01 janeiro 2009

Modernização e Desenvolvimento: A Vez do Nordeste

Para avaliar se chegou a vez do desenvolvimento do Nordeste, o autor examina sua configuração como região, sua herança histórica e as dimensões atuais da sua economia. Propõe nova geografia capaz de captar os ritmos sub-regionais de crescimento e modernização. Grandes projetos de infra-estrutura, programas de redução da pobreza e promoção de atividades produtivas, além de muitas oportunidades de investimentos privados, sustenta, sugerem que a crise global poderá apenas retardar um futuro promissor para a região.

Fosse um país, o Nordeste teria hoje a quarta maior população das Américas, vindo depois dos Estados Unidos, do restante do Brasil e do México. Ocuparia o quinto lugar em área territorial, depois do Canadá, Estados Unidos, restante do Brasil e Argentina. E seria pelo tamanho do pib, medido em “dólares internacionais”, a sétima economia americana (após os Estados Unidos, restante do Brasil, México, Canadá, Argentina e Colômbia).

Essas dimensões atestam a relevância do Nordeste. São trunfos importantes, capazes de atrair novos investimentos para a região com mercado de médio porte e crescendo mais do que o brasileiro.

Grandes projetos em infra-estrutura hídrica e transporte estão sendo executados no Nordeste. Deverão elevar a competitividade sistêmica da região, que vem recebendo importantes investimentos em atividades diretamente produtivas. Significativo crescimento da demanda interna – associado a grande expansão das transferências públicas de renda aos pobres e desassistidos, aumento real do salário-mínimo e redução do desemprego – elevou o Nordeste ao posto de segundo mercado regional em energia elétrica de uso residencial, alimentos básicos e outros bens de consumo em massa.

Teria chegado a vez do Nordeste?

Nordeste, nordestes

Durante o Império e a República Velha, era simples descrever a geografia regional do Brasil. Havia as províncias, depois estados, do Norte, do Pará à Bahia; e as províncias, depois estados, do Sul, do Espírito Santo ao Rio Grande. Nada de Nordeste, Sudeste, Leste, Centro-Oeste, Centro-Sul, Amazônia.

A percepção do Nordeste como região somente começou a configurar-se com as grandes secas de fins do século xix e inícios do xx e a criação, em 1909, do organismo destinado a combater seus efeitos, a Inspetoria de Obras contra as Secas (iocs), hoje Departamento Nacional de Obras contra as Secas (dnocs).

A delimitação de um Polígono das Secas abarcando 43% da região foi feita em 1936. Por isso em seu livro Nordeste (1937) Gilberto Freyre observa que essa palavra “quase não sugere senão as secas”: os sertões, “apenas um lado do Nordeste”. Mais velho que eles é “o Nordeste da terra gorda e de ar oleoso”, o Nordeste da cana-de-açúcar. Acrescentando: “Aliás, há mais de dois Nordestes e não um, muito menos o Norte maciço e único de que se fala tanto […], com exagero de simplificação”.

Data de 1942 a primeira regionalização oficial do Brasil: com o Norte integrado pelos estados do Amazonas e Pará e território do Acre e o Nordeste formado pelos Nordestes Ocidental (Maranhão e Piauí) e Oriental (do Ceará a Alagoas), este último o Nordeste mais nordeste. Sergipe e Bahia, que pertenciam à região Leste, somente foram assimilados ao Nordeste em 1970, quando se adotou a divisão regional até hoje prevalecente.

Um grande bolsão semi-árido cobre o interior da região. Confronta-o ao norte o rio Parnaíba, de onde o Maranhão configura área tensionada entre os trópicos seco e úmido. Contornam-no ao poente os cerrados, que transacionam com o Centro-Oeste. E dá-se para o nascente a lenta transição do semi-árido para o agreste subúmido e a mata litoral atlântica envolvente.

Foi nos massapês da mata úmida que prosperou desde meados do século xvi a primeira experiência de colonização das Américas, baseada na cana-de-açúcar. Fazendo em poucos anos da Nova Lusitânia de Duarte Coelho e Brites de Albuquerque, donatários da capitania de Pernambuco, “uma colônia de gente tão farta, de homens tão sólidos, com tanto ruge-ruge de seda e tanto brilho de rubis; com casas de pedra-e-cal; com sobrados de azulejo e igrejas guarnecidas de jacarandá e de ouro” (Gilberto Freyre).

Muitas lutas, vencidas principalmente pelos habitantes da terra, reconquistaram na segunda metade do século xvii um Norte ocupado do Ceará ao São Francisco pelos holandeses. Pujante embora lábil economia formada por complexo agrário-comercial dual – baseado na cana-de-açúcar e no algodão e orientado para a exportação – ali se estendeu por três séculos, respondendo até meados do século xix por parcela importante da riqueza nacional.

