Trump é eleito presidente dos EUA
Republicano derrotou Kamala Harris e deve ter maioria no Congresso americano
O ex-presidente republicano Donald J. Trump venceu as disputadas eleições nos Estados Unidos e conquistou um novo mandato após derrotar a democrata Kamala Harris em estados-pêndulo decisivos no sistema político do país.
Trump foi eleito com a promessa de quebrar o status quo americano. Além de voltar à Casa Branca, Trump também deve contar com maioria republicana na Câmara e no Senado dos EUA.
A vitória de Trump coroa um notável retorno político, mesmo após ter sido acusado de tentar reverter a última eleição. Ele também resistiu a uma condenação criminal, diversas acusações, uma tentativa de assassinato e alegações de autoritarismo, além de enfrentar uma troca inédita de oponente, marcando um retorno impressionante ao poder.
Segundo reportagem do New York Times, as propostas de Trump para transformar o sistema político americano atraíram milhões de eleitores que acreditavam que o “sonho americano” estava cada vez mais distante e viam Trump como uma ferramenta para desafiar o establishment e a elite de especialistas.
Em uma nação profundamente dividida, os eleitores abraçaram sua promessa de reforçar a segurança na fronteira sul, reviver a economia com tarifas inspiradas no século 19 e reduzir o envolvimento internacional dos EUA em conflitos globais.
Em 2025, Trump se tornará o 47º presidente, quatro anos após deixar o cargo como o 45º, sendo o primeiro desde Grover Cleveland, no final do século XIX, a perder uma reeleição e retornar com sucesso. Aos 78 anos, Trump agora é o presidente eleito mais velho, superando o recorde anterior de Biden, cuja capacidade mental ele frequentemente questionou.
Em seu discurso de vitória em West Palm Beach, Flórida, Trump declarou ser líder do “maior movimento político de todos os tempos”.
“Nós superamos obstáculos que ninguém imaginava ser possível”, afirmou, destacando que assumiria o cargo com um “mandato poderoso e sem precedentes.”
Reflexos internacionais
Os reflexos da eleição vão muito além das fronteiras norte-americanas, tamanha influência que a maior potência militar do mundo tem no cenário externo.
Especialistas ouvidos pela Agência Brasil avaliam que tal influência não se restringe às atuais áreas de conflito na Europa e no Oriente Médio. Brasil, América Latina e China também aguardaram ansiosamente o desfecho da disputa.
O pesquisador do Instituto Nacional de Estudos sobre os EUA (Ineu) e professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Goulart Menezes, explicou que, para o Brasil, efeitos mais significativos poderão ocorrer caso o vencedor das eleições seja o republicano.
“Trump será um presidente de extrema direita que tenderá a reforçar laços e vínculos com a extrema direita de países latino-americanos. Algo preocupante, pois não ocorre há uns 15 anos, é o risco de ele promover, na região, candidaturas contrárias à democracia, tanto na América da Sul como na América Latina em geral”, disse à Agência Brasil o pesquisador, que tem doutorado em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP).
Professor do Departamento de História da UnB, Virgílio Caixeta Arraes avalia que a relação com o Brasil será a mesma: “teremos importância secundária para os EUA”, disse Arraes. “Com exceção de poucos países da América Latina e Caribe, como México, Venezuela, Colômbia ou Cuba, por motivos diferentes, a atenção de Washington para a região é menor que a de outras localidades do planeta, como o Oriente Médio ou o sudeste asiático.”
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