O artigo discute as percepções corriqueiras presentes em diferentes setores da sociedade brasileira sobre a problemática de defesa nacional. Dessa forma, dez mitos sobre a questão são identificados. Para cada um deles, o autor apresenta uma breve descrição e posterior refutação. Pretende, assim, esclarecer percepções tidas como errôneas e contribuir para o debate público sobre defesa nacional.
O artigo analisa o conflito de Roraima com base na formação social do Brasil. Para o autor, não interessaria ao país alimentar um litígio que violenta a composição étnica de seu povo, opondo brasileiros como se constituíssem nações diferentes. Conclui que a reserva de extensas glebas em faixa de fronteira, para usufruto exclusivo de índios, provocando a extrusão de não índios e do próprio Estado, enfraqueceria a segurança nacional e potencializaria a cobiça da Amazônia.
Estaria em curso um processo de internacionalização da indústria farmacêutica brasileira, distinto do ocorrido quando de sua instalação no país. A característica do novo processo seria a crescente participação das empresas aqui instaladas, inclusive algumas de capital nacional, nos circuitos globais de produção e distribuição de medicamentos, alcançando, inclusive, alguns nichos da área de P&D. O processo seria insipiente, mas promissor, e demandaria políticas públicas de apoio.
O Brasil se tornou o principal parceiro do Paraguai a partir dos anos 70. Essa relação teria criado uma dependência desfavorável ao desenvolvimento paraguaio, baseada na subutilização dos recursos gerados por Itaipu e na reexportação de produtos, muitos deles contrabandeados, para o Brasil. O autor sustenta que a revisão profunda dessas relações é condição necessária à superação do subdesenvolvimento e da pobreza extrema no Paraguai.
A posse do ex-bispo Fernando Lugo, uma verdadeira alternancia no poder, desafia o Brasil. Habituado a tratar com políticos predadores, diz o autor, o país encontra novos e desconhecidos interlocutores no Paraguai. Juntos deverão buscar soluções para as agudas questões do relacionamento bilateral: Itaipu, a situação dos brasiguaios e a integração sul-americana. O Brasil deve conceder uma oportunidade aos novos dirigentes e buscar exercer uma liderança benigna.
Os autores argumentam que a questão racial ocupou, ainda que veladamente, lugar central na agenda da construção do Estado brasileiro desde o século XIX. Aos negros, as elites teriam reservado um lugar subordinado nos projetos de modernização do país. O crescimento econômico e a adoção de políticas sociais universais não seriam suficientes para libertá-los desse lugar ideologica e socialmente construído. Para tanto, os autores defendem a necessidade de políticas de ação afirmativa.
Depois de traçar o histórico do afã “de ver raça em tudo para dividir o Brasil em brancos e negros”, analisam-se as supostas falácias dos argumentos em favor das políticas de cotas raciais e as suas conseqüências danosas. Como uma profecia que se cumpre por si só, a política proposta criaria as “raças” ao introduzir leis que emanam do Estado obrigando os cidadãos a se definirem racialmente.
A reversão das expectativas pessimistas a respeito da sobrevivência dos povos indígenas no Brasil expressou-se no capítulo especial de direitos originários e coletivos da Constituição de 1988. As demarcações de terras indígenas avançaram em todo o país, especialmente na faixa de fronteira da região Amazônica, em muitos casos com a presença de unidades militares. Tal situação requer soluções apropriadas para equacionar as relações entre índios e militares, no marco do Estado Democrático de Direito. O decreto de homologação da demarcação da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol, em Roraima, seria um passo nessa direção.