É professor do Insper. Foi correspondente da Folha de S.Paulo nos EUA e editor da Revista Política Externa. É livre-docente e doutor pela USP e mestre pela Michigan State University. Membro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta
Professor do Insper, Carlos Eduardo Lins da Silva, observa a ocorrência do aumento de impeachments nos EUA, que seria fenômeno raro em sistema presidencialista por ser punição extrema dada ao chefe de estado, e é a demonstração do grau de polarização na política interna. “Levou 130 anos entre o primeiro e o segundo. Os dois seguintes aconteceram num intervalo de 13 meses”, ressalta e, depois, acrescenta: “O sociólogo Jack Goldstone e o antropólogo Peter Turchin usaram modelo matemático que mescla diversos indicadores sociais para medir graus de instabilidade política e chegaram à conclusão de que os EUA caminham para uma guerra civil, que pode ser deflagrada em mais ou menos dez anos”.
Poucas vezes (se alguma) um governo teve início com sua política externa tão pouco delineada além de princípios ideológicos genéricos como ocorre com o de Jair Bolsonaro e seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Surpreendente sob todos os pontos de vista, a indicação para o mais alto posto do Itamaraty de um diplomata jovem (51 anos), que nunca havia exercido a função de chefe de missão em um país ou organização multilateral e que se tornou conhecido apenas durante a campanha presidencial pelo entusiasmo da adesão às causas do candidato vencedor, parece ter abalado a autoconfiança da Casa, que já vinha sendo solapada nos oito anos anteriores.
O Brasil teve, ao longo de 16 anos con secutivos, presidentes da República com gosto por política externa e com – visões claras e determinadas para o país no cenário mundial. Cada um a seu modo e ambos sujeitos a críticas, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva conduziram as rela- ções internacionais do Brasil dentro dos cânones do Itamaraty, que perduram há mais de um século, e foram capazes, graças às suas características individuais e à ousadia de suas propostas, de elevar a projeção geopolítica do país a patamares sem precedentes.
Debate-se se o Brasil deve ou não ter uma Lei de Imprensa que substitua a que ainda está em vigor, apesar de em desuso há anos, desde o regime militar. O autor argumenta que, para assegurar a liberdade de expressão, a existência de legislação específica para regulá-la é muito menos relevante do que o apoio da sociedade para que o direito de exercê-la seja respeitado. Esse apoio seria hoje parcial e ambivalente. Carlos Eduardo Lins da Silva é livre-docente e doutor em Comunicação pela USP e mestre pela Michigan State University. Foi diretor-adjunto de Redação e correspondente em Washington da Folha, da qual é atualmente o ombudsman.
O autor aponta algumas possíveis diferenças de enfoque, estilo e prioridade que o próximo governo poderá adotar a partir de 1o de janeiro de 2011 em política externa. O Brasil tem tido políticas de Estado em suas relações internacionais, não de governos, o que é um ativo importante do País. A próxima administração certamente manterá os princípios básicos da política externa. Essa é uma das condições para que o Brasil se mantenha como ator fundamental no cenário geopolítico mundial.