25 maio 2022

Com nova embaixadora, Brasil tem grandes interesses a alavancar na Coreia do Sul

Terceiro maior parceiro comercial do Brasil na Ásia, a Coreia do Sul possui 140 empresas sediadas no país, com investimentos da ordem de US$ 10 bilhões, 80% dos quais em indústrias tecno-intensivas como automotiva, autopeças, celulares, tablets e televisores. O país está fortemente conectado às cadeias de valor asiáticas e encontra-se na linha de frente das indústrias de ponta e da inovação

Terceiro maior parceiro comercial do Brasil na Ásia, a Coreia do Sul possui 140 empresas sediadas no país, com investimentos da ordem de US$ 10 bilhões, 80% dos quais em indústrias tecno-intensivas como automotiva, autopeças, celulares, tablets e televisores. O país está fortemente conectado às cadeias de valor asiáticas e encontra-se na linha de frente das indústrias de ponta e da inovação

A embaixadora Márcia Donner Abreu durante sabatina na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado (Roque de Sá/Agência Senado)

Por Rubens Barbosa*

A secretária de Ásia-Pacífico e Rússia do Itamaraty, Embaixadora Márcia Donner, acaba de ser nomeada como nova Embaixadora do Brasil em Seul, onde deve chegar em meados de julho.

Com sua extraordinária trajetória –passou de um dos países mais pobres do mundo a Tigre Asiático nos anos 1970 e é hoje a 10ª maior economia global– a Coreia do Sul está fortemente conectada às cadeias de valor asiáticas e encontra-se na linha de frente das indústrias de ponta e da inovação: é, por exemplo, o segundo maior produtor de chips do mundo, após Taiwan.

Terceiro maior parceiro comercial do Brasil na Ásia, depois apenas de China e Índia, a Coreia do Sul possui 140 empresas sediadas no Brasil, com investimentos da ordem de US$ 10 bilhões, 80% dos quais em indústrias tecno-intensivas como automotiva, autopeças, celulares, tablets e televisores. As empresas coreanas mantêm inúmeros centros de P&D no Brasil e apostam firme na cooperação universidade-empresa.

Há grandes interesses brasileiros a alavancar na Coreia:

1 – Atração de novos investimentos, sobretudo em setores de alta tecnologia –é coreana a maior fábrica de semicondutores do Brasil, a HT Micron, sediada em São Leopoldo– e em infraestrutura, setor onde o país ainda não está presente no Brasil;

2 – Ciência, tecnologia e inovação, incluindo cooperação nas áreas de startups, aprendizado técnico-vocacional e mobilidade acadêmica: a Coreia do Sul possui algumas das melhores universidades do mundo e prevê US$ 450 bilhões de investimentos em economia digital nos próximos 10 anos;

3 – Abertura de mercados para o agronegócio brasileiro, que ainda responde por menos de 5% das importações totais da Coreia do Sul no setor; e

4 – Conclusão de um acordo equilibrado de livre comércio entre o Mercosul e a Coreia do Sul: com vocação fortemente internacionalizada, a Coreia do Sul possui uma rede de 18 ALCs com quase 60 países, que juntos representam 85% do PIB global. O comércio internacional corresponde a 70% do PIB coreano – mas a corrente comercial Brasil-Coreia é menos de 1% do PIB total do país.


*Rubens Barbosa foi embaixador do Brasil em Londresé diplomata, presidente do Instituto Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e coordenador editorial da Interesse Nacional.


Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional


Editor-executivo do portal Interesse Nacional. Jornalista e doutor em Relações Internacionais pelo programa de PhD conjunto do King’s College London (KCL) e do IRI/USP. Mestre pelo KCL e autor dos livros Brazil’s international status and recognition as an emerging power: inconsistencies and complexities (Palgrave Macmillan), Brazil, um país do presente (Alameda Editorial), O Brazil é um país sério? (Pioneira) e O Brasil voltou? (Pioneira)

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