa educação superior – como ocorreu com as gigantescas e poderosas farmacêuticas. Nem na pátria do capitalismo o ensino superior empresarial consegue ter um peso substancial. Nem 10% das matrículas estão em mãos de instituições com ânimo de lucro. Ainda menor é o peso das empresas com alguma vocação para operar fora das fronteiras do país. A maioria depende de subsídios do governo federal que financia alunos pobres para fazer cursos técnicos. As duas maiores universidades (Apollo e Laureate) já estiveram ou estão no país. Das grandes, sobra a Devry, que poderia ou não aportar por aqui. Ou seja, não há massa crítica no país de origem para empreender a invasão às terras tupiniquins, tão temida por alguns.

Imaginemos um cenário extremo, em que cinco universidades americanas viessem a matricular, cada uma, cem mil alunos. Teríamos então, meio milhão de alunos estudando em instituições que poderiam desfraldar a bandeira americana. Ora, tal matrícula representará da ordem de 10% da matrícula total. Não parece uma grande ameaça.

Mesmo considerando que ainda pode haver um significativo potencial de investimento por parte de outras universidades americanas menores, cabe perguntar se o Brasil ainda é considerado um mercado tão cobiçado para investimento em ensino superior. Afinal, as taxas de crescimento sofreram uma queda considerável nos últimos dois ou três anos. Algumas análises mostram que o crescimento atual deve-se a programas públicos como o Prouni.

Ademais, não há no cenário brasileiro prêmios de cinqüenta milhões de dólares para universidades americanas que queiram considerar sua vinda para o Brasil – como acontece com os países do Golfo Pérsico.

Obviamente, a situação não é estável. Nos Estados Unidos, o avanço de empresas educativas com fins de lucro tem sido impressionante. Ainda assim, está longe o dia em que tenham peso suficiente para sair do país e ter um portfólio de investimentos substancial no ensino superior brasileiro. Até chegarem lá, se é que vão chegar, temos muito tempo para refletir e decidir o que é melhor para nós.

A esse respeito, vale relembrar que – comparado com os Estados Unidos – o Brasil tem uma presença muito mais substancial de instituições de ensino superior com fins de lucro (mais as outras que também têm, mas não o declaram). Trata-se de uma questão palpitante de política pública, pois não há precedente nem aqui e nem fora.

Ainda estamos longe de chegar a um acordo acerca do bem ou do mal que possa trazer um objetivo de lucro explícito. Mas apenas de forma oblíqua essa é a agenda do presente ensaio. Vale apenas mencionar que dentre as nossas instituições com fim de lucro incluem-se algumas exemplares pela qualidade do ensino e outras lamentáveis.

Finalmente, para aqueles que acreditam que o capitalismo só traz benefícios quando há concorrência, a vinda de algumas universidades de fora traz a adrenalina resultante da entrada de competidores fortes. Nesse sentido, é um elemento positivo.

Quem sabe, há internacionalização de menos?

Os parágrafos anteriores atenuam os temores de uma invasão capitalista. Contudo, talvez o maior risco esteja no outro extremo do espectro: nosso isolacionismo. Na sua desastrada tentativa de reformar o ensino superior, o MEC propôs um projeto que tinha duas características que interessam à presente discussão. A primeira era um artigo que limitava a participação de universidades estrangeiras a menos de um terço do capital. Importa menos a pouca probabilidade de aprovação de tal lei do que o mero fato de ser proposta pelo Executivo. A segunda é a total ausência de políticas que pudessem dar às nossas universidades um padrão internacional. Todos os países emergentes (Coréia, Chile, Cingapura, Malásia etc.) explicitam as suas decisões de internacionalizar suas grandes universidades. A China anuncia o seu interesse em ver universidades estrangeiras instalando-se no país. Quanto mais, melhor. Enquanto isso, o Brasil se encolhe e teme as influências alienígenas no seu ensino.

Nas conhecidas listas das melhores 200 ou 400 universidades do mundo, preparadas por uma universidade chinesa e pelo Times – Higher Education Supplement, o Brasil prima pela ausência (quase completa). Contrasta com Cingapura que – com quatro milhões de habitantes e menos de cinqüenta anos de existência como país – tem uma universidade muito bem situada.