Vigorou desde então, até os anos 1950 – sobrepondo-se às oscilações cíclicas de médio prazo peculiares às economias dependentes da exportação de produtos de base agrícola –, persistente tendência para medíocre dinamismo econômico. Em contraste com o que acontecia no Sul: uma prosperidade estimulada pelos “melhoramentos materiais” realizados na Corte (obras e serviços urbanos) e nas províncias do Rio de Janeiro, Minas e São Paulo (portos e ferrovias), em parte financiados com transferências de recursos públicos vindos das províncias do Norte (Evaldo Cabral de Melo, O Norte Agrário e o Império, 1984). Além de impulsionada pela imigração estrangeira; pela lavoura do café; pelos surtos sucessivos de industrialização substitutiva de exportações nucleados em São Paulo.

Com a criação do Banco do Nordeste (1952) e da Sudene (1959), a região passou a beneficiar-se de estratégia moderna de progresso. Visou a superar o subdesenvolvimento e a reduzir as grandes disparidades inter-regionais, alicerçando-se em incentivos fiscais e financeiros.

Os efeitos dessa nova “política de desenvolvimento econômico” (concebida e comandada por Celso Furtado) não foram sentidos na década de 1960, quando a produção regional se expandiu a 3,7% a.a. e a nacional, a 6,2% anuais, reduzindo-se para 11,7% a participação do Nordeste no pib do país. Com o boom dos anos 1970 o crescimento da economia nordestina passou a superar o brasileiro, elevando aquela participação para 12,0% em 1980. Essa propensão persistiu ao longo das décadas de 1980 e 1990, quando a anemia que afligiu a economia nacional afetou mais o Centro-Sul que o Nordeste. No limiar deste século, a participação regional no pib brasileiro alcançou 13,1%, mantendo-se relativamente estável desde então.

O Nordeste hoje

Com 1 554 mil km2, o Nordeste ocupa 18% do território brasileiro. Duas particularidades principais marcam-lhe o território: a singular influência atlântica, atestada por grau de maritimidade (relação entre a extensão do litoral e a área terrestre) 2,5 vezes superior ao brasileiro; e o bolsão semi-árido interior – o trópico seco –, que se estende do Piauí à Bahia.

Quase 52 milhões de nordestinos (2007) representam 28% da população do país. A densidade demográfica, de 33 habitantes por km2, é 54% superior à brasileira. O grau de urbanização, 71%, embora inferior, desbanca a visão de um Nordeste dominantemente rural. Rápida transição demográfica e significativa emigração determinaram redução no crescimento populacional, que foi, em média, 1,7% ao ano entre 1970 e 2007, menor que o do país (1,9%).

O pib do Nordeste, de 215,8 bilhões de “dólares internacionais” (calculados pelo conceito de paridade de poder de compra) em 2005, sinaliza o porte da economia. Ela apresentou bom dinamismo nas últimas três décadas, com crescimento médio anual do pib entre 1970 e 2005 de 4,3%, superior ao do Brasil (4,0%). A densidade econômica regional (pib sobre área), de US$ 138,8 mil ppc por km2, corresponde a 72% da brasileira. O grau de industrialização, 26%, embora mais baixo, lembra que a região já deixou de ser a economia dominantemente agrícola de até meados do século passado.

O pib per capita do Nordeste, de US$ 4,3 mil ppc (2005), corresponde a 47% do brasileiro (US$ 9,2 mil ppc). Seu crescimento foi mais elevado: 2,6% ao ano entre 1970 e 2005, confrontados com 2,1% para o país, revelando atenuação dos desequilíbrios regionais.

Disparidades semelhantes, embora menos intensas, ocorrem entre os indicadores sociais. O Índice de Desenvolvimento Social (ids), integrado pelos componentes saúde, educação, emprego, rendimento e habitação, foi 7,08 para o Nordeste (2006), correspondendo a nível de desenvolvimento social médio baixo (o ids do Brasil nesse mesmo ano foi 8,11, equivalente a nível médio alto). Seu crescimento entre 1970 e 2006 foi de 3,6% a.a. no Nordeste e 2,1% no país, revelando redução de disparidades mais rápida do que a observada no pib per capita.

A incidência de pobreza extrema (proporção das pessoas com renda insuficiente para as necessidades básicas de alimentação) foi, em 2005, 13% no Nordeste e 6,8% no Brasil como um todo, caindo fortemente, na região e no país, em relação a 2000.

Uma nova geografia regional

Dois critérios sobrepõem-se na configuração de nova geografia para o Nordeste, mais adequada a captar espacialmente as várias dimensões e os diversos ritmos do desenvolvimento regional nos últimos anos.

O primeiro deles, de natureza geográfica, ecológica e antropocultural, reparte o Nordeste em nove Regiões Geoeconômicas: Litoral-Mata, Pré-Amazônia, Parnaíba, Sertão Setentrional, Agreste Oriental, São Francisco, Agreste Meridional, Sertão Meridional e Cerrado.

O segundo critério, de ordem político-administrativa, sobrepõe os nove estados às nove Regiões Geoeconômicas, dando origem a 33 Áreas Polarizadas, cada uma delas com pelo menos um município (e cidade correspondente) como Pólo Urbano. Essas aps estruturam um variado mosaico espacial sobre o qual se projetam as ações de desenvolvimento.

O Litoral-Mata dos estados da Bahia e Pernambuco e o Litoral do Ceará abrigam as três aps com as maiores concentrações demográficas e econômicas. Elas refletem os elevados pesos relativos das metrópoles de Salvador, do Recife e de Fortaleza, os pólos urbanos hegemônicos do Nordeste.

O longo Litoral-Mata Baiano detém 4,5% do território do Nordeste, abriga 12,5% da população (2007) e gera 21,6% do pib (2005). O Litoral-Mata Pernambucano, com apenas 0,7% do território regional, conta com 9,5% da população e 13,3% do pib. O Litoral Cearense, com 1,6% do território, possui 8,0% da população e 10,0% do pib do Nordeste. Os pibs per capita (2005) dessas três aps foram, respectivamente, US$ 7,7 mil ppc, US$ 6,0 mil ppc e US$ 5,5 mil ppc, sendo 79%, 40% e 28% superiores ao nordestino. A ap cearense foi a que apresentou dinamismo econômico mais elevado entre 1970 e 2005: crescimento médio anual do pib de 5,2% (comparados com 4,5% para a ap baiana e 3,3% para a pernambucana).

Seguem-se, segundo a dimensão do pib, as aps Litoral-Mata Potiguar, área dinâmica com o quarto maior pib do Nordeste (US$ 11,2 bilhões ppc em 2005); o Agreste Baiano, área deprimida com pib de US$ 10,4 bilhões ppc; e o Sertão Cearense, igualmente deprimido e com pib de US$ 9,9 bilhões ppc.

Estão no Litoral-Mata as aps Litoral Maranhense (polarizada por São Luís), área dinâmica com o sétimo maior pib, e Litoral Alagoano (polarizada por Maceió), área deprimida com o oitavo maior pib regional.

Demograficamente, a ap Sertão Cearense apresenta, depois das três áreas litorâneas regionalmente dominantes, o maior peso: tem 4,0 milhões de habitantes, seguida pelo Agreste Baiano, com 3,3 milhões; a Pré-Amazônia (ma), com 3,0 milhões; o Sertão Baiano, com 2,8 milhões; e o Agreste Pernambucano, com 2,1 milhões. Essas áreas, ao contrário das litorâneas, além de baixa densidade econômica, exibem taxas de crescimento do pib e do pib per capita inferiores aos do Nordeste.

O São Francisco Pernambucano, com crescimento demográfico de 2,8% anuais (1970-2007), o Litoral Cearense (2,8%), o Litoral Maranhense (2,7%) e o Litoral-Mata Sergipano (2,6%) foram as áreas que apresentaram as mais altas expansões demográficas, explicadas essencialmente por migrações internas. O São Francisco Sergipano, com crescimento do pib de 9,2% anuais (1970-2005), os Cerrados Baiano, Maranhense e Piauiense (com 8,4%, 7,7% e 6,3%, respectivamente) e o São Francisco Pernambucano (6,3%), foram as aps que tiveram os melhores desempenhos econômicos.

Levando em conta o a dimensão demográfica e econômica da cada uma das 33 aps do Nordeste, bem como seu dinamismo econômico, foi possível chegar à tipificação delas para fins de compreensão do processo do desenvolvimento regional e de planejamento estratégico. Procedendo-se também à hierarquização de seus Pólos Urbanos.

Grandes projetos: soluções e problemas

Três importantes iniciativas em curso no Nordeste merecem destaque pela relevância para o desenvolvimento regional.

Água para o Semi-Árido

A insuficiência e irregularidade do abastecimento hídrico do Semi-Árido do Nordeste comprometem-lhe a competitividade sistêmica.

Na nova geografia do Nordeste, o Semi-Árido corresponde grosso modo às Regiões Geoeconômicas Sertão Setentrional, Agreste Oriental, São Francisco, Sertão Meridional e Agreste Meridional. Com 819,1 mil km², corresponde a 52,7% da região.

A população do Semi-Árido, de 21,0 milhões em 2007, representa 41% da nordestina. O pib, de US$ 55,2 bilhões ppc (2005), 26% do regional, cresceu a 3,8% ao ano entre 1970 e 2005. O pib per capita, de US$ 3,6 mil ppc, equivale a 84% do nordestino.

