29 agosto 2023

iii-Brasil: Cúpula do Brics e ampliação do grupo aumentam a projeção internacional do país

Reunião dos países emergentes e decisão de incluir mais seis países no grupo teve ampla cobertura na imprensa estrangeira, aumentando a visibilidade internacional do Brasil, especialmente na China

Reunião dos países emergentes e decisão de incluir mais seis países no grupo teve ampla cobertura na imprensa estrangeira, aumentando a visibilidade internacional do Brasil, especialmente na China

Por Daniel Buarque e Fabiana Mariutti*

iii-Brasil – de 21 a 27/8 de 2023

Visibilidade: 91 reportagens em 7 veículos analisados

Classificação das notícias:

61% Neutras

15% Negativas

24% Positivas

A Cúpula do Brics, na África do Sul, e a decisão do grupo de aceitar a inclusão de seis novos países foram tema de uma ampla cobertura da imprensa estrangeira na última semana, o que fez com que o Brasil tivesse uma visibilidade internacional maior do que a média no período. O evento chamou a atenção especialmente na China, principal país do grupo, onde a cobertura foi muito positiva sobre o Brics e mesmo sobre o Brasil.

No total, foram registrados na quarta semana de agosto 91 textos com menção ao Brasil nos sete veículos analisados, volume muito acima da média semanal do Índice de Interesse Internacional (iii-Brasil). A maior proporção dos textos teve tom neutro, atingindo 61% da cobertura sobre o país. As reportagens de tom positivo chegaram a 24%, e as menções negativas foram apenas 15%. 

https://interessenacional.com.br/edicoes-posts/entenda-como-funciona-o-indice-de-interesse-internacional-monitoramento-de-noticias-sobre-o-brasil-no-exterior/

Nos jornais ocidentais a cobetura do evento teve uma tendência de adotar um tom mais neutro. Os veículos trataram de forma aprofundada sobre o encontro dos líderes do Brics e apontaram o quanto o grupo está tentando se fortalecer e se colocar como uma alternativa aos EUA e ao Ocidente. Ainda assim, a maior parte das reportagens evitou apontar isso como uma coisa problemátiva e não pode ser lida como uma abordagem crítica ao Brasil especificamente. 

“O Brics acelera a corrida para se estabelecer como contrapeso ao Ocidente. O clube das economias emergentes reforça o seu perfil político com a entrada de seis novos membros, incluindo três potências petrolíferas, impulsionados pela China”, explicou uma reportagem no espanhol El País. ‘Brics mais que duplicará com admissão de seis novos países. Grande expansão como bloco econômico que inclui a Rússia e a China tenta fornecer contrapeso aos EUA e aos aliados ocidentais”, diz o texto publicado pelo britânico The Guardian.

Mas foi no jornal chinês China Daily que o assunto teve o principal destaque e tom mais positivo. No total, o veículo publicou 36 reportagens mencionando o Brasil, quase todas no contexto da Cúpula do Brics, e 15 delas com abordagem favorável ao país. 

O jornal chinês tratou o evento como um encontro “histórico” por conta de expansão e vai ajudar a promover uma governança global mais “justa”, e o aumento no número de membros do bloco vai permitir ampliar seu status internacional

O Brasil foi o foco principal de poucos desses textos sobre a Cúpula, mas é sempre mencionado como uma parte importante desse movimento do bloco.

Além da Cúpula do Brics, poucos assuntos tiveram uma abordagem mais ampla na imprensa estrangeira na semana. Um dos destaques negativos foi a divulgação de novos dados sobre desmatamento no Brasil durante o governo de Jair Bolsonaro. “Emissões de carbono da floresta amazônica dispararam durante governo Bolsonaro”, registra o Público, de Portugal. “A primeira metade da Presidência de Jair Bolsonaro foi tão destrutiva para a Amazônia que foi comparável à seca recorde do El Niño e à onda de calor de 2016 em termos de emissões de carbono, segundo cientistas”, explica The Guardian.

Retrospectiva 

Desde o início de abril de 2022, o iii-Brasil coletou e analisou em média 65 reportagens por semana com menções de destaque ao país nos sete veículos de imprensa analisados. 

Ao longo do levantamento, o iii-Brasil registrou em média 49% de reportagens de tom neutro, 31% de menções com tom negativo e 20% de textos positivos sobre o país. 


*Daniel Buarque é editor-executivo do Interesse Nacional, pesquisador do pós-doutorado do IRI-USP, doutor em relações internacionais pelo programa de PhD conjunto do King’s College London (KCL) e do IRI/USP. É jornalista, tem mestrado em Brazil in Global Perspective pelo KCL e é autor dos livros “Brazil, um país do presente” (Alameda) e “O Brazil É um País Sério?” (Pioneira).
Fabiana Mariutti atua como pesquisadora, professora universitária e consultora; obteve pós-doutorado, doutorado e mestrado em Administração e bacharel em Comunicação Social. Estuda a imagem, reputação e marca Brasil desde 2010. Autora dos livros: “Country Reputation: The Case of Brazil in the United Kingdom: Four Stakeholders’ Perspectives on Brazil’s Brand Image(2017) e Country Brand Identity: Communication of the Brazil Brand in the United States of America (2013).

O Índice de Interesse Internacional (iii-Brasil) é uma análise da imagem do país realizada a partir de um levantamento sistemático de dados sobre notícias que mencionam o Brasil a cada semana em sete publicações internacionais, selecionadas como representativas da imprensa internacional por serem reconhecidas internacionalmente como “newspapers of record”. São elas: The Guardian (Reino Unido), The New York Times (Estados Unidos), El País (Espanha), Le Monde (França), Clarín (Argentina), Público (Portugal) e China Daily (China). O iii-Brasil é produzido semanalmente pela equipe do portal Interesse Nacional e pela pesquisadora Fabiana Mariutti. Professora universitária e consultora; obteve pós-doutorado, doutorado e mestrado em Administração e bacharel em Comunicação Social. Estuda a imagem, reputação e marca Brasil desde 2010. Interesse nas áreas de Place Branding e Public Diplomacy. Nomeada Place Brand Expert pelo The Place Brand Observer, na Suíça. Autora do recente artigo: “When place brand and place logo matches: VRIO applied to Place Branding”, de dois livros e sete capítulos de livros. 

Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional

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