Mario Mugnaini Jr.: Mercosul, dezembro de 2023
Posse do novo presidente da Argentina, Cúpula do bloco no Rio de Janeiro e decisão sobre possível entrada da Bolívia no grupo movimentam a realidade do Mercosul no último mês do ano. Para especialista, presidência brasileira do bloco se esforça para acelerar acordo com a União Europeia
Posse do novo presidente da Argentina, Cúpula do bloco no Rio de Janeiro e decisão sobre possível entrada da Bolívia no grupo movimentam a realidade do Mercosul no último mês do ano. Para especialista, presidência brasileira do bloco se esforça para acelerar acordo com a União Europeia
Por Mario Mugniani Jr.*
O mês de dezembro de 2023 apresenta-se com fatos importantes para o Mercosul.
– Posse presidencial na Argentina
Com a eleição de Javier Milei para a Presidência da Argentina podemos esperar diversas incógnitas sobre a postura do novo governo argentino em relação à estrutura e ao funcionamento do Mercosul.
Durante a fase eleitoral, o candidato Milei teceu considerações variadas sobre a perspectiva futura da Argentina como membro do Mercosul.
Apresentou ideias como a “desobrigação pela Argentina” de certos tipos de engajamentos obrigatórios do bloco, sendo a mais complexa a de não seguir a necessidade de negociações externas em bloco, bem como a flexibilidade no uso da Tarifa Externa Comum (TEC).
A tendência de uma política de liberalização econômica e comercial constitui o elemento fundamental de uma série de medidas anunciadas, como a prioridade das relações com os Estados Unidos e Israel, o que pode ensejar dificuldades após a prevista possível assinatura em breve do acordo Mercosul-União Europeia.
Somente após os primeiros passos da gestão Milei, a partir da sua posse em dezembro próximo, poderemos conhecer os matizes finais das prioridades e orientações do novo governo no geral e, em especial, em relação ao Mercosul.
– Reunião do Mercosul no Rio de Janeiro
Realiza-se em 7 de Dezembro próximo a Cúpula do Mercosul, precedida de negociações entre o Mercosul e a União Europeia, estando a diplomacia brasileira trabalhando com afinco para atingir-se um resultado positivo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve contato com a presidente do Conselho da União Europeia, Ursula von der Leyen, salientando o bom momento da presidência brasileira do Mercosul para a finalização das negociações e assinatura do acordo.
Trata-se de um esforço concentrado de um longo período de negociações, sendo que o conteúdo do acordo compreendendo o universo de bens e serviços reduziu-se substancialmente, notadamente nas cotas de carnes, açúcar e etanol, em função das negociações da União Europeia com outros blocos.
– Votação no Senado Brasileiro pela Inclusão da Bolívia no Mercosul
A entrada da Bolívia como Estado Parte do Mercosul finalmente foi aprovada em seção da Câmara dos Deputados do Brasil, penúltima instância decisiva para tal procedimento, tendo o processo sido enviado, como praxe, para apreciação pelo Senado, corrigindo a longa demora injustificável, pois a decisão da aceitação é de 2015.
As relações da Bolívia com o Mercosul em termos tarifários não devem alterar-se substancialmente, uma vez que vigoram diversos acordos com os atuais membros do Mercosul.
O comércio da Bolívia com o Brasil é o maior dentro do bloco e está fortemente concentrado na exportação do gás boliviano, por meio do gasoduto que liga a região produtora aos grandes centros industriais no Brasil.
A geração de divisas com esta exportação permite ao Brasil ocupar a posição de grande exportador de produtos industriais, bens de capital, autos e maquinário agrícola.
Investimentos brasileiros no setor agrícola boliviano por empresários brasileiros desenvolveu a produção de soja e milho, transformando a região da cidade de Santa Cruz de la Sierra em grande polo agrícola competitivo e exportador.
Assim esperamos dezembro de 2023 para conhecermos as definições das diferentes expectativas para o Mercosul .
*Mario Mugnaini Jr. é colunista da Interesse Nacional. Engenheiro industrial químico e empresário, foi vice-presidente da Fiesp/Ciesp entre 1998 e 2002, secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior Camex MDIC entre 2003 e 2007 e presidente da Investe SP, Agência Paulista de Investimentos e Competitividade de 2009 a 2011.
Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional
Mario Mugnaini Jr. é colunista da Interesse Nacional, engenheiro industrial químico e empresário, foi vice-presidente da Fiesp/Ciesp entre 1998 e 2002, secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior Camex MDIC entre 2003 e 2007 e presidente da Investe SP, Agência Paulista de Investimentos e Competitividade de 2009 a 2011.
Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional