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iii-Brasil: Eleições triplicam visibilidade do Brasil no exterior, e cobertura oscila entre abordagem negativa sobre tensão política e tom positivo sobre vitória de Lula

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Imprensa estrangeira publicou dezenas de análises e artigos de opinião críticos a respeito do governo de Jair Bolsonaro e da radicalização política às vésperas da votação; após a vitória de Lula, cobertura se tornou mais elogiosa em relação a uma possível ‘pacificação’ do país

Por Daniel Buarque e Fabiana Mariutti*

iii-Brasil – 24 a 30 de outubro de 2022

Visibilidade: 169 reportagens em 7 veículos analisados

Classificação das notícias:

52% Neutras

35% Negativas

13% Positivas

O segundo turno das eleições presidenciais no Brasil levou a uma ampliação da visibilidade do país na imprensa internacional na última semana. No total, entre 24 e 30 de outubro foram registradas 169 reportagens com menções de destaque ao Brasil nos sete veículos da imprensa estrangeira analisados pelo Índice de Interesse Internacional (iii-Brasil). Este é um recorde de visibilidade registrada pelo levantamento realizado desde o início do ano pelo portal Interesse Nacional e representa quase três vezes a média de 59 reportagens sobre o país registradas semanalmente ao longo das 29 semanas de análise até as eleições. 

A maior parte dos textos sobre o Brasil no período (52%) teve tom neutro. O período registrou ainda 35% de textos com tom negativo, com potencial de piorar o prestígio do país no mundo. Já a proporção de notícias positivas, com potencial de melhorar a imagem do país, foi de 13%, acima da média registrada até agora no iii-Brasil.

A análise da imagem do Brasil na imprensa internacional permite perceber uma oscilação do tom editorial usado pelos jornais estrangeiros para falar sobre o país no período. Até o domingo, dia da eleição, é evidente o olhar crítico sobre a situação política do Brasil, com artigos a respeito da tensão vivida pelo país, análises negativas sobre o governo de Jair Bolsonaro e a preocupação sobre o estado da democracia. A partir do fim do domingo (30), último dia analisado neste relatório, alguns jornais estrangeiros já noticiaram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva com um tom mais positivo. 

A postura mais crítica ficou evidente em editoriais publicados por alguns dos jornais estrangeiros analisados. O jornal americano The New York Times publicou um texto de opinião com bastante destaque alertando os riscos que uma vitória de Bolsonaro poderia representar para todo o planeta por conta da aceleração da destruição da Amazônia. “Por causa das crescentes taxas de desmatamento sob o presidente Jair Bolsonaro, o ecossistema da Amazônia está à beira da catástrofe. A perda de milhões de árvores já causou diminuição das chuvas. As áreas ainda não transformadas em fazendas devem mudar de floresta densa para savana seca à medida que a Amazônia atinge um ‘ponto de inflexão’ – de degradação em espiral da qual não há retorno”, diz o artigo.

O britânico The Guardian também publicou editorial crítico ao presidente. Segundo o texto, “o planeta não vai suportar um segundo mandato do presidente de extrema-direita”. A avaliação do diário londrino vai além da questão ambiental, entretanto: “Um risco secundário – mas ainda profundamente alarmante – é um maior entrincheiramento do autoritarismo antidemocrático. Se Bolsonaro for reeleito, ele será encorajado e se beneficiará da presença fortalecida da direita no Congresso. Há temores de que ele possa minar as instituições e mudar a Constituição para permitir um terceiro mandato”, diz. No dia da eleição, The Guardian publicou outro artigo em que chamou Bolsonaro de “catástrofe brasileira” e deu visibilidade a movimentos de oposição que defendiam que ele fosse parado.

Apesar de não ser exatamente um editorial, o jornal francês Le Monde publicou um documentário em vídeo sobre a destruição da Amazônia nos últimos anos e um artigo de opinião em que diz que a reeleição de Bolsonaro seria um desastre para a Amazônia.

O jornal português Público veiculou vários artigos de opinião sobre as eleições brasileiras, a maior parte das vezes com tom negativo. Um deles alegava que a eleição ajudaria a definir o futuro da democracia e do planeta, outro dizia que a reeleição de Bolsonaro representaria o fim da Amazônia e um terceiro dizia que o Brasil poderia se tornar uma ditadura em caso de vitória de Bolsonaro: “O atual presidente explora o que já era latente no Brasil: a lógica da dominação, herança da escravatura e da ditadura, o racismo, a suspeição face à ciência”.

O jornal espanhol El País foi o que teve a maior cobertura sobre as eleições entre os analisados pelo iii-Brasil, com 58 reportagens com menções de destaque ao país. O diário publicou vários artigos de opinião sobre a situação política às vésperas do segundo turno, a maioria deles com tom crítico sobre o presidente. Bolsonaro é descrito por um deles como um líder que tem “a destruição como estratégia”. Outro artigo avalia o legado do bolsonarismo e diz que ele aumentou a força do conservadorismo no país. Um terceiro, a exemplo do visto em outros jornais, fala sobre o risco que a reeleição poderia representar para a Amazônia. E um quarto listou as mentiras contadas por Bolsonaro na campanha, alegando que o Brasil estava dividido entre “a infâmia e a esperança”.

No argentino Clarín, um artigo apontou as incertezas políticas e a polarização crescente no país às vésperas da eleição. Uma outra análise tratou da necessidade de recompor os laços entre Brasil e Argentina. Com relevância empática e inclusiva, um texto menciona que há 33 milhões na pobreza no país, o qual precisa ser governado por uma pessoa que já passou fome — como narrado no livro de Quarto de despejo: diário de um favelada de Carolina Maria de Jesus.

A mudança de tom das notícias, com abordagem mais positiva, foi perceptível já na noite de domingo. Tanto o NYT quanto o jornal inglês, o espanhol e o argentino Clarín já publicaram reportagens de tom bem mais positivo sobre a “impressionante” volta de Lula ao poder ao derrotar a extrema-direita prometendo unificar e pacificar o país.

Por conta da diferença de fuso horário, Le Monde, Público e China Daily não chegaram a noticiar o resultado das eleições no domingo (data final do período de coleta analisado aqui). As notícias sobre a vitória de Lula saíram apenas na madrugada de segunda-feira – o que vai ser avaliado apenas no relatório da próxima semana. O Público registra que apesar de o país estar dividido, espera-se que após as eleições a disputa fique para trás, pois o povo deseja um governo que torne a vida melhor. El País também elogia a qualidade da segurança das urnas eletrônicas brasileiras.

Retrospectiva 

Desde o início de abril, o iii-Brasil, ao estudar a imagem internacional do Brasil, coletou e analisou em média 63 reportagens por semana com menções de destaque ao país nos sete veículos de imprensa analisados. 

Ao longo do levantamento das últimas 30 semanas, o iii-Brasil registrou em média 51% de reportagens de tom neutro, 38% de menções com tom negativo e 11% de textos positivos sobre o país. 


*Daniel Buarque é editor-executivo do Interesse Nacional, doutor em relações internacionais pelo programa de PhD conjunto do King’s College London (KCL) e do IRI/USP. É jornalista, tem mestrado em Brazil in Global Perspective pelo KCL e é autor dos livros “Brazil, um país do presente” (Alameda) e “O Brazil É um País Sério?” (Pioneira).

Fabiana Mariutti atua como professora universitária, pesquisadora e consultora; obteve pós-doutorado, doutorado e mestrado em Administração e bacharel em Comunicação Social. Estuda a marca Brasil desde 2010. Autora dos livros: “Country Reputation: The Case of Brazil in the United Kingdom: Four Stakeholders’ Perspectives on Brazil’s Brand Image(2017) e Country Brand Identity: Communication of the Brazil Brand in the United States of America (2013).

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