Exportações tecnológicas
A Embraer assinou contrato para a venda de 50 aviões E2-195, o petróleo conquistou o primeiro lugar em nossas exportações e a safra agrícola atingiu novo recorde, todos avanços com grande conteúdo tecnológico

No mês de agosto passado as exportações brasileiras alcançaram novas situações que merecem ser comemoradas.
A Embraer assinou contrato para a venda de 50 aviões E2-195 com uma companhia regional de aviação americana, o petróleo conquistou o primeiro lugar em nossas exportações e a safra agrícola atingiu novo recorde.
Vale a pena rememorar o teor do conteúdo tecnológico que estes setores incluem em suas produções.
‘A Embraer nasceu da ideia de alguns oficiais da Força Aérea Brasileira de planejarem a construção de uma fábrica de aviões nas décadas de 1950/1960’
A Embraer nasceu da ideia de alguns oficiais da Força Aérea Brasileira de planejarem a construção de uma fábrica de aviões nas décadas de 1950/1960, e o brigadeiro Montenegro introduziu a noção que para tal feito o país necessitava inicialmente formar engenheiros aeronáuticos, o que realizou-se com a criação do ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica .
O primeiro projeto foi do famoso bandeirante, um turbo-hélice para cerca de 20 lugares que seria usado pelas companhias de aviação da época, seguindo-se pelo tucano, avião de treinamento e uso tático militar, um avião agrícola e, como ápice, chegou ao jato ERJ-145.
‘Foi um grande sucesso na exportação’
Foi um grande sucesso na exportação, notadamente para os Estados Unidos onde até hoje o ERJ 45 constitui a base da aviação regional.
Na sequência iniciou-se a produção de aviões comerciais de médio porte, da família dos ERJ-170 aos ERJ-195, que passaram a fazer rotas médias regionais das companhias de aviação europeias e dos Estados Unidos, e claro também de uso no Brasil e América Latina.
Atualmente o grande projeto da Embraer é o avião cargueiro KC—390, já em uso pela FAB e exportado para Portugal e em avançadas negociações com a Hungria e a Holanda.
‘A Embraer ocupa a terceira posição mundial na fabricação de aviões e representa um patrimônio tecnológico nacional’
Desta forma a Embraer ocupa a terceira posição mundial na fabricação de aviões e representa um patrimônio tecnológico nacional , que com suas exportações levam a mensagem de tecnologia brasileira pelos quatro cantos do mundo.
Outro setor de destaque tecnológico nacional é a Petrobras, que nos últimos anos desenvolveu e aprimorou a prospecção e produção de petróleo em águas profundas no denominado Pré-Sal.
Perfurar poços de petróleo a cerca de 80 quilômetros da costa brasileira, e profundidade de 12 quilômetros significa uma conquista tecnológica de grande mérito.
As complexidades começam pela distância da costa das plataformas e a profundidade da perfuração a uma elevadíssima pressão, exigindo materiais especiais e uma apurada tecnologia na separação do petróleo jorrado – uma mistura de água e gás.
‘O petróleo atingiu o primeiro lugar em nossas exportações’
Hoje a produção nacional de petróleo majoritariamente concentra-se na costa, notadamente na bacia do Rio de Janeiro e na bacia de Santos e salientamos que, no último mês de agosto, o petróleo atingiu o primeiro lugar em nossas exportações.
Este ano a safra de grãos nacional atingirá novo recorde, com 345 milhões de toneladas, garantindo as exportações que poderão ser aumentadas pela decisão da China de evitar comprar dos Estados Unidos.
‘O desenvolvimento da agricultura brasileira nos últimos anos se sobressai no cenário mundial através de constantes aumentos de produtividade no campo’
O desenvolvimento da agricultura brasileira nos últimos anos se sobressai no cenário mundial através de constantes aumentos de produtividade no campo, compreendendo a adaptação do plantio de soja e milho nos diferentes climas do país, como o seco Serrado, a região denominada MATOPI e o clima mais frio da região Sul.
Os produtos agrícolas são fruto de muita tecnologia e a grande contribuição vem da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, que tem atuado na preparação do solo, adubação, controle de pragas, visualização e medições das lavouras por meio de drones, plantação e colheita com máquinas dotadas de sistema de localização GPS, o que permite o trabalho com alta precisão, dia e noite.
‘A exportação de produtos agrícolas nos coloca na segunda posição no cenário mundial’
A exportação de produtos agrícolas nos coloca na segunda posição no cenário mundial logo após os Estados Unidos e é responsável pelo elevado saldo comercial do Brasil.
Exportação agrícola nos dias de hoje inclui alta tecnologia e países industrializados como os Estados Unidos, um grande campeão de tecnologia industrial e informática ocupa a posição de primeiro exportador agrícola mundial.
Estudos da FAO (Food and Agriculture Organization) apresentados 20 anos atrás indicava que o mundo iria consumir 40% a mais de alimentos em 30 anos em função a fatores como a melhoria da condição econômica da China, Índia e países da América Latina e África via programas de erradicação da fome.
O estudo também indicava que o aumento da produção agrícola se concentraria na região do Mercosul, pelas condições de disponibilidade de áreas, clima favorável e intensificação de tecnologias aplicadas.
A produção de grãos brasileira, compreendendo soja e milho, açúcar e café estão alinhados em atingirmos os patamares de produção que permitirão a alimentação do mercado interno, bem como às necessidades exportadoras.
Mario Mugnaini Jr. é colunista da Interesse Nacional, engenheiro industrial químico e empresário, foi vice-presidente da Fiesp/Ciesp entre 1998 e 2002, secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior Camex MDIC entre 2003 e 2007 e presidente da Investe SP, Agência Paulista de Investimentos e Competitividade de 2009 a 2011.
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