Depois de trabalhar para construir uma liderança na América do Sul durante os governos de FHC e Lula, o Brasil desistiu de guiar e representar os vizinhos. Pesquisa aponta que crise econômica e cenário global pesaram, mas que escolhas dos presidentes foram determinantes para mudança
Artigo publicado pela revista Foreign Affairs aponta os erros e fracassos da política externa brasileira desde o início de 2023. Escrito pelo professor Matias Spektor, texto avalia que apesar dos problemas, o presidente ainda pode corrigir o rumo e avançar na busca por uma projeção maior do país
Continuaremos aumentando nossas exportações para o mundo, esperando atingir US$ 500 bilhões, o que demonstra a maior abertura do país, com significativas perspectivas de atualização tecnológica para a indústria e o agronegócio brasileiro
Decisões recentes do país colocam em contraste as posições do governo Lula e ações que beneficiariam a política externa do Brasil. Para embaixador, Lula deveria ir à posse de Milei, acordo Mercosul-EU deveria ir adiante, Brasil deve evitar escalada entre Venezuela e Guiana, e ideia de governança para o clima é problemática
Em meio a uma crise econômica e social sem precedentes, os argentinos votaram por um salto no escuro com a escolha de Javier Milei para governar. Para embaixador, apesar do tom da campanha, as bravatas ideológicas estão sendo gradualmente substituídas pelo pragmatismo presidencial, e as relações com o Brasil não devem ser afetadas
Eleição de Milei representa uma derrota histórica para a democracia do país 40 anos após o fim da ditadura. Para as camadas populares é a combinação de ilusão e tragédia. E trata-se de revés estratégico para os setores progressistas da América Latina
Eleição pode ser lida como o fim esperado de um ciclo eleitoral atípico em que uma sociedade castigada por uma década de estagnação econômica e diferentes planos fracassados de estabilização decidiu castigar as forças políticas tradicionais, isto é, diante do repúdio às fórmulas conhecidas, abraça-se o desconhecido
Presidente eleito é o representante da alt-right na Argentina, país desesperançado após décadas de decadência econômica e de piora geral nas condições de vida. Seu discurso econômico é vigoroso e confuso e, por vezes, aparentemente sofisticado, deixando a sensação de alta capacidade intelectual combinada com ímpeto para a ação. Sua performance é histriônica, irritante, debochada e ofensiva
Além das características dos candidatos, esta eleição pode ser considerada a mais importante desde o retorno à democracia, pois é a primeira vez em que chega à instância decisiva um candidato, Milei, que rejeita a política de memória pela verdade e pela justiça, o “Nunca Mais”, pedra fundamental da reconstrução da democracia no país
Itamaraty enfrenta acúmulo de crises globais com tensão nas relações com Israel, preocupação com escalada retórica na Venezuela, acirramento das eleições na Argentina e pressão por pagamentos à OCDE. Para embaixador, situação põe em questão algumas decisões tomadas pelo governo Lula