Guilherme Casarões é professor da Fundação Getúlio Vargas, doutor e mestre em Ciência Política pela Universidade de São Paulo e mestre em Relações Internacionais pela Universidade Estadual de Campinas. Coordena o Observatório da Extrema Direita
Tensão na Venezuela é um desafio e uma oportunidade sem precedentes à política externa brasileira, que tem agido de forma correta. Ao tratar a questão a partir de seus riscos à democracia e à geopolítica, o Brasil reafirma seu protagonismo e valoriza seu papel na superação daquela que já se coloca como a principal crise regional deste século
Ao mesmo tempo em que vê o presidente Lula diante do desafio de recolocar o Brasil no cenário internacional, após quatro anos de isolamento e de perda de liderança em temas essenciais para a agenda interna – de mudanças climáticas à saúde global, passando por direitos humanos –, o cientista político Guilherme Casarões, considera potenciais obstáculos: “Penso que a revitalização da nossa política externa pode ser um dos pontos de partida para que o novo governo cumpra sua promessa de reconciliação nacional. Afinal, não faltam exemplos mostrando que é possível que um presidente construa legitimidade política de fora para dentro – usando a diplomacia, em suas múltiplas manifestações, para viabilizar a consecução de seu programa governamental.”
É possível falar em projeto de poder evangélico no Brasil? A combinação de três elementos – expansão demográfica de pessoas que se identificam com a fé evangélica (hoje representando, aproximadamente, um terço da população), crescente politização de temas sobre costumes e a ampliação de lideranças evangélicas com mandato eletivo – suscitou questionamentos sobre em que medida estaríamos diante de uma suposta “evangelização” da política nacional.