Balanço do primeiro ano do governo do presidente Lula não pode omitir a complexidade da cena política no Brasil e no mundo nem ignorar o enorme desafio de recompor a harmonia entre os poderes, reduzindo a pressão fisiológica, recolocando a agenda nas mãos da política
Carlos Melo Avaliar governos com menos de seis meses de mandato é risco que pode comportar injustiças. O destino ainda não se cumpriu; há tempo para que a realidade seja transformada. Alterar o curso do presente é missão dos grandes políticos, sobretudo, em momentos de crise. O futuro do governo Lula está, portanto, aberto. Dependerá […]
A origem das milícias é um paradoxo e um aviso. Integradas por policiais da ativa e da reserva, as milícias se organizaram para sua autodefesa e de suas famílias, em virtude da precariedade da Segurança Pública nas comunidades onde moravam. Sua estrutura, métodos, implicações e crescimento não podem ser dissociados da realidade e dos graves problemas que assaltam a Segurança Pública nacionalmente, levando todos à sensação de violência crescente, medo e desamparo. Principiando pela abordagem das milícias no Rio de janeiro, o artigo segue passando em revista os principais pontos que contribuem para a atual insegurança no país: sistema prisional, juventude vulnerável, política de drogas, polícias, sistema e política nacional de Segurança. Concluindo, o autor retorna àqueles que assombram os brasileiros e os ameaçam com seu poder crescente, os milicianos. A sensação de insegurança é generalizada e alcança todos, ainda que por modos diferenciados e está conectada à sensação de corrupção e baixa representatividade do sistema político do país.
Após 25 anos de estabilidade política, alternância de poder, adoção de reformas e de políticas econômicas que favoreceram equilíbrio fiscal e certa racionalidade econômica, além da implementação de políticas sociais que geraram melhorias incrementais nas condições de vida da população, seria correto afirmar que a democracia constitucional, estruturada em 1988, vinha sendo bem-sucedida.
O presente artigo tem como interesse fundamental contribuir para o debate acerca do processo de reformas e modernização da sociedade brasileira. Aqui, serão expostos três componentes que se julgam fundamentais para esse diálogo: a premissa de que o Brasil é uma democracia de baixa qualidade; os impactos desta baixa qualidade no processo eleitoral com a consequente eleição de Bolsonaro e a fragmentação das oposições e uma reflexão ensaística acerca da necessidade de implementação de um projeto de reformas e inserção do Brasil nas cadeias produtivas globais, incluindo uma política de ciência, tecnologia e inovação que aloque recursos de modo racional.