15 agosto 2023

iii-Brasil: Mesmo sem avanço concreto, Cúpula da Amazônia é vista no exterior como sucesso e melhora imagem do país

Criticada internamente por falta de consenso sobre fim do desmatamento, evento sediado pelo Brasil foi visto como passo significativo e marca da mudança da postura do país em relação à questão ambiental, projetando positivamente sua imagem

Criticada internamente por falta de consenso sobre fim do desmatamento, evento sediado pelo Brasil foi visto como passo significativo e marca da mudança da postura do país em relação à questão ambiental, projetando positivamente sua imagem

Por Daniel Buarque e Fabiana Mariutti*

iii-Brasil – de 7 a 13/8 de 2023

Visibilidade: 55 reportagens em 7 veículos analisados

Classificação das notícias:

38% Neutras

20% Negativas

42% Positivas

A realização da Cúpula da Amazônia, em Belém, foi o principal tema relacionado ao Brasil a ter destaque na imprensa estrangeira ao longo da segunda semana de agosto. Apesar de ter sido criticado por especialistas no país por não ter atingido um consenso sobre desmatamento e não ter alcançado um avanço concreto, a cobertura internacional foi majoritariamente positiva. Essa abordagem consolida a inversão da percepção a respeito da política ambiental do país, alvo de críticas durante o governo de Jair Bolsonaro. E foi a primeira vez desde abril em que as notícias de tom positivo foram maioria.

No total, foram registrados na segunda semana de agosto 55 textos com menção ao Brasil nos sete veículos analisados, volume abaixo da média semanal do Índice de Interesse Internacional (iii-Brasil). A maior proporção dos textos teve tom positivo, atingindo 42% da cobertura sobre o país. As reportagens de tom neutro chegaram a 38%, e as menções negativas foram apenas 20%. 

https://interessenacional.com.br/edicoes-posts/entenda-como-funciona-o-indice-de-interesse-internacional-monitoramento-de-noticias-sobre-o-brasil-no-exterior/

A Cúpula foi tema de editoriais de jornais importantes, como o britânico The Guardian e o francês Le Monde. Também foram publicadas noticias no espanhol El País, no argentino Clarín e no português Público.

O diário de Paris chamou o resultado do evento de “compromisso animador”. “Com o término da grande Cúpula da Amazônia, o desejo do presidente Lula de aparecer como o líder de uma transição verde e uma nova política regional para preservar a floresta tropical só pode ser bem-vindo”, diz. O jornal francês também chamou o evento de “sucesso diplomático”, ainda que reconheça que os avanços foram limitados.

O jornal londrino, de forma semelhante, tratou a cúpula de forma elogiosa e apontou a importância da mudança de postura ambiental do país depois da mudança de governo. “A eleição de Lula, mudou a política ambiental da região. Mas é necessária mais assistência internacional”, diz. “Ao mudar o clima político, a eleição do presidente brasileiro abriu uma janela de oportunidade para a infraestrutura verde mais valiosa do planeta.”

Por mais que tenham sido registradas críticas à falta de um resultado efetivo e marcante, publicações estrangeiras como o jornal americano The New York Times ressalta que o acordo “fornece um roteiro para conter o desmatamento desenfreado, causado em grande parte pela agricultura industrial e grilagem de terras, que danificou gravemente a floresta tropical e tem grandes implicações para o clima da Terra”.

O espanhol El País publicou sobre o lançamento do plano econômico de Lula: 350 bilhões de dólares de investimento em infraestrutura e transição ecológica.

Já o argentino Clarín abordou um texto em que reforça a iniciativa de Lula em que oito países se reuniram no “Brasil para salvar a Amazônia, o pulmão do planeta… Eles se reúnem nesta terça e quarta-feira em Belém. Eles procurarão traçar um roteiro”.

Criticamente, o jornal português Público, comenta sobre a dificuldade do avanço de um desafio gigantesco dos líderes dos oito países amazônicos em busca de “políticas e de medidas para impulsionar a cooperação regional em matéria ambiental”.

Retrospectiva 

Desde o início de abril de 2022, o iii-Brasil coletou e analisou em média 66 reportagens por semana com menções de destaque ao país nos sete veículos de imprensa analisados. 

Ao longo do levantamento, o iii-Brasil registrou em média 49% de reportagens de tom neutro, 31% de menções com tom negativo e 19% de textos positivos sobre o país. 


*Daniel Buarque é editor-executivo do Interesse Nacional, pesquisador do pós-doutorado do IRI-USP, doutor em relações internacionais pelo programa de PhD conjunto do King’s College London (KCL) e do IRI/USP. É jornalista, tem mestrado em Brazil in Global Perspective pelo KCL e é autor dos livros “Brazil, um país do presente” (Alameda) e “O Brazil É um País Sério?” (Pioneira).

Fabiana Mariutti atua como pesquisadora, professora universitária e consultora; obteve pós-doutorado, doutorado e mestrado em Administração e bacharel em Comunicação Social. Estuda a imagem, reputação e marca Brasil desde 2010. Autora dos livros: “Country Reputation: The Case of Brazil in the United Kingdom: Four Stakeholders’ Perspectives on Brazil’s Brand Image(2017) e Country Brand Identity: Communication of the Brazil Brand in the United States of America (2013).

O Índice de Interesse Internacional (iii-Brasil) é uma análise da imagem do país realizada a partir de um levantamento sistemático de dados sobre notícias que mencionam o Brasil a cada semana em sete publicações internacionais, selecionadas como representativas da imprensa internacional por serem reconhecidas internacionalmente como “newspapers of record”. São elas: The Guardian (Reino Unido), The New York Times (Estados Unidos), El País (Espanha), Le Monde (França), Clarín (Argentina), Público (Portugal) e China Daily (China).

Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional

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