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Rubens Barbosa: Um erro histórico

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A história oficial no Brasil registra um equívoco sobre o início do relacionamento diplomático com os Estados Unidos, repetindo que os americanos foram os primeiros a reconhecer a independência brasileira. Segundo o embaixador Rubens Barbosa, que serviu em Washington, DC., as relações entre o Brasil e os EUA só ocorreram a partir de em 1825, e a Argentina foi a primeira a reconhecer a independência 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama são recebidos pelo presidente dos EUA, Joe Biden, na Casa Branca (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Por Rubens Barbosa*

O comunicado conjunto divulgado pelos governos brasileiro e norte-americano ao final da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Washington incluiu referência à celebração, em 2024, do bicentenário das relações diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos.

Tendo sido embaixador do Brasil nos EUA, aprofundei meu conhecimento sobre a história diplomática entre os dois países. Uma das coisas que descobri é que a história oficial no Brasil registra um equívoco no tocante ao início do relacionamento diplomático com os Estados Unidos. Dá-se como pacífico que o reconhecimento do Brasil pelos EUA ocorreu em 1824 com o governo Monroe. Repete-se inclusive que os EUA foram o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil.

Na realidade, há um duplo equívoco. O estabelecimento do relacionamento diplomático entre o Brasil e os EUA só ocorreu em 1825, depois que Portugal e a Grã-Bretanha haviam reconhecido a independência do Brasil. Os EUA não quiseram criar atrito com Portugal. O primeiro país a reconhecer a independência brasileira não foi nem os EUA, nem a Grã-Bretanha, foi a Argentina, em 1823, por razões relacionadas com a disputa pela Província Cisplatina, hoje o Uruguai.

A razão desse erro histórico talvez resida no fato de que o credenciamento do primeiro encarregado de negócios do Brasil em Washington, José Silvestre Rebelo, ter ocorrido em maio de 1824. Isso aconteceu sem qualquer envolvimento diplomático, pois o governo norte-americano não reconhecia a independência brasileira e tratava todos os assuntos diretamente com Lisboa e não com o Rio de Janeiro. Silvestre Rebelo não era recebido por autoridades governamentais nem teve qualquer atividade diplomática na capital norte-americana.

O Itamaraty e o Departamento de Estado precisam atualizar seus registros sobre o reconhecimento da Independência e o início do relacionamento diplomático entre os dois países a fim de evitar repetir esse erro histórico.

 Celebração do bicentenário só em 2025, e não em 2024.


*Rubens Barbosa foi embaixador do Brasil em Londres e em Washington, DC., é diplomata, presidente do Instituto Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e coordenador editorial da Interesse Nacional.

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