iii-Brasil: Início de setembro registra menor proporção de notícias positivas sobre o país no exterior

Apenas uma em cada dez reportagens mencionando o Brasil na imprensa estrangeira no período tinha tom positivo, com potencial de melhorar a imagem internacional do país. A maioria dos artigos analisados nos veículos de imprensa estrangeira tinha tom neutro, mas 42% dos textos tinham tom negativo e podem piorar a reputação brasileira

Por Daniel Buarque e Fabiana Mariutti*

iii-Brasil – 03 a 11 de setembro de 2022

Visibilidade: 79 reportagens em 7 veículos analisados

Classificação das notícias:

57% Neutras

42% Negativas

1% Positivas

A primeira semana completa do mês de setembro registrou a menor proporção de artigos com tom positivo desde o início da coleta de dados sobre a imagem internacional do país na imprensa estrangeira, em abril. Apenas 1% dos textos com menção ao Brasil publicados na amostra avaliada no período tinha potencial de melhorar a reputação do país.

Na semana de 5 a 11 de setembro, o total de notícias da coleta de dados do Índice de Interesse Internacional (iii-Brasil) foi de 79 artigos com menções sobre o Brasil nos sete veículos de imprensa estrangeiros analisados. O período registrou 57% de textos com tom neutro, ou seja, assuntos com natureza factual sobre o país, sem indicação de prejuízo a sua reputação no exterior. Ainda, 42% de textos de tom negativo (3% acima da semana anterior) e um um redução gritante de notícias positivas (1%, sendo 11% menos que a semana anterior).

Assuntos que reforçam negativamente a imagem do país abordaram as questões com foco nas eleições presidenciais, as celebrações do bicentenário da independência do Brasil e os incêndios da Amazônia.

Referente ao dia da independência comemorado no dia 7 de setembro, a visível campanha política do atual presidente prevaleceu nas pautas editoriais da semana no seus jornais: no Clarín, El País, Le Monde, New York Times, o Público e The Guardian.

No Guardian, destaca-se a turbulência do Brasil quanto aos comícios do Dia da Independência, liderada por Bolsonaro, em que a alegria da direita com direito à festa na praia do Rio de Janeiro contrasta com a raiva progressiva de que a celebração do bicentenário foi utilizada com propósito de campanha eleitoral. 

No Público, menciona-se que os festejos dos 200 anos do grito do Ipiranga foram ofuscados pela campanha eleitoral; outro texto no jornal português reporta sobre a coincidência do calendário com a data do bicentenário da independência do Brasil e a época pré-eleitoral provavelmente entre as eleições mais determinantes da história recente do Brasil.

Já para o NYT, entre os comentários mais marcantes da fala do candidato, foi chamar seus rivais políticos de malvados e um alerta às suas tentativas de violar as leis da Constituição. Em outro texto, o New York Times afirma que: “Desde o início de seu mandato, Bolsonaro se comportou mais como um líder revolucionário do que como um presidente”.

O China Daily trouxe três reportagens sobre o IV Fórum do BRICS sobre Parceria na Nova Revolução Industrial realizado em Xiamen, província de Fujiana ao reforcar a relevância geopolítica dos países dos BRICS para o mundo – em que Li Zhanshu, presidente do Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional, a principal legislatura do país, afirma: “os países do BRICS precisam trabalhar juntos para promover o desenvolvimento e a prosperidade”.

Um exemplo reincidente sobre assédio no país é tratado no El País no texto sobre o beijo de torcedor  na jornalista na transmissão ao vivo do jogo entre o Flamengo e o argentino Vélez Sarsfield, na semifinal da Copa Libertadores no Estádio de Maracanã, caso que foi também registrado nos canais abertos de TV do Brasil.

Retrospectiva 

Desde o início de abril, o iii-Brasil, ao estudar a imagem internacional do Brasil, coletou e analisou em média 56 reportagens por semana com menções de destaque ao país nos sete veículos de imprensa analisados. 

Ao longo do levantamento das últimas 22 semanas, o iii-Brasil registrou em média 49% de reportagens de tom neutro, 39% de menções com tom negativo e 12% de textos positivos sobre o país. 

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*Daniel Buarque é editor-executivo do Interesse Nacional, doutor em relações internacionais pelo programa de PhD conjunto do King’s College London (KCL) e do IRI/USP. É jornalista, tem mestrado em Brazil in Global Perspective pelo KCL e é autor dos livros “Brazil, um país do presente” (Alameda) e “O Brazil É um País Sério?” (Pioneira).
Fabiana Mariutti atua como professora universitária, pesquisadora e consultora; obteve pós-doutorado, doutorado e mestrado em Administração e bacharel em Comunicação Social. Estuda a marca Brasil desde 2010. Autora dos livros: “Country Reputation: The Case of Brazil in the United Kingdom: Four Stakeholders’ Perspectives on Brazil’s Brand Image” (2017) e “Country Brand Identity: Communication of the Brazil Brand in the United States of America” (2013).

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