Ao se analisar o processo de consolidação da cidade e do porto de Buenos Aires, não se pode negligenciar o importante papel desempenhado pela Colônia do Sacramento, cidadela sob domínio português por quase um século (1680-1777). Durou por longo tempo a disputa pelo estuário do rio da Prata, o que acarretou, além dos enfrentamentos bélicos, o desenvolvimento econômico da fronteira e a atual conformação geopolítica da região. A configuração dos limites platinos se arrastou por quatro séculos, entrando no começo do século 20. Mas essa relação ambígua, hostil e economicamente virtuosa, teve início ainda no século 16.
Como demonstrado no ‘Guide to Advertising Technology’ (2018), do Tow Center da Columbia University, são as tecnologias publicitárias que dominam e mandam na Internet. Desse modo, o debate cívico em todos os ambientes das plataformas digitais e nas redes sociais que nelas se formam, é regido também pela lógica das vendas. No entanto, essa não é a única explicação para o processo contínuo de desinformação que o mundo vive – misinformation, disinformation e malinformation, genericamente classificadas como ‘fake news’ – descrito no documento ‘Information disorder: toward an interdisciplinary framework for research and policy making’, da Comissão Europeia, que tem servido de base para o início da regulamentação da ação dos gigantes da tecnologia.
Os autores comentam, em linhas gerais, a criação do Centro de Inteligência Artificial na USP, parceria com a IBM e a Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPESP), como resultado de processo cuidadoso de planejamento; refletem e mostram o valor da iniciativa como suporte à pesquisa em Inteligência Artificial no Brasil, que já conta em 2020, de forma virtual, com a participação de várias instituições e dezenas de pesquisadores associados.
As distorções do modelo político americano, provocadas por elementos estruturais e aprofundadas pelas diferenças na distribuição geográfica entre os seguidores dos dois partidos que disputam o poder e uma boa dose de casuísmo. O senador republicano Mike Lee, um mês antes da eleição presidencial que deu a vitória ao democrata Joe Biden, postou, sem a a intenção de denunciar falhas no sistema representativo: “Nós não somos uma democracia”, mas defendendo então, a ideia de que a vontade da maioria não é um elemento essencial do sistema político dos Estados Unidos, o país considerado por muitos a mais antiga democracia do planeta. A relativização da vontade popular ganhou força, nos últimos anos, na retórica dos conservadores americanos, à medida que o resultado do voto direto se dissociava cada vez mais da decisão do Colégio Eleitoral, sobre quem deve presidir o país.
De volta a Washington, em dezembro de 2013