A importância do Brics no contexto da geopolítica mundial
Grupo está interessado hoje em contestar a ordem internacional vigente e o processo de governança internacional
Os líderes dos países que formam o Brics estiveram reunidos na última semana em Kazan (Federação Russa). Aproveitando a deixa desse encontro, o professor Alberto do Amaral explica o que é o Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul.
Em 2011, a participação desses países no PIB mundial era de cerca de 20%; hoje está em torno de 37%, ou seja, é uma participação maior do que a do próprio G7 (em torno de 30%). Dentro do Brics, alguns países cresceram mais do que outros.
“A China e a Índia cresceram muito, principalmente a China, mas a Índia também registrou um crescimento muito importante. O Brasil teve momentos de crescimento e momentos de paralisia no crescimento e a Rússia ficou relativamente estagnada, muito embora, no último ano, tenha exibido uma taxa importante de crescimento econômico.”
O colunista considera importante salientar que o Brics não é uma organização internacional, e sim uma coordenação de agendas para atuação nas organizações multilaterais, tampouco um acordo regional de comércio.
A ampliação do Brics, por outro lado, explica o colunista, “significa uma contestação à ordem internacional vigente”. Amaral lembra que o Brics passou por um processo de ampliação, quando foram anunciados novos participantes: Irã, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Argentina e Arábia Saudita.
A Argentina, contudo, se recusou a fazer parte do grupo e a Arábia Saudita ainda não concluiu o processo de adesão.
“Hoje o Brics tem nove membros e na atual reunião que houve em Kazan, na Rússia, foram permitidos novos países; esses países vão ser objeto de um processo de consulta e ainda não ingressaram oficialmente.”
Entre esses países figuram Bolívia, Cuba, Turquia, Indonésia, Tailândia, Afeganistão, Bielorrússia e Vietnã. “Isso significa que o Brics está muito interessado em contestar a ordem internacional vigente e o processo de governança internacional”, conclui o colunista.
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