Crime e desmatamento na Amazônia são destaque na mídia estrangeira
Pesquisa sobre tráfico de drogas e violência nas áreas de fronteira da floresta chamam atenção internacional, enquanto imprensa também continua falando sobre destruição ambiental
Por Daniel Buarque e Fabiana Mariutti*
iii-Brasil – de 15 a 21/7 de 2024
Visibilidade: 37 reportagens em 7 veículos analisados
Classificação das notícias:
40% Neutras
40% Negativas
19% Positivas
Uma pesquisa sobre criminalidade e violência nas áreas de fronteira da Floresta Amazônica foi o tema relacionado ao Brasil de maior repercussão na imprensa estrangeira na última semana. Em uma semana de baixa visibilidade do país, a cobertura no exterior também abordou outros temas ligados à Amazônia, como o desmatamento e a questão ambiental.
No total, foram registrados na terceira semana de julho 37 textos com menção ao Brasil nos sete veículos analisados, volume muito abaixo da média semanal do iii-Brasil. O período registrou a mesma proporção de textos neutros e negativos: 40,5%. As menções positivas foram 19%.
Entenda como funciona o iii-Brasil
O assunto com maior repercussão ao tratar do Brasil no período foi o aumento da criminalidade e da violência nas regiões de fronteira da Amazônia.
“Crime trinacional: tráfico de drogas e ilegalidade desgastam a Amazônia no Brasil, Peru e Colômbia. International Crisis Group publica relatório sobre como acabar com o crime nesta região. A colaboração entre o Comando Vermelho e os dissidentes das Farc intensificou o conflito”, relata o espanhol El País. “Na tríplice fronteira sem lei entre Brasil, Colômbia e Peru, o tráfico de drogas, a extração ilegal de madeira e as gangues colocam em risco o tecido ecológico e social da floresta tropical”, diz o Guardian.
O tema apareceu também no espanhol El País: “A Amazônia se tornou uma espécie de curinga quando se trata de mudanças climáticas. Os líderes regionais, nacionais e até internacionais recorrem frequentemente ao grande ecossistema quando falam sobre os locais que são fundamentais para enfrentar a crise. Mas esta floresta tropical não está apenas em risco de desmatamento, perda de biodiversidade ou daquilo que os especialistas chamam de ponto ‘sem retorno’. Na tríplice fronteira entre Colômbia, Brasil e Peru, também foi criado um foco de criminalidade que aproveita a escassa presença do Estado para promover o tráfico transfronteiriço de drogas, bem como a exploração madeireira, a pesca e a mineração ilegal”.
Além disso, outro enfoque importante continua sendo a questão ambiental: “A Amazônia continua queimando, apesar da queda no desmatamento. Pelo menos 13.400 incêndios foram registrados na floresta tropical desde o início de 2024. A causa é a grave seca que assola desde 2023. O presidente Lula pediu uma mobilização geral, enquanto o Brasil se comprometeu a parar o desmatamento até 2030”, diz reportagem publicada pelo jornal francês Le Monde.
No americano The New York Times, a cobertura ganhou um enfoque mais leve, com um perfil de uma mulher apresentada como possivelmente a indígena mais velha da Amazônia. “A vida de Varî Vãti Marubo mostra o quanto a vida mudou para as tribos indígenas da floresta tropical — e o quanto permaneceu a mesma”, diz.
Já o jornal português Público destaca a imagem de uma tribo de povos raros de Mascho Piro brincando na praia no Peru em zona de madeireiros no Peru ao alertar que “Não é comum que tantos membros da tribo sejam vistos em conjunto”.
Retrospectiva
Desde o início de abril de 2022, o iii-Brasil coletou e analisou em média 57 reportagens por semana com menções de destaque ao país nos sete veículos de imprensa analisados.
Ao longo do levantamento, o iii-Brasil registrou em média 51% de reportagens de tom neutro, 29% de menções com tom negativo e 19% de textos positivos sobre o país.
*Daniel Buarque é pesquisador no pós-doutorado do Instituto de Relações Internacionais da USP (ISI/USP), doutor em relações internacionais pelo programa de PhD conjunto do King’s College London (KCL) e do IRI/USP. Jornalista, tem mestrado em Brazil in Global Perspective pelo KCL e é autor de livros como Brazil’s international status and recognition as an emerging power: inconsistencies and complexities (Palgrave Macmillan), Brazil, um país do presente (Alameda Editorial) e O Brazil é um país sério? (Pioneira). É editor-executivo do portal Interesse Nacional.
Fabiana Mariutti atua como pesquisadora, professora universitária e consultora; obteve pós-doutorado, doutorado e mestrado em Administração e bacharel em Comunicação Social. Estuda a imagem, reputação e marca Brasil desde 2010. Interesse nas áreas de Place Branding e Public Diplomacy. Nomeada Place Brand Expert pelo The Place Brand Observer, na Suíça. Autora do recente artigo: “When place brand and place logo matches: VRIO applied to Place Branding”, de dois livros e sete capítulos de livros.
O Índice de Interesse Internacional (iii-Brasil) é uma análise da imagem do país realizada a partir de um levantamento sistemático de dados sobre notícias que mencionam o Brasil a cada semana em sete publicações internacionais, selecionadas como representativas da imprensa internacional por serem reconhecidas internacionalmente como “newspapers of record”. São elas: The Guardian (Reino Unido), The New York Times (Estados Unidos), El País (Espanha), Le Monde (França), Clarín (Argentina), Público (Portugal) e China Daily (China). O iii-Brasil é produzido semanalmente pela equipe do portal Interesse Nacional e pela pesquisadora Fabiana Mariutti. Professora universitária e consultora; obteve pós-doutorado, doutorado e mestrado em Administração e bacharel em Comunicação Social. Estuda a imagem, reputação e marca Brasil desde 2010. Interesse nas áreas de Place Branding e Public Diplomacy. Nomeada Place Brand Expert pelo The Place Brand Observer, na Suíça. Autora do recente artigo: “When place brand and place logo matches: VRIO applied to Place Branding”, de dois livros e sete capítulos de livros.
Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional