02 abril 2024

Bolsonaro ‘escondido’ em embaixada tem destaque na imprensa estrangeira

Revelação feita pelo ‘New York Times’ teve repercussão nos principais veículos da mídia internacional, se destacando como principal notícia sobre o país no resto do mundo

Revelação feita pelo ‘New York Times’ teve repercussão nos principais veículos da mídia internacional, se destacando como principal notícia sobre o país no resto do mundo

Por Daniel Buarque e Fabiana Mariutti*

iii-Brasil – de 25 a 31/3 de 2024

Visibilidade: 51 reportagens em 7 veículos analisados

Classificação das notícias:

51% Neutras

37% Negativas

12% Positivas

O furo de reportagem foi dado pelo jornal americano The New York Times: “Bolsonaro, enfrentando investigações, se escondeu na embaixada húngara”. A reportagem teve ampla repercussão no Brasil e no mundo, e se consolidou como o principal assunto relacionado ao país na imprensa estrangeira ao longo da última semana.

No total, foram registrados na terceira semana completa de março 51 textos com menção ao Brasil nos sete veículos analisados, volume abaixo da média semanal do Índice de Interesse Internacional (iii-Brasil). A maior proporção dos textos teve tom neutro, atingindo 51% da cobertura sobre o país. As menções negativas foram 37%, e as positivas apenas 12%. 

O jornal norte-americano “analisou imagens de três dias de quatro câmeras na Embaixada da Hungria, mostrando que Bolsonaro chegou na noite de segunda-feira, 12 de fevereiro, e partiu na tarde de quarta-feira, 14 de fevereiro”. 

A notícia ganhou destaque nacional e também em outros veículos estrangeiros: “Quatro dias depois de ter o seu passaporte confiscado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro deslocou-se até à embaixada da Hungria em Brasília, onde permaneceu duas noites. As autoridades brasileiras estão a investigar se a visita constituiu uma tentativa de fuga e deram 48 horas ao ex-chefe de Estado para se explicar”, relatou o jornal português Público

O espanhol El País destacou que o presidente húngaro, Viktor Orban, é um dos principais aliados de Bolsonaro no mundo.

A notícia também passou a pesar contra o ex-presidente. O jornal britânico The Guardian publicou que “o Ministério das Relações Exteriores do Brasil convocou o embaixador húngaro para explicar por que o ex-presidente passou duas noites ‘escondido’ na embaixada”. Segundo o próprio NYT. “O Supremo Tribunal do Brasil ordenou ao ex-presidente Jair Bolsonaro que explicasse por que passou duas noites na Embaixada da Hungria, e a Polícia Federal brasileira começou a investigar se a estadia em fevereiro violou ordens judiciais anteriores, disseram a polícia e funcionários judiciais. As medidas do Supremo Tribunal e da Polícia Federal aumentam o crescente risco legal para o ex-líder do Brasil”. Também reportado pelo argentino Clarín, que confirma as imagens do ex-presidente, o qual permaneceu na embaixada durante os dois dias seguintes, acompanhado por guardas de segurança e atendido pelo embaixador húngaro e membros do governo. 

Além da “fuga” do ex-presidente, outra notícia com grande destaque internacional foi a visita do presidente francês Emmanuel Macron ao Brasil. O jornal Le Monde publicou seis reportagens sobre a viagem do governante do país e sobre os encontros dele com o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

O jornal francês destacou, entre outros temas, a maior aproximação entre os dois líderes e como isso pode ser positivo para os dois países:  “O gesto é raro o suficiente para ser destacado. Emmanuel Macron, que inicia visita de estado de três dias ao Brasil, será recebido pessoalmente em Belém, capital do estado do Pará, na Amazônia, por Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar dos 78 anos, o presidente de esquerda não hesitou em fazer esta longa viagem de 1.600 quilômetros para receber pessoalmente o seu convidado. Um sinal da importância dada a esta chegada e do aquecimento das relações entre os dois países”.

Retrospectiva 

Desde o início de abril de 2022, o iii-Brasil coletou e analisou em média 59 reportagens por semana com menções de destaque ao país nos sete veículos de imprensa analisados. 

Ao longo do levantamento, o iii-Brasil registrou em média 50% de reportagens de tom neutro, 30% de menções com tom negativo e 20% de textos positivos sobre o país. 


*Daniel Buarque é pesquisador no pós-doutorado do Instituto de Relações Internacionais da USP (ISI/USP), doutor em relações internacionais pelo programa de PhD conjunto do King’s College London (KCL) e do IRI/USP. Jornalista, tem mestrado em Brazil in Global Perspective pelo KCL e é autor de livros como Brazil’s international status and recognition as an emerging power: inconsistencies and complexities (Palgrave Macmillan), Brazil, um país do presente (Alameda Editorial) e O Brazil é um país sério? (Pioneira). É editor-executivo do portal Interesse Nacional.

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Fabiana Mariutti atua como pesquisadora, professora universitária e consultora; obteve pós-doutorado, doutorado e mestrado em Administração e bacharel em Comunicação Social. Estuda a imagem, reputação e marca Brasil desde 2010. Interesse nas áreas de Place Branding e Public Diplomacy. Nomeada Place Brand Expert pelo The Place Brand Observer. Autora do recente artigo: “When place brand and place logo matches: VRIO applied to place brandinge dos livros: “Country Reputation: The Case of Brazil in the United Kingdom: Four Stakeholders’ Perspectives on Brazil’s Brand Imagee Country Brand Identity: Communication of the Brazil Brand in the United States of America .


O Índice de Interesse Internacional (iii-Brasil) é uma análise da imagem do país realizada a partir de um levantamento sistemático de dados sobre notícias que mencionam o Brasil a cada semana em sete publicações internacionais, selecionadas como representativas da imprensa internacional por serem reconhecidas internacionalmente como “newspapers of record”. São elas: The Guardian (Reino Unido), The New York Times (Estados Unidos), El País (Espanha), Le Monde (França), Clarín (Argentina), Público (Portugal) e China Daily (China).

Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional

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