A despeito de periódicas, as secas produzem efeito adverso ao progresso do Semi-Árido, efeito que se está tornando cumulativo. Trata-se de insuficiência crônica de água. Ela vem-se acentuando com os baixos níveis médios de pluviosidade, a gradual impermeabilização dos solos, o crescimento demográfico, a rápida expansão urbana, a marcha da desertificação. Assume a forma de “vazios hídricos”, espaços com déficits permanentes de água.

Para remediar essa carência, as terras adustas dos sertões de Pernambuco estão sendo rasgadas desde as margens do rio São Francisco em direção ao Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. A poeira da caatinga levantada por máquinas pesadas turva o horizonte. Mas acende esperança em gente castigada pelas secas sem remédio e clemência.

São as obras do Projeto São Francisco, em execução sob a coordenação do Ministério da Integração Nacional, o maior empreendimento de infra-estrutura hídrica de que se tem notícia no país. Ele vai levar água a parcela expressiva dos vazios hídricos do Nordeste.

O Projeto é integrado por dois sistemas independentes de transposição de bacias, os Eixos Norte e Leste, que captarão água no rio São Francisco entre as barragens de Sobradinho e Itaparica, no estado de Pernambuco. Compostos de canais, com túneis, aquedutos, estações de bombeamento, pequenos reservatórios e usinas hidrelétricas de auto-suprimento, esses sistemas atenderão a necessidades de água dos estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Serão retirados do São Francisco 26,4 m3/s de água, equivalentes a apenas 1,4% dos 1 850 m3/s da vazão média estimada desse rio nos locais de captação (quando disponível, um excedente médio de 63 m3/s será também transportado).

As áreas beneficiadas pelo Projeto, com cerca de 12 milhões de habitantes, estão entre as que mais sofrem os efeitos das secas. O empreendimento viabilizará o fornecimento de água para fins múltiplos (consumo humano e urbano, irrigação, dessedentação de animais, criação de peixes e camarão, entre outras finalidades).

Contempla-se a revitalização do rio São Francisco: contenção de sua degradação, saneamento básico dos núcleos urbanos ribeirinhos, dragagem e recuperação da hidrovia (restabelecendo a navegabilidade entre Ibotirama, no Sertão Baiano, e Juazeiro-Petrolina).

Os custos do Projeto São Francisco estão estimados em R$ 5 bilhões. As obras foram iniciadas em 2008.

A Ferrovia Transnordestina

Dois grandes eixos de transporte sobre trilhos, cruzando-se em Salgueiro, no sertão de Pernambuco, poderão estar revolucionando a logística regional de transportes de carga já em inícios da próxima década.

Começam a ser viabilizados pela Ferrovia Transnordestina, empreendimento de R$ 4,5 bilhões a cargo de concessionária que sucedeu à Companhia Ferroviária do Nordeste (cfn).

O projeto prevê a interligação, por trilhos de bitola larga, dos cerrados nordestinos aos portos de Suape, em Pernambuco, e Pecém, no Ceará. Um primeiro eixo, oeste-leste, partindo de Eliseu Martins, no Cerrado Piauiense, avança por Trindade e Salgueiro, no Sertão Pernambucano, seguindo pela via férrea existente (que será requalificada) em direção ao Recife e Suape. Um segundo eixo, em construção, partirá de Salgueiro no sentido norte para Missão Velha, Sertão Cearense, continuando pela via existente (a ser melhorada) até Fortaleza e Pecém. Poderá no futuro ser complementado por segmento ferroviário demandando, ao sul, Petrolina-Juazeiro, onde se articularia à hidrovia do São Francisco e seguiria por linha férrea existente até Salvador e o porto de Aratu.

São promissores os benefícios desse projeto. Assegurará o transporte eficiente da produção agrícola do Cerrado (soja, milho, algodão) seja para exportação através de modernos terminais portuários, seja para beneficiamento e consumo no Litoral-Mata. Viabilizando também o escoamento da gipsita e artefatos de gesso do Pólo Gesseiro do Araripe, no Sertão Pernambucano, que tem em Trindade uma de suas bases.

Suplementando a renda dos pobres

O Programa Bolsa-Família, criado em 2003, logo passou a incorporar todo um elenco de programas federais de transferências de renda em curso no Brasil. Ampliou ao mesmo tempo, com muita rapidez, sua abrangência. Aperfeiçoou os cadastros, depurando-os, e se consolidou como programa de transferência de renda de grande envergadura, em parte responsável pela melhoria ocorrida na distribuição de renda e nos níveis de vida da população mais pobre do país.

Em meados de 2008, das 11,1 milhões de famílias beneficiadas com transferências de renda, 5,6 milhões (mais de 50%) encontravam-se no Nordeste. Elas correspondiam a 22,5 milhões de pessoas, algo como 43% da população regional. Os benefícios pagos em 2008 devem ter alcançado R$ 5,5 bilhões, 53% do total despendido no país (R$ 10,3 bilhões).

