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Rubens Barbosa: As mulheres no Itamaraty

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Pela primeira vez, as missões diplomáticas dos EUA em Brasília e do Brasil em Washington vão estar, ao mesmo tempo, sendo chefiadas por mulheres. Em benefício do país e do Itamaraty, espera-se que o atual movimento para dar mais espaço e visibilidade às mulheres na administração pública se transforme em um compromisso político para que elas possam se beneficiar de uma melhor distribuição de poder e de prestígio a fim de corrigir um problema histórico

A embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti, que vai representar o Brasil nos EUA (Foto: Agência Senado)

Por Rubens Barbosa*

Nesta semana, o governo dos EUA concedeu agrément a Maria Luiza Ribeiro Viotti como nova embaixadora do Brasil em Washington.

Maria Luiza tem uma carreira brilhante, tendo ocupado diversas posições de chefia no Itamaraty em Brasilia e no exterior, onde foi embaixadora em Berlim, na missão junto às Nações Unidas e foi chefe de gabinete do secretário geral da ONU, António Guterres. Agora, como coroamento de sua carreira, vai chefiar a embaixada nos EUA, a mais importante representação diplomática brasileira no exterior.

É a primeira vez na história em 200 anos de relações com os EUA que uma mulher é designada para comandar a embaixada em Washington, coincidindo com o início da gestão de uma mulher, Elizabeth Bagley, como embaixadora dos EUA no Brasil. Pela primeira vez, as missões diplomáticas em Brasilia e em Washington vão estar, ao mesmo tempo, sendo chefiadas por mulheres.

O governo Lula está procurando dar mais mais espaço e visibilidade às mulheres na administração pública. O número de mulheres no ministério e em funções de direção aumentou. No Itamaraty, a segunda posição hierárquica, depois do ministro, a Secretaria Geral, pela primeira vez está sendo ocupada por uma mulher, a embaixadora Maria Laura Rocha.

Recentemente foi criada no Itamaraty a Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras, presidida pela embaixadora Irene Gala, para defender os interesses das mulheres na carreira.

Há 102 anos a primeira mulher foi admitida na carreira diplomática com seus direitos limitados, segundo a legislação da época. Só em 1988, a primeira mulher negra conseguiu entrar no Itamaraty. A reforma de 1931, ao incorporar a mulher ao Corpo Consular, mas não ao Corpo Diplomático, e a de 1938, ao proibir totalmente a entrada de mulheres no Itamaraty, embora preservando o direito das que já estavam na carreira, discriminou ainda mais. Essa legislação foi na contramão da tendência de igualdade de gêneros que se intensificara em 1932 com a conquista do sufrágio feminino. Nem a criação do Instituto Rio Branco, em 1945, conseguiu modificar essas restrições.

Naquele mesmo ano, o Brasil subscreveu a Carta das Nações Unidas e, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que afirmaram a necessidade do respeito às liberdades individuais e à igualdade de oportunidades sem distinção de raça, sexo, língua e religião. Somente na reforma do Itamaraty de 1953, foi a proibição de ingresso de mulheres eliminada, embora ainda com limitações.

A partir daí, a ação política firme e corajosa de mulheres diplomatas tem ido no sentido de buscar assegurar seus direitos e garantir isonomia de tratamento em temas ligados a questões da família – como direito ao trabalho quando acompanhando cônjuge também profissional – e a questões institucionais e de ascensão funcional, como designação para chefias e promoções com critérios nítidos para aferição de mérito. Com peso específico menor na diplomacia do que na sociedade, as mulheres diplomatas legitimamente pleiteiam mudanças.

Em benefício do Brasil e do Itamaraty, espera-se que o atual movimento se transforme em um compromisso político para que as mulheres possam se beneficiar de uma melhor distribuição de poder e de prestígio para corrigir a situação atual.  


*Rubens Barbosa foi embaixador do Brasil em Londres, é diplomata, presidente do Instituto Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e coordenador editorial da Interesse Nacional.

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