Balanço da atuação do Brasil no Conselho de Segurança da ONU

O diplomata e ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil Carlos Alberto Franco França lembra em seu artigo que o Brasil conclui o primeiro ano de seu 11o mandato como membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e, à luz da atuação brasileira, analisa a necessidade de reforma do órgão, de maneira a torná-lo mais legítimo e representativo das realidades políticas do século XXI: “É inaceitável que regiões inteiras sejam alijadas dos processos decisórios centrais do Conselho, com a ausência completa da África e da América Latina e Caribe entre os membros permanentes, além da sub-representação da Ásia”.

A necessidade de um governo de reconstrução nacional

Claudio Goncalves Couto 23 dezembro 2022

O cientista Cláudio Couto avalia que na era da antipolítica, o que outrora seria fraqueza para qualquer um que almejasse a presidência da república, converteu-se em trunfo. Foi a “marginalidade” que conferiu a Bolsonaro aparência de outsider. Neste artigo, o autor trata dos desafios que o legado da gestão bolsonarista coloca para o terceiro mandato de Lula. O entendimento do que será herdado é o caminho para se vislumbrar o que virá. “Prefiro a designação de “marginal” à de “outsider”, considerando a trajetória de Bolsonaro em seus 30 anos de carreira”. Ele é chefe de um empreendimento político-familiar longevo, bem-sucedido eleitoralmente e nacionalmente conhecido, mesmo que por suas bizarrices.

Armadilhas ideológicas

Denis Lerrer Rosenfield 23 dezembro 2022

O professor de filosofia Denis Lerrer Rosenfield defende em seu artigo que as credenciais democráticas do PT são duvidosas. Considera que contra Bolsonaro o partido soube defender a democracia, tendo tido uma postura responsável, mas tal comportamento não se repete, para ele, quando ditadores e autocratas são de esquerda. O articulista argumenta que cabe ao novo governo decidir se continuará caminhando no respeito às instituições democráticas, ou se essas serão apenas instrumentos de subversão da própria democracia, e destaca: “Espera-se que experiência bolsonarista tenha sido um poderoso antídoto, pois essa não pode se apresentar com uma nova roupagem”.

Brasil tem pressa na pauta do meio ambiente e mudança do clima

Everton Vieira Vargas 23 dezembro 2022

O embaixador Everton Vieira Vargas considera que o mundo de 2023 é mais complexo, incerto e violento do que há 20 ou 30 anos. Em sua visão, a rivalidade entre EUA e China é distinta da competição que marcou a Guerra Fria entre Washington e Moscou. Ele pondera que ambos os lados precisam proteger seus interesses nacionais e, ainda, colaborar em temas de interesse mútuo, como meio ambiente e mudança do clima. As duas potências estão entre os maiores parceiros do Brasil, tanto no plano econômico-comercial quanto no dos investimentos. Desta forma, será crescente o interesse brasileiro pela mesma pauta do ambiente e do clima, tão presente para ambos.

Desafios urgentes para o Ministério da Defesa

Eugenio Diniz 23 dezembro 2022

Eugenio Diniz, professor universitário e dedicado ao tema das Forças Armadas, relaciona em seu texto o quão largamente desequipadas elas estão no momento em função da antiguidade de seus equipamentos, os quais, mesmo modernizados, tendem ao baixo desempenho tático. Ao mesmo tempo, o articulista diz que a realidade fiscal brasileira inviabiliza a solução de aumentar significativamente o orçamento do Ministério da Defesa. Para ele, a forma de reequilibrar a situação seria com redução significativa do pessoal militar, ambicionando dessa forma a diminuição de despesas, e, no longo prazo, ajudar a conter a expansão de gastos com pessoal inativo e benefícios relacionados.

2022: última chance de eleição presidencial sem candidato evangélico

Juliano Spyer 23 dezembro 2022

Os pesquisadores do tema da evangelização no Brasil, Juliano Spyer e Vinicius do Valle escrevem sobre o futuro político do país com a crescente participação dessa parcela da população. Eles salientam que a mobilização e o uso do discurso e da identidade religiosas ganharam destaque inédito nas eleições de 2022. Neste artigo, ambos discutem a importância do voto evangélico no contexto eleitoral brasileiro contemporâneo e percorrem a trajetória do segmento social na sociedade brasileira, analisando também o perfil ideológico desse grupo. O principal argumento dos autores é que, pela trajetória de crescimento dos evangélicos na sociedade, a eleição de 2022 pode ter sido a última em que o candidato apoiado pelo grupo religioso foi derrotado.

A política externa e o novo governo

Rubens Barbosa 23 dezembro 2022

O embaixador Rubens Barbosa elenca em seu texto a responsabilidade histórica de se restabelecer o papel da Casa de Rio Branco como o principal formulador e executor da política externa que o novo ministro do Exterior deverá assumir a partir de 1º de janeiro de 2023. Ele pontua que, seguindo o exemplo do patrono da diplomacia brasileira, o ministro deverá de manter, acima de interesses ideológicos e partidários, as linhas permanentes da atuação externa como política de Estado, e não de governo de turno. E ressalta: “Com visão de futuro, o Itamaraty voltará a ser parte das ações para o Brasil reencontrar seu lugar no mundo como uma das dez maiores economias globais”.

Reverso da fortuna: a volta da boa imagem do Brasil no mundo

iii-Brasil 23 dezembro 2022

O jornalista Daniel Buarque e a pesquisadora Fabiana Gondim Mariutti tratam aqui da imagem do Brasil no exterior a partir da análise do índice iii-Brasil. Analisando a mídia internacional desde abril de 2022, o índice confirmou o que já era apontado por estudos acadêmicos e publicações sobre o tema. A eleição de Bolsonaro afetou a imagem internacional do país, ameaçando a sua posição global e criando o risco de o Brasil se tornar pária internacional. Essa má reputação é perceptível nos relatórios iniciais do iii-Brasil. Até o início de setembro e diante de 56 reportagens avaliadas por semana com menções ao país, 39% delas tinham tom negativo e apenas 12% positivo.

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