Grande vem sendo o impacto do Programa Bolsa-Família no Nordeste. Aliviando a pobreza de milhões de pessoas. Ampliando o mercado regional de alimentos e outros bem de consumo em massa.

Cresceu, porém, no mesmo compasso, uma economia peculiar: sem produção e sem emprego, mas com renda e consumo.

O porte dessa economia já era significativo antes do Programa Bolsa-Família. As transferências à conta do Sistema Único de Assistência Social (os chamados benefícios de prestação continuada, bcp a idosos e deficientes de baixa renda, além de outras iniciativas), que vêm de fins dos anos 1980, devem ter totalizado em 2008 R$ 6,7 bilhões na região. Acudindo a 13,4 milhões de pessoas.

Juntas, essas transferências federais de renda devem ter somado, em 2008, R$ 12,2 bilhões, atendendo a 35,7 milhões de pessoas, cerca de 69% dos nordestinos.

As chamadas condicionalidades (obrigação de manter na escola as crianças e adolescentes e de seguir cuidados básicos de saúde) constituem característica essencial do Programa Bolsa-Família. Visam interromper a transmissão geracional de pobreza tornando os mais jovens capazes de superar, de forma autônoma e sustentada, a condição de pobres.

O objetivo de buscar portas de saída para a pobreza deve merecer atenção prioritária. A redução do público-alvo do Programa Bolsa-Família em decorrência da superação da pobreza por parcela crescente de seus beneficiários será a melhor prova de seu êxito.

Para ser efetivo, o combate à pobreza envolve um conjunto articulado de ações focalizadas cujo objetivo-fim é capacitar os pobres a obter, através de ocupação produtiva geradora de renda suficiente, inserção econômica e inclusão social duradouras. Nesse contexto, as transferências de renda devem ser vistas como objetivos-meios – legítimos, porém transitórios. Não visam a condenar os pobres à inutilidade e à dependência. Visam a promover-lhes inserção econômica ativa, inclusão social integradora.

Oportunidades de investimento privado

São amplas no Nordeste as oportunidades de investimentos diretamente produtivos. Estão sendo geradas nas atividades tradicionais de exportação baseadas na cana-de-açúcar e no cacau. Estão presentes no litoral mas também nos sertões. Alimentam uma “nova economia” – indústrias de ponta, serviços modernos intensivos em conhecimento, tecnologias da informação e comunicação (tic).

Pólo urbano-industrial de Salvador

Salvador (pib: US$ 35,2 bilhões ppc, 2005) é a mais importante aglomeração urbano-industrial do Nordeste. Bem resolvida, possui estrutura produtiva vigorosa e diferenciada.

O Pólo Petroquímico de Camaçari, o principal complexo industrial, integra a extração de petróleo e gás natural, o refino do petróleo, a petroquímica básica e intermediária, a produção de resinas, fibras artificiais e sintéticas, elastômeros e o fabrico de adubos e fertilizantes. Responde por quase metade da petroquímica básica e intermediária brasileira, sendo competitivo, nacional e internacionalmente. São boas as oportunidades de expansão dos segmentos a jusante da cadeia petroquímica, com o desenvolvimento de produtos mais nobres e maior agregação de valor. Sendo relevantes as articulações entre a produção de artefatos de plástico e sua utilização local, em particular na indústria automotiva baiana.

A região metropolitana de Salvador é um dos três grandes pólos regionais concentradores de serviços modernos. Destacam-se dentre eles: as tic (softwares para automação e de emprego industrial, principalmente); os serviços médico-hospitalares, com grande potencial para inversões em procedimentos de maior complexidade; as consultorias e o turismo (Salvador é o maior pólo turístico do Nordeste).

Pólo urbano-industrial do Recife

É o segundo mais importante núcleo de concentração demográfica e econômica (pib: US$ 25,0 bilhões ppc).

Nos últimos anos, a par de importantes avanços em infra-estrutura, de longa maturação – com destaque para o porto de Suape, de águas profundas, localizado ao sul do Recife, uma iniciativa da década de 1970 –, novos investimentos vêm sinalizando a recuperação industrial do estado.

Cerca de 80 empresas estão localizadas no Complexo Industrial e Portuário de Suape, cabendo destacar unidade de produção de resina pet de poliéster, do grupo italiano Mossi & Ghisolfi, em funcionamento há mais de um ano e sendo ampliada.

Grandes projetos, somando investimentos de R$ 24 bilhões, encontram-se em execução no que é um dos maiores canteiros de obras do país, com 15 mil trabalhadores e caminhando para 40 mil ainda em 2009. Entre eles, uma refinaria de petróleo (Petrobrás-pdvsa), alma mater de um futuro Pólo Petroquímico; uma siderúrgica da csn, e um estaleiro naval de grande porte e já com encomendas (Camargo Corrêa e Queiroz Galvão).

Em decorrência de Suape, o pib per capita de Ipojuca, município da região metropolitana do Recife que abriga o Complexo, já alcançou em 2005 espantosos US$ 40,6 mil ppc.

O principal pólo de tic do Nordeste é o do Recife. Esses serviços, gerados a partir de base tecnológica construída na Universidade Federal de Pernambuco, evoluíram rapidamente nos anos 1990, adquirindo configuração inovadora com o projeto Porto Digital.

O Porto Digital, com uma centena de empresas, é um ambiente de inovação e negócios de tecnologias da informação e comunicação. Mais amplamente, é um ambiente competitivo de negócios que, além das tic, identifica e promove oportunidades em cultura, turismo, lazer e entretenimento.

O cluster de tic do Porto Digital tem como âncoras, na área do conhecimento, o Centro de Informática de ufpe (formação de recursos humanos, inclusive pós-graduados) e o Instituto de Inovação e Informática (promoção da inovação produtiva). Na área de competências, a Incubadora do Porto Digital (capacidade de formar mais de cem empreendedores por ano e incubar concomitantemente trinta empresas); na de conexões, a Softex Recife (que articula as principais empresas de tic em Pernambuco), o Escritório de Promoção de Investimentos em Tecnologia do Recife (promoção de negócios) e o Cesar – Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (transferência de tecnologia e conhecimento, berço de muitas empresas); nas áreas de capital e confiança, o Núcleo de Gestão do Porto Digital e a Secretaria de Ciência e Tecnologia do governo do Estado.

A região metropolitana do Recife é hoje núcleo importante de outros serviços modernos intensivos em conhecimento. Cabe destacar o pólo médico-hospitalar, o maior e tecnologicamente mais atualizado do Nordeste, e os serviços de consultoria. Abarcam desde a administração de negócios, a economia, a contabilidade, a auditoria e o direito até a arquitetura e as engenharias (civil, mecânica, hidráulica, eletroeletrônica, de climatização). Há oportunidades visíveis de novos negócios na melhoria dos níveis de qualificação técnico-profissional; na montagem de esquemas polivalentes de consultoria (pacotes integrados); em parcerias com empresas congêneres do país e do exterior; e nas áreas de engenharia.

O turismo receptivo (Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Porto de Galinhas e arquipélago de Fernando de Noronha) volta-se para o sol e o mar, o carnaval e as festas juninas e caminha em direção ao turismo cultural. Pernambuco é o terceiro maior destino turístico do Nordeste, com 3,6 milhões de visitantes (2007), entre eles 258 mil estrangeiros.

Pólo urbano-industrial de Fortaleza

A região metropolitana de Fortaleza (pib: US$ 19,7 bilhões ppc) deu desde 1970 largos passos nas manufaturas, tornando-se pólo urbano-industrial relevante. Seu perfil produtivo é mais voltado para as indústrias tradicionais, quase todas incorporadas ao agronegócio e intensivas em mão-de-obra. Destacam-se as manufaturas têxteis e de calçados, competitivas e modernas, que vão consolidando especialização estadual.

O grande salto qualitativo da industrialização cearense está associado ao êxito do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, inaugurado em 2002 e concebido para indústrias de base como as siderúrgicas, petroleira e petroquímica, bem como de geração de energia elétrica. Estão previstas uma planta siderúrgica (a Usina Siderúrgica Cearense) e uma refinaria de petróleo (Petrobras), iniciativas capazes de gerar desdobramentos produtivos diferenciadores do perfil industrial do estado.

Fortaleza abriga dezenas de empresas de tic de maior porte, concentradas em software, que, além de atenderem ao mercado local, exportam cerca de 1/3 dos serviços que produzem. E é o segundo pólo turístico do Nordeste.

Pólos urbano-industriais secundários

São eles: o pólo urbano-industrial de São Luís-Itaqui, com pib de US$ 7,6 bilhões ppc (alumínio, ferro gusa, cimento); o pólo urbano-indust, rial de Natal, com pib de US$ 6,2 bilhões ppc (têxteis, alimentos, química, turismo, previsão de refinaria de petróleo); o pólo urbano-industrial de Maceió, com pib de US$ 5,7 bilhões de ppc (açúcar e álcool; cloroquímica); o pólo urbano-industrial de João Pessoa-Cabedelo, com pib de US$ 3,8 bilhões de ppc (cimento, t&ecir, c;xteis e confecções, alimentos); e o pólo urbano-industrial de Aracaju, com pib de US$ 3,8 bilhões de ppc (alimentos, têxteis, cimento, química).

Sertões velhos, novos sertões

Opõem-se em contraste marcante novos e velhos sertões.

