03 julho 2024

Rotas da Integração Sul-Americana podem operar já em 2028, diz Simone Tebet

Um dos objetivos das obras é escoar a produção brasileira por meio de portos no Oceano Pacífico

Mapa das rotas, apresentado pelo Ministério do Planejamento (Foto: Agência Senado)

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse nesta terça-feira (2) que as cinco Rotas da Integração Sul-Americana previstas no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) podem entrar em funcionamento até 2028. Um dos objetivos das obras é escoar a produção brasileira por meio de portos no Oceano Pacífico. A ministra participou de audiência pública das Comissões de Infraestrutura (CI) e de Desenvolvimento Regional (CDR).

“Nós temos condições de interligar o Pacífico, pelo menos uma ‘perninha’, até o final de 2026. Até 2028, com certeza esses projetos todos estarão muito bem estruturados. Colocando isso em prática, vamos ter um cenário absolutamente diferente. Ninguém vai conseguir competir com o Brasil no mundo, no que se refere à nossa fronteira agrícola”, disse.

As cinco Rotas da Integração Sul-Americana afetam os 11 estados brasileiros que fazem fronteira com países da região. Elas envolvem um total de 190 projetos, como rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos, além de infovias e linhas de transmissão de energia.

Durante a audiência pública, a ministra apresentou as potencialidades de cada uma das rotas:

  • Rota 1 — Ilha das Guianas: exportação de alimentos e bens de consumo final para a Venezuela e a Guiana, além da Ásia e do Mercado Comum e Comunidade do Caribe;
  • Rota 2 — Amazônica: exportação de produtos da bioeconomia, máquinas, equipamentos e bens de consumo de Manaus para Peru, Equador e Colômbia, além da Ásia e América Central;
  • Rota 3 — Quadrante Rondon: exportação de alimentos, máquinas, equipamentos e bens de consumo final para a Peru, Bolívia e Chile, além do mercado asiático;
  • Rota 4 — Bioceânica de Capricórnio: exportação de alimentos, máquinas e equipamentos e bens de consumo final para Paraguai, Argentina e Chile, além do mercado asiático; e
  • Rota 5 — Porto Alegre–Coquimbo: exportação e importação de insumos, alimentos, máquinas e equipamentos e bens de consumo final para Argentina, Uruguai e Chile, além do mercado asiático.

Para Simone Tebet, as Rotas da Integração Sul-Americana podem abrir novas portas para as exportações brasileiras.

“Há 30 anos, os principais destinos das nossas exportações eram basicamente Estados Unidos, alguma coisa da Europa, do Japão e da Argentina. Hoje mais de 80% da nossa exportação é para o mercado asiático. As cinco rotas reduzem distância e tempo e aumentam a competitividade dos nossos produtos”, afirmou.

Segundo a ministra, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve abrir US$ 10 bilhões em linhas de financiamento para viabilizar as Rotas da Integração Sul-Americana. Do total, US$ 3 bilhões são destinados a estados e municípios brasileiros. Os US$ 7 bilhões restantes vão financiar obras nos demais países do continente.

“A logística é um meio para se alcançar o fim. A finalidade não é a ponte que vamos construir, a estrada, a rodovia, os portos, os aeroportos. Aí tem conectividade, infovias e internet nos rincões mais distantes do Brasil. Tem balança comercial, emprego, renda e desenvolvimento da região”, afirmou.

Repercussão

A audiência pública conjunta foi sugerida pelos presidentes da CI, senador Confúcio Moura (MDB-RO), e da CDR, senador Marcelo Castro (MDB-PI). O parlamentar rondoniense lembrou que a falta de dinheiro foi “um dos obstáculos das versões anteriores do PAC”.

“Considerando que a segurança e a continuidade dos investimentos são de suma importância para o engajamento dos estados, dos municípios e do setor privado ao programa, é necessário debater como o governo pretende conciliar os investimentos previstos com as metas do novo arcabouço fiscal”, ponderou.

Para Marcelo Castro, o PAC melhora a infraestrutura do país “de uma maneira organizada e coordenada”.

“Somos grandemente competitivos da porteira para dentro. Mas perdemos competitividade quando vamos escoar nossa produção, por deficiência de portos, aeroportos e vias rodoviárias, ferroviárias e fluviais”, disse.

O senador Jaime Bagattoli (PL-RO) defendeu a interligação.

“Há anos, temos o sonho de ter essa saída para o Pacífico. Em 1926, dois anos antes de termos a primeira rodovia asfaltada no Brasil, os americanos já tinham uma interligando Atlântico e Pacífico. Para o desenvolvimento de todos os países da América Latina, é de suma importância que a gente faça essa interligação”, disse.

O senador Esperidião Amin (PP-SC) também destacou o empenho dos norte-americanos na integração das Costas Leste e Oeste.

“Os Estados Unidos conseguiram construir a ferrovia Leste-Oeste logo depois da guerra civil. A guerra civil não atrapalhou. Essas travessias Leste-Oeste foram perdidas por nós na América do Sul”, lamentou.

A audiência pública também contou com a participação dos senadores Alan Rick (União-AC), Beto Faro (PT-PA), Jayme Campos (União- MT), Jorge Seif (PL-SC), Margareth Buzetti (PSD-MT), Rosana Martinelli (PL-MT), Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) e Zequinha Marinho (Podemos-PA).

Este texto é uma republicação da Agência Senado sob licença Creative Commons (CC-BY-NC-ND). Veja mais no site da Agência: https://www12.senado.leg.br/noticias

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