O cenário econômico pós-imposição de tarifas pelo governo de Donald Trump
Segundo Alberto do Amaral, a incerteza do momento atual decorre em não se saber ao certo o que Trump deseja, fato que dificulta qualquer processo de negociação

Por Alberto do Amaral*
Enquanto o governo dos EUA prepara novos impostos sobre a maioria das importações a partir de abril, o mundo se ressente das tarifas já impostas pelo presidente Donald Trump.
O professor Alberto do Amaral cita como exemplo o Canadá, que também impôs tarifas sobre itens de consumo provenientes dos EUA, assim como a União Europeia deverá impor tarifas no valor de mais de US$28 bilhões sobre bens americanos.
“A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, advertiu que as tarifas são ruins tanto para os Estados Unidos quanto para a União Europeia. São negativas para os negócios, os consumidores e para o nível de emprego, ampliam a incerteza, repercutem sobre as cadeias globais, elevam os riscos e os preços dos bens e serviços.”
No caso do Brasil, a imposição de tarifas sobre o alumínio e o aço exportados pelo Brasil para o mercado norte-americano ocasionará prejuízos ao setor siderúrgico nacional da ordem de um bilhão de dólares em 2025, conforme estima o Instituto de Economia Aplicada (Ipea), mas setores como madeira e cobre também estão ameaçados pela imposição de tarifas.
“O Brasil adotou, até agora, uma posição moderada, na qual privilegia a negociação, observando o que sucedeu em momentos anteriores […] vale lembrar que somente 14% das exportações brasileiras dirigem-se ao mercado norte-americano, logo, o Brasil é muito menos afetado que países como o Canadá e o México, que estão economicamente integrados aos Estados Unidos.
Se o governo brasileiro promovesse o aumento das tarifas sobre importações americanas, acabaria prejudicando a indústria interna, que depende de importações de bens de capital.” Ainda na opinião do colunista, não há motivos racionais para os Estados Unidos imporem tarifas às exportações de alumínio e aço provenientes do Brasil.
“Os Estados Unidos têm superávit no comércio bilateral; afora este fato, subsidiárias de empresas norte-americanas situadas no Brasil exportam para os Estados Unidos. Seja como for, a incerteza do momento atual decorre em não se saber ao certo o que Trump deseja, fato que dificulta qualquer processo de negociação”, conclui ele.
*Alberto do Amaral é professor de direito da USP
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