Novos sertões são as modernas indústrias de calçados e confecções de Crato-Juazeiro do Norte, que sedia a Universidade Regional do Cariri (nove mil alunos). São as indústrias de calçados, fiação e tecelagem de Sobral, também no Sertão Cearense, com sua Faculdade de Medicina (da Universidade Federal do Ceará). É o Pólo Gesseiro do Araripe, no Sertão Pernambucano, de crescimento rápido, com quase 400 empresas espalhadas pelos municípios de Araripina, Trindade, Ipubi, Ouricuri, Bodocó. A produção alcança 4,4 milhões de toneladas de gipsita por ano, com 32 tipos de produtos que têm o gesso como matéria-prima. Responde pela geração de 14 mil empregos. Novos sertões são ainda a cadeia produtiva do algodão que renasce mais moderna no tradicional empório de Guanambi, no Sertão Baiano.

Sertões velhos são a agricultura e pecuária de sequeiro (milho, feijão, mandioca, algodão, pequena pecuária extensiva), ainda dominante na paisagem econômica do Semi-árido. Exibem certo porte relativo, mas se desestruturam ante a concentração e rigidez da estrutura fundiária, a ruptura de organização do trabalho baseada em parcerias e meações espoliativas. Murchando sempre nos anos de secas.

Esse quadro de ocaso deixa antever algumas iniciativas inovadoras. De pecuária intensiva e de bom padrão tecnológico. Da recuperação da produção do algodão com novas variedades da planta, mais resistentes e diferenciadas, que se devem à Embrapa.

Na soma dos velhos e novos sertões, o Semi-árido ainda continua sendo bolsão interior de baixo nível de desenvolvimento. Não se encontra estagnado, mas tem dinamismo insuficiente. O ritmo e o porte das transformações da estrutura produtiva não bastam para estancar a anemia do quadro econômico.

São Francisco das uvas

A fruticultura irrigada que se desenvolve sob o comando dos pólos geminados de Petrolina e Juazeiro (São Francisco pernambucano e baiano) marca importantes avanços tecnológicos e comerciais, sendo uma das faces dos novos sertões (aquelas duas aps também são, a seus modos, sertanejas, embora fortemente influenciadas pelo rio São Francisco).

Destacam-se em Petrolina-Juazeiro a uva e a manga. Mas há também plantios de goiaba, pinha, graviola, mamão, melão, coco, maracujá e limão, entre outras frutas. A produção de uva evoluiu espetacularmente desde os anos 1990. A vitivinicultura se expande, com Pernambuco tendo-se tornado o segundo produtor nacional de vinho (cerca de 20% da produção). Os métodos de irrigação são modernos, adaptados a cada cultura e segundo colonos e empresas, estas adotando técnicas mais diversificadas, entre elas o gotejamento e a microaspersão. Boa parte da produção de uva (e também de manga, melão, coco e maracujá) é vendida a outras regiões do país, sobretudo ao Sudeste. Apenas a manga e a uva têm sido exportadas. O pólo enfrenta duas dificuldades: a insuficiência de infra-estrutura de transportes e o acanhado apoio científico-tecnológico (em parte remediado com a recente instalação, em Petrolina, do Instituto Tecnológico da Uva e do Vinho). O valor bruto da produção irrigada do São Francisco ainda é pouco expressivo, mas as potencialidades continuam amplas.

Economias agroexportadoras tradicionais

O cultivo da cana-de-açúcar vem sendo desde o século xvi atividade tradicional no Litoral-Mata Pernambucano e se espraia pelos Litorais-Matas Alagoano, Paraibano e Potiguar. Alimenta a indústria do açúcar e do álcool que ainda é importante para a economia regional. Sua baixa produtividade relativa – agrícola e industrial – deflagrou crise que se arrastou por décadas, tendo sido mais longa, intensa e profunda em Pernambuco. Novos investimentos podem ser gerados no bojo de reestruturação seletiva da atividade, com avanços em direção ao álcool combustível e a produtos sucroquímicos inovadores, intensivos em conhecimento, de maior agregação de valor e com mercados mais dinâmicos. Associada a reorganização empresarial e financeira permeando a cadeia produtiva.

A lavoura do cacau concentra-se tradicionalmente ao sul do Litoral-Mata Baiano e em torno do pólo Ilhéus-Itabuna. Como a capacidade de transformação industrial da amêndoa em chocolate e derivados é elevada nos países desenvolvidos, a regra tem sido a exportação da amêndoa de cacau. Nos anos 1980 e 1990, a alta incidência da vassoura-de-bruxa derrubou mais da metade da produção cacaueira baiana e o Brasil passou a importar amêndoas para sua indústria de chocolates. Superada a crise, deve-se caminhar para novo estágio, cujo objetivo é agregar mais valor mediante investimentos voltados à ampliação da indústria regional de chocolates e derivados.

Pré-Amazônia: riqueza pouco aproveitada

A despeito das grandes potencialidades, a Pré-Amazônia maranhense continua a padecer de baixa densidade econômica e insuficiente produtividade. Sua dinamização produtiva repousa em dois binômios: agricultura diversificada com pecuária moderna; e extrativismo florestal com beneficiamento industrial.

