Fausto Godoy é colunista da Interesse Nacional. Bacharel em direito, doutor em direito internacional público pela Universidade de Paris (I) e diplomata, serviu nas embaixadas do Brasil em Bruxelas, Buenos Aires e Washington. Concentrou sua carreira na Ásia, onde serviu em onze países. Foi embaixador do Brasil no Paquistão e Afeganistão (2004/2007) e Cônsul-Geral em Mumbai (2009/10). É coordenador do “Centro de Estudos das Civilizações da Ásia” da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e curador da Ala Asiática do MON.
Concomitantemente, as crises não param de se multiplicar pelo mundo afora, tanto nos chamados “Ocidente central” e “Sul global”, sinalizando que as hierarquias e o modelo westfaliano dos Estados nacionais, com os quais convivemos ao longo destes últimos quatro séculos, estão cedendo espaço para um mundo muito mais complexo, onde as relações e as alianças se constroem seguindo padrões e interesses multipolares, e não mais “nacionais”
A grande incógnita, que se instalou no contexto mundial após a eleição de Donald Trump como o 47º Presidente dos Estados Unidos, é qual será o rumo que o país tomará neste seu segundo mandato, sobretudo diante das propostas por ele anunciadas, algumas das quais – controversas – já tomadas, inclusive com relação ao Brasil? […]
Estamos assistindo à cristalização de um novo cenário, de distanciamento dos europeus dos americanos, onde os poderosos acertam entre si o destino do planeta e o resto, inclusive os “ex-poderosos”, acompanham, se forem “sensatos”
Enquanto o Ocidente se engalfinha em guerras e disputas “westfalianas” – onde os temas políticos e ideológicos definem e dominam a agenda – os chineses se aplicam em criar condições e espaços no que realmente importa: O futuro…
País enfrenta o desafio de se posicionar em um cenário o modelo westfaliano dos Estados nacionais está cedendo espaço para um mundo muito mais complexo, onde as relações entre Estados se constroem seguindo padrões e interesses multipolares e não mais “nacionais”
Bastou uma semana para o mapa da guerra na Síria ser reconstruído, abrindo espaço para a reformulação da geopolítica regional e criando um leque de oportunidades para o questionamento territorial de parte da Turquia, dos irredentistas curdos, da Rússia, do Irã, além dos “fundamentalistas” do Estado Islâmico
É preciso pesar os riscos e benefícios de uma aliança com a China, e vale lembrar que desde os anos 1970 a economia ajudou a pautar o “pragmatismo responsável”. São os nossos interesses nacionais que devem balizar o nosso relacionamento com outras nações
Foco de Pequim tem sido transformar o país numa potência capaz de influenciar padrões, cadeias de suprimento e de valor globais, e o Brasil tem dificuldade de entender isso, fruto de uma percepção de viés ideológico anacrônico e raso
Após renúncia da primeira-ministra, Exército anunciou formação de governo interino no país que tem registrado grande crescimento econômico
Coalizão do primeiro-ministro indiano perdeu maioria absoluta no parlamento, indicando que população majoritariamente hindu está longe de abrir espaço para hegemonia da agenda religiosa
Qual seria a chave para a “alma japonesa”? Acredito que esteja na busca silenciosa da natureza e da simplicidade um dos seus códigos
Governo chinês reconheceu embaixador afegão, primeiro grande reconhecimento ao governo talibã instalado em 2021 e gesto que foi contra consenso internacional. Para diplomata brasileiro, medida estratégica reflete interesses comerciais e geopolíticos da China e pode ser considerada razoável ao encarar a realidade do país
Em um país de místicos, Narendra Modi está sendo saudado como um “salvador”, e os devotos o veem como nada menos do que uma manifestação de Rama. Cenário leva a um questionamento sobre o justo equilíbrio entre política e religião
Viagem do ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, expôs o interesse do país em reforçar a parceria estratégica com o Brasil. Aproximação divide opiniões, inclusive no Itamaraty. Para embaixador, devemos avançar para onde os nossos interesses nacionais sejam melhor atendidos
Vitória de candidato refratário às relações com a China foi vista como um referendo em defesa da separação da ilha. Para embaixador, esta herança só terá desfecho quando os dois lados do estreito chegarem a uma fórmula de convivência que permita a independência e a unidade, algo no modelo da Commonwealth britânica
País de tradição pacifista discute seu papel em uma região em crescente tensão, mas também enfrenta dificuldades devido ao envelhecimento da sua população. Para embaixador, o Japão está empenhado em se recolocar na função que desempenhou ao longo do século XX
Analistas dizem que a competição entre China e EUA tende a levar a um conflito inevitável entre as duas potências. Para embaixador, há um contraste entre as formas como os dois países veem o mundo e seu papel nele, e é importante questionar a fronteira entre “Oriente” e “Ocidente” no planeta globalizado
Radicalização hinduísta promovida pelo Baratiya Janata Party, partido atualmente no poder na Índia, é inspirado na filosofia político-religiosa tal como foi desenvolvida há mais de cem anos. Para embaixador, governo Modi apaga o passado e apresenta Bharat, a Índia multimilenar camuflada em sonho futurista
Em meio à escalada do conflito entre Israel e o Hamas, opiniões se dividem e fica difícil encontrar argumentos para entender o que realmente acontece. Para embaixador que visitou a região, o que importa neste exato momento é o destino dos 2,2 milhões de indivíduos que habitam a Faixa de Gaza
País se esforçou tanto para mostrar uma nova face, mais desenvolvida, ao mundo durante a recente reunião do G-20, que chega a mudar seu nome para Bharat. Para embaixador, país ganha importância e busca ocupar um lugar próprio nas disputas globais entre a China e os EUA