Weber University, Apollo e outras abriram campi na Europa, ensinando em língua inglesa e trazendo seus sistemas de ensino. Muitas universidades européias já oferecem mestrados em inglês e as teses redigidas nessa língua tornaram-se quase a regra nos países escandinavos. Japão, Egito e Líbano têm universidades americanas, faz muito tempo.

No Brasil, causavam iras incontidas as reuniões do conselho universitário do ITA conduzidas em inglês, pois os professores eram quase todos americanos. De fato, não oferecemos cursos em outras línguas. A legislação brasileira é muito fechada. Os processos junto ao MEC trituram as inovações. Não seriam jamais permitidas as universidades estrangeiras, como as que se instalaram no Japão, Egito, Líbano, Suíça, Inglaterra e Holanda.

Como já sugerido, o que de melhor aconteceu com nosso ensino superior foi a horda de mestres e doutores que retornaram das melhores universidades dos Estados Unidos e da Europa. Trouxeram uma ciência mais empírica e experimental. Trouxeram novos ares e novas modas nas artes. Sobretudo, os bolsistas que foram para os Estados Unidos trouxeram idéias de uma pós-graduação moderna, bem estruturada e produtiva. O resultado foi um colossal progresso da nossa pesquisa. Passamos de uma produção internacional nula nos anos 1950 para sermos o 15º país que mais produz pesquisa.

Contudo, essa revolução não alcançou a graduação. Esta se viu privada de aggiornamento que pudesse trazer benefícios equivalentes. Os jovens mestres e doutores encontraram um terreno virgem na pós-graduação. Puderam criar cursos sem os vícios de origem que maltratam nossa graduação. Em contraste, encontraram na graduação a barreira cerrada das velhas igrejinhas acadêmicas e das ferozes elites de poder universitário. Diante de tais barreiras, não ocorreu a revolução necessária. Continuamos com aulas mortas, passivas, pouco estimulantes. A estrutura de governabilidade das universidades públicas é disfuncional. Persistimos por tempo demais nos currículos datados de meio século, importados de uma universidade francesa que já não mais os utiliza, faz tempo. São currículos requentados, distantes do mundo do trabalho. Além disso, excluem a formação clássica e humanista – hoje presente na Europa e nos Estados Unidos.

Aliás, os temas mais sensíveis do ensino superior estão na filosofia curricular. Quanto de profissionalização, quanto de humanidades? O que os alunos devem ler para desenvolver sua identidade cultural? São os temas “perigosos”. Mas são também os temas em que a experiência internacional se constitui no melhor antídoto para o nosso paroquialismo atávico. Voltando por um momento ao tema central do presente ensaio, são temas em que as universidades privadas que vieram ou poderiam vir para o Brasil não têm nem interesse e nem nada para oferecer – de bom ou de ruim. Para o bem ou para o mal, suas preocupações passam longe de tais temas. Simplesmente repetem o que fazem todos.
Precisamos ventilar as idéias mofadas que esmagam nossos cursos de graduação. Nesse sentido, a internacionalização é mais do que bem-vinda. O influxo de experimentos e idéias de outros países poderia ter um papel relevante de arejar nosso ensino.

Não obstante, o quadro presente não parece apontar em tais direções. A internacionalização “privatista”, denunciada pelos mais temerosos, provavelmente não vai acontecer com uma profundidade que traga maiores cuidados. Mas, se acontecesse, tudo indica que não traria os benefícios discutidos acima. Não duvidamos que os recursos trazidos possam contribuir para o crescimento da oferta de vagas e de boas práticas gerenciais. É preciso não esquecer que o país sofre de uma taxa de poupança anêmica e precisa complementá-las com recursos externos. Porém, a julgar pelo que já aconteceu com as instituições que vieram ou poderiam vir para o Brasil, é improvável que tragam as inovações e mudanças de que necessitamos.

Economista pela Universidade Federal de Minas Gerais, mestre pela Universidade de Yale e doutor pela Universidade Vanderbilt, ambas nos EUA. Pesquisador em Educação

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