Pelo primeiro, a diversificação agrícola em áreas selecionadas tem como caminhar na direção da produção de grãos (arroz, soja, milho, sorgo, amendoim, girassol) e da fruticultura de especialização tropical (caju e açaí, por exemplo), bem como na recuperação e manutenção de pastagens concomitante ao aumento da produção de carne (inclusive para exportação), leite e derivados. Pelo segundo binômio, cabe reverter a tendência de queda na extração de madeira mediante a implantação de indústria florestal moderna e sustentável (combinando técnicas de impacto reduzido, certificação florestal, processamento da madeira e fabricação de móveis de qualidade, inclusive para exportação).

Ambas as estratégias, embora já percebidas como viáveis, persistem sendo escassamente praticadas.

Parnaíba, um outro São Francisco

As duas Parnaíbas, a piauiense e a maranhense, comandadas pelo rio que lhes empresta o nome, têm clara vocação para a irrigação, podendo utilizar-se de Teresina, Caxias e outros centros urbanos como bases para agronegócio moderno e dinâmico.

Estima-se que o potencial irrigável da bacia do Parnaíba seja de mais de 800 mil hectares, havendo boas condições para a aqüicultura, a pesca e a industrialização de pescados.

O pólo de Teresina (pib: US$ 4,0 bilhões ppc em 2005) é a maior aglomeração urbano-industrial interiorizada do Nordeste (com manufaturas têxteis, de alimentos, cimento, materiais cerâmicos, madeira e mobiliário).

Agrestes que renascem

Não há tampouco como ignorar que novos agrestes confrontam-se a velhos agrestes.

Os primeiros estão representados pelas indústrias de tecelagem, confecções e calçados de Campina Grande (pb), Caruaru (pe) e Feira de Santana (ba) – para não falar de suas universidades e centros avançados de pesquisa, inclusive em tic. Pelas indústrias de confecções de Santa Cruz do Capibaribe (roupas em geral) e Toritama (a “capital” do jeans), municípios do Agreste Pernambucano com elevados níveis de renda e emprego.

Avançam tecnologicamente alguns agronegócios tradicionais. Os laticínios enfrentam bem a concorrência do Centro-Sul, racionalizando custos tanto na manutenção e expansão dos rebanhos quanto no beneficiamento e comercialização. A avicultura, embora venha crescendo, depende para competir de custos menores de transporte das rações (grãos, principalmente). Por essa razão, uma Ferrovia Transnordestina eficiente que carreie milho do Cerrado para o Agreste Oriental será fator de estímulo à atividade, além de base de nova especialização exportadora.

Cerrado, nova fronteira

Emergiu no Cerrado Baiano um importante complexo de milho-soja. Nessa Área Polarizada centrada por Barreiras – onde despontou recentemente o município de Luís Eduardo Magalhães – reina há anos a soja. O cultivo do milho ganhou momento e vem tendo crescimento vertiginoso. O uso de equipamentos e outros insumos modernos explica a elevada produtividade, de 3,5 t/ha, a mais alta do país. São baixos os custos de produção.

Barreiras é pólo de indústrias modernas de beneficiamento (óleo, farinha de soja), internalizando a cadeia produtiva – com as produções de milho e algodão sendo componentes integradores e redutores de custos e riscos.

A produção de soja dos Cerrados nordestinos poderá continuar crescendo rapidamente. As aps onde a expansão é mais recente, o Cerrados Piauiense (entorno de Elizeu Martins) e o Maranhense (entorno de Balsas) poderão produzir milhões de toneladas da leguminosa sem prejuízo da expansão de outras atividades. Entre elas prospera a pecuária (laticínios e carnes).

O Nordeste e a crise global

Uma palavra de cautela diante de horizonte embaçado.

A evolução e os desdobramentos da crise global configurada em 2008, minando a confiança no sistema financeiro, desestabilizando mercados, aprofundando incertezas, adensando as nuvens da recessão, podem vir a dificultar o salto de crescimento e desenvolvimento em curso no Nordeste.

É improvável consiga inviabilizá-lo. Nada sugere que os grandes investimentos em curso na região vão ser cancelados, embora possam ter seus cronogramas estendidos. O impacto da crise sobre o crescimento da economia brasileira vai transmitir-se à região, mas de forma atenuada. Ao longo de duas décadas de chumbo para a economia brasileira, o Nordeste mobilizou forças endógenas para crescer e progredir mais. Alcançou umbral de onde enxerga futuro melhor. Porque sabe que pode alcançá-lo, não irá retroceder.

Diretor do Instituto Nacional de Altos Estudos (Fórum Nacional), foi secretário de Planejamento da Secretaria de Planejamento da Presidência da República e Superintendente do Ipea.

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