11 julho 2023

iii-Brasil: Redução do desmatamento e homenagens a Zé Celso projetam imagem positiva do Brasil no mundo

Imprensa estrangeira aponta dados positivos da Amazônia como um resultado da mudança da política ambiental brasileira desde a chegada de Lula ao poder. Presidente recebe abordagem favorável em comparação que criticou o governo de Jair Bolsonaro

Imprensa estrangeira aponta dados positivos da Amazônia como um resultado da mudança da política ambiental brasileira desde a chegada de Lula ao poder. Presidente recebe abordagem favorável em comparação que criticou o governo de Jair Bolsonaro

Por Daniel Buarque e Fabiana Mariutti*

iii-Brasil – de 3 a 9 de julho de 2023

Visibilidade: 46 reportagens em 7 veículos analisados

Classificação das notícias:

44% Neutras

15% Negativas

41% Positivas

Notícias sobre a redução do desmatamento da Amazônia e homenagens ao dramaturgo Zé Celso Martinez Corrêa ajudaram a projetar uma imagem positiva do Brasil ao longo da última semana.

No total, foram registrados na primeira semana completa de julho 46 textos com menção ao Brasil nos sete veículos analisados, volume muito abaixo da média semanal do Índice de Interesse Internacional (iii-Brasil). A maior proporção dos textos teve tom neutro, atingindo 44% da cobertura sobre o país. As reportagens de tom positivo foram 41% e as negativas foram 15%. 

https://interessenacional.com.br/edicoes-posts/entenda-como-funciona-o-indice-de-interesse-internacional-monitoramento-de-noticias-sobre-o-brasil-no-exterior/

A cobertura sobre os dados mais recentes sobre o desmatamento da Amazônia foi marcada por um tom favorável sobre o país de forma geral, mas especialmente elogioso ao tratar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontado como responsável pela mudança positiva na política ambiental do país. As reportagens sobre o assunto também atacaram a política de Jair Bolsonaro, que já era alvo de críticas enquanto ele estava no poder, e que agora é apontado como responsável pela situação negativa da Amazônia durante seu governo. 

Após quatro anos de crescente destruição na Amazônia brasileira, o desmatamento caiu 33,6% durante os primeiros seis meses do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com novos dados de satélite do governo, noticiou o jornal britânico The Guardian, comparando a situação atual com a do governo Bolsonaro. “Os dados são um sinal encorajador para Lula, que fez campanha no ano passado com promessas de conter a extração ilegal de madeira e desfazer a devastação ambiental durante o mandato de Bolsonaro”, diz.

O argentino Clarín também destacou que os dados positivos podem ser contrastados com a situação do país sob Bolsonaro. “O ex-presidente de extrema-direita enfraqueceu as autoridades ambientais, enquanto sua insistência em desenvolver a região amazônica repercutiu entre grileiros e fazendeiros há muito prejudicados pelas leis ambientais. Com isso, eles foram encorajados e o desmatamento na Amazônia atingiu seu maior valor em 15 anos”, diz.

Tom semelhante foi usado pelo jornal espanhol El País, que defendeu o que chamou de “mudança radical” na política ambiental brasileira desde a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder, que começa a aparecer nas medições sobre a destruição da floresta. “O desmatamento ilegal caiu 34% na Amazônia brasileira no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2022, segundo dados preliminares apresentados nesta quinta-feira pela ministra do ramo, Marina Silva. Essa queda, que deverá ser confirmada em alguns meses pelos dados consolidados, significa um pouco para o presidente Lula, que assumiu o poder em 1º de janeiro e desde sua vitória eleitoral pede à comunidade internacional um voto de confiança, apoio e dinheiro para proteger a maior selva do mundo, essencial para frear o aquecimento global”, diz.

O francês Le Monde também deu crédito a Lula pelo resultado, apontando que “a luta contra a exploração da floresta amazônica é um dos principais objetivos do governo de Lula, que assumiu novamente a presidência do Brasil em 1º de janeiro”.

Outro assunto de grande destaque relacionado ao Brasil na mídia estrangeira foi a morte de Zé Celso. Somente o jornal português Público, por exemplo, publicou cinco artigos em homenagem ao dramaturgo brasileiro, a quem se referiu como “o homem que se chama teatro”.

Retrospectiva 

Desde o início de abril de 2022, o iii-Brasil coletou e analisou em média 68 reportagens por semana com menções de destaque ao país nos sete veículos de imprensa analisados. 

Ao longo do levantamento, o iii-Brasil registrou em média 49% de reportagens de tom neutro, 32% de menções com tom negativo e 19% de textos positivos sobre o país. 


*Daniel Buarque é editor-executivo do Interesse Nacional, pesquisador do pós-doutorado do IRI-USP, doutor em relações internacionais pelo programa de PhD conjunto do King’s College London (KCL) e do IRI/USP. É jornalista, tem mestrado em Brazil in Global Perspective pelo KCL e é autor dos livros “Brazil, um país do presente” (Alameda) e “O Brazil É um País Sério?” (Pioneira).

Fabiana Mariutti atua como pesquisadora, professora universitária e consultora; obteve pós-doutorado, doutorado e mestrado em Administração e bacharel em Comunicação Social. Estuda a imagem, reputação e marca Brasil desde 2010. Autora dos livros: “Country Reputation: The Case of Brazil in the United Kingdom: Four Stakeholders’ Perspectives on Brazil’s Brand Image(2017) e Country Brand Identity: Communication of the Brazil Brand in the United States of America (2013).

O Índice de Interesse Internacional (iii-Brasil) é uma análise da imagem do país realizada a partir de um levantamento sistemático de dados sobre notícias que mencionam o Brasil a cada semana em sete publicações internacionais, selecionadas como representativas da imprensa internacional por serem reconhecidas internacionalmente como “newspapers of record”. São elas: The Guardian (Reino Unido), The New York Times (Estados Unidos), El País (Espanha), Le Monde (França), Clarín (Argentina), Público (Portugal) e China Daily (China).

Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional

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