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Interesse Nacional
06 novembro 2023

Israel e Hamas – Os limites da operação e a necessidade de uma solução sustentável

Conflito em Gaza é um desafio complexo e delicado, que não pode ser resolvido unicamente através de operações militares. Para professora, solução baseada no diálogo e na cooperação é o caminho a seguir para alcançar a paz e a estabilidade na região

Conflito em Gaza é um desafio complexo e delicado, que não pode ser resolvido unicamente através de operações militares. Para professora, solução baseada no diálogo e na cooperação é o caminho a seguir para alcançar a paz e a estabilidade na região

Jovem observa destruição deixada por ataque na Faixa de Gaza (Foto:Abed Zagout/PNUD PAPP)

Por Karina Stange Calandrin*

No último mês, o conflito entre Israel e o grupo Hamas tem gerado preocupação e debate em todo o mundo. Embora a situação seja complexa e multifacetada, é essencial analisar as limitações da estratégia militar israelense e a necessidade de encontrar uma solução sustentável que leve em consideração a situação da população palestina, a impossibilidade de erradicar o Hamas, as preocupações relacionadas à imagem internacional de Israel, o crescimento do antissemitismo e o caráter terrorista do Hamas, bem como o desafio que é combater a ideologia extremista do grupo.

O conflito entre Israel e o Hamas tem suas raízes em décadas de tensões políticas, territoriais e religiosas. Israel e o Hamas, uma organização islâmica palestina estabelecida em 1987, têm lutado por territórios e reconhecimento desde então. O resultado tem sido uma série de conflitos armados intermitentes, causando sofrimento e perdas de vidas de ambos os lados.

‘A tentativa de destruir completamente o Hamas por meio de operações militares tem se mostrado difícil devido à natureza descentralizada e adaptativa do grupo’

A estratégia de Israel de lidar com o Hamas através de operações militares demonstrou limitações significativas. A tentativa de destruir completamente o Hamas por meio de operações militares tem se mostrado difícil devido à natureza descentralizada e adaptativa do grupo. Além disso, os ataques frequentes têm causado um grande número de baixas civis e levantado preocupações humanitárias em nível internacional. As operações de grande escala não trouxeram a estabilidade e a segurança duradoura que Israel deseja.

A população palestina em Gaza é quem mais sofre com esse conflito contínuo. As operações militares israelenses resultaram em mortes e ferimentos de civis, bem como em destruição de infraestrutura básica, prejudicando o acesso a água potável, eletricidade e cuidados médicos. O bloqueio de Gaza também contribuiu para a deterioração das condições humanitárias, tornando a vida difícil para os palestinos.

O Hamas é uma organização complexa e profundamente enraizada na política e sociedade palestina de Gaza. Ele fornece serviços sociais e políticos, o que lhe confere um apoio significativo, apesar de sua posição controversa.

‘Operações militares que resultam em um grande número de vítimas civis podem prejudicar a reputação de Israel e alimentar sentimentos antissemitas’

Além dos desafios locais, o governo israelense deve considerar suas relações internacionais e a crescente preocupação com o antissemitismo em todo o mundo. A resposta de Israel ao conflito tem um impacto significativo em sua imagem global. Operações militares que resultam em um grande número de vítimas civis podem prejudicar a reputação de Israel e alimentar sentimentos antissemitas. Portanto, a busca por uma solução pacífica e a demonstração de compromisso com a paz podem ser fundamentais para melhorar a posição de Israel na comunidade internacional.

É importante destacar que o grupo Hamas é considerado uma organização terrorista por vários países e organizações internacionais, devido às suas atividades terroristas, que incluem ataques a civis. Além disso, o Hamas recebe apoio financeiro e político de países como o Irã e o Qatar, o que contribui para sua sustentação e influência na região. Esse apoio externo tem sido uma das razões pelas quais o Hamas continua a ser uma força significativa no conflito entre Israel e os palestinos.

‘Ideias e crenças desempenham um papel fundamental na identidade do Hamas, e combater essa ideologia é um desafio complexo que não pode ser alcançado apenas por meio de operações militares’

Outro aspecto que torna o Hamas difícil de erradicar é a natureza de sua ideologia extremista. O grupo está profundamente comprometido com uma agenda ideológica que envolve a resistência armada e a rejeição do Estado de Israel. Ideias e crenças desempenham um papel fundamental na identidade do Hamas, e combater essa ideologia é um desafio complexo que não pode ser alcançado apenas por meio de operações militares.

O conflito entre Israel e o Hamas é um desafio complexo e delicado, que não pode ser resolvido unicamente através de operações militares. É fundamental reconhecer as limitações da estratégia militar israelense, considerar as condições da população palestina, entender a impossibilidade de erradicar o Hamas, levar em consideração as preocupações internacionais e o crescimento do antissemitismo, bem como reconhecer o caráter terrorista do Hamas e o desafio que é combater a sua ideologia extremista.

A busca por uma solução sustentável, baseada no diálogo e na cooperação, é o caminho a seguir para alcançar a paz e a estabilidade na região, enquanto se protege a imagem internacional de Israel e se combate o antissemitismo. Enquanto o conflito persistir, a principal vítima será a população civil, tanto israelense quanto palestina, e o impacto negativo se estenderá para além das fronteiras da região.


*Karina Stange Calandrin é professora de relações internacionais da Uniso, Pesquisadora de pós-doutorado do Instituto de Relações Internacionais da USP, doutora em Relações Internacionais pelo PPGRI San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP) e assessora acadêmica do Instituto Brasil-Israel.


Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional 

Karina Stange Calandrin é colunista da Interesse Nacional, professora de relações internacionais no Ibmec-SP e na Uniso, pesquisadora de pós-doutorado do Instituto de Relações Internacionais da USP e doutora em relações internacionais pelo PPGRI San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP).

Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional

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