Colônia do Sacramento e Buenos Aires: antagonismo e prosperidade

Ao se analisar o processo de consolidação da cidade e do porto de Buenos Aires, não se pode negligenciar o importante papel desempenhado pela Colônia do Sacramento, cidadela sob domínio português por quase um século (1680-1777). Durou por longo tempo a disputa pelo estuário do rio da Prata, o que acarretou, além dos enfrentamentos bélicos, o desenvolvimento econômico da fronteira e a atual conformação geopolítica da região. A configuração dos limites platinos se arrastou por quatro séculos, entrando no começo do século 20. Mas essa relação ambígua, hostil e economicamente virtuosa, teve início ainda no século 16.

A Narrativa é a mensagem

Rodrigo Mesquita 04 janeiro 2021

Como demonstrado no ‘Guide to Advertising Technology’ (2018), do Tow Center da Columbia University, são as tecnologias publicitárias que dominam e mandam na Internet. Desse modo, o debate cívico em todos os ambientes das plataformas digitais e nas redes sociais que nelas se formam, é regido também pela lógica das vendas. No entanto, essa não é a única explicação para o processo contínuo de desinformação que o mundo vive – misinformation, disinformation e malinformation, genericamente classificadas como ‘fake news’ – descrito no documento ‘Information disorder: toward an interdisciplinary framework for research and policy making’, da Comissão Europeia, que tem servido de base para o início da regulamentação da ação dos gigantes da tecnologia.

Um Centro de pesquisa para Inteligência Artificial avançada no Brasil

Fabio Gagliardi Cozman 04 janeiro 2021

Os autores comentam, em linhas gerais, a criação do Centro de Inteligência Artificial na USP, parceria com a IBM e a Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPESP), como resultado de processo cuidadoso de planejamento; refletem e mostram o valor da iniciativa como suporte à pesquisa em Inteligência Artificial no Brasil, que já conta em 2020, de forma virtual, com a participação de várias instituições e dezenas de pesquisadores associados.

O Poder da minoria e a crise da democracia americana

Cláudia Trevisan 04 janeiro 2021

As distorções do modelo político americano, provocadas por elementos estruturais e aprofundadas pelas diferenças na distribuição geográfica entre os seguidores dos dois partidos que disputam o poder e uma boa dose de casuísmo. O senador republicano Mike Lee, um mês antes da eleição presidencial que deu a vitória ao democrata Joe Biden, postou, sem a a intenção de denunciar falhas no sistema representativo: “Nós não somos uma democracia”, mas defendendo então, a ideia de que a vontade da maioria não é um elemento essencial do sistema político dos Estados Unidos, o país considerado por muitos a mais antiga democracia do planeta. A relativização da vontade popular ganhou força, nos últimos anos, na retórica dos conservadores americanos, à medida que o resultado do voto direto se dissociava cada vez mais da decisão do Colégio Eleitoral, sobre quem deve presidir o país.

Na era Biden, o Itamaraty ‘Trumpolavista’ ficará falando sozinho

Paulo Sotero 04 janeiro 2021

De volta a Washington, em dezembro de 2013, depois de quase quatro anos como embaixador em Brasília, Thomas A. Shannon recordou afirmação que havia feito ao partir para a missão sobre o efeito salutar da crescente conectividade das sociedades dos dois países, já visível então, a despeito da distância e das turbulências ocasionais do diálogo oficial. Durante palestra no Wilson Center, Shannon lembrou: “Eu disse que nossas sociedades e nossos povos — e não nossos governos — se tornariam os principais motivadores de nosso relacionamento”. A presciente observação do diplomata, aposentado em 2018 como vice-secretário de Estado, revela o desafio criado para o Brasil pela eleição à Casa Branca, do centrista Joe Biden, e a fragorosa derrota por ele imposta ao populista Donald Trump, cujo arremedo tropical, Jair Bolsonaro, permanecerá no Palácio do Planalto.

A Eleição municipal e a sucessão presidencial de 2022

O presente texto traz uma tese e duas hipóteses sobre a relação entre a eleição municipal, recém-ocorrida, e o pleito presidencial de 2022. A tese é a de que o resultado da eleição municipal revelou que o sistema político vigente até 2018 não se recompôs da implosão a que foi submetido pela ascensão do fenômeno político-eleitoral do bolsonarismo. A primeira hipótese é a de que esse desfecho aumenta ainda mais o grau de indeterminação do processo eleitoral presidencial que ocorrerá daqui a dois anos. A segunda hipótese é a de que, apesar da inépcia institucional de Bolsonaro, seja à frente do governo, seja pela incapacidade de organizar partidariamente sua base social e ideológica, o bolsonarismo tem chances de disputar, de maneira competitiva, a sucessão presidencial.

As Eleições municipais e o significado para a frente ampla

Marta Suplicy 04 janeiro 2021

Bolsonaro está derretendo e o governo continua sem qualquer direção nas áreas econômica, da saúde e da educação. Esta é a conclusão sobre as eleições municipais; a conta chegou e os candidatos apoiados pelo presidente tiveram desempenho deplorável. Candidaturas que imaginavam decolar com seu apoio – Russomano em São Paulo e Crivella no Rio – foram muito mal.
Nenhum dos candidatos com nome Bolsonaro – exceto seu filho, eleito com a metade da votação anterior – conseguiu se eleger, o que mostra a percepção e resposta do eleitorado aos desmandos do capitão neste primeiro período do seu mandato.

Milícias, Estado paralelo e Segurança Pública

Raul Jungmann 04 janeiro 2021

A origem das milícias é um paradoxo e um aviso. Integradas por policiais da ativa e da reserva, as milícias se organizaram para sua autodefesa e de suas famílias, em virtude da precariedade da Segurança Pública nas comunidades onde moravam. Sua estrutura, métodos, implicações e crescimento não podem ser dissociados da realidade e dos graves problemas que assaltam a Segurança Pública nacionalmente, levando todos à sensação de violência crescente, medo e desamparo. Principiando pela abordagem das milícias no Rio de janeiro, o artigo segue passando em revista os principais pontos que contribuem para a atual insegurança no país: sistema prisional, juventude vulnerável, política de drogas, polícias, sistema e política nacional de Segurança. Concluindo, o autor retorna àqueles que assombram os brasileiros e os ameaçam com seu poder crescente, os milicianos. A sensação de insegurança é generalizada e alcança todos, ainda que por modos diferenciados e está conectada à sensação de corrupção e baixa representatividade do sistema político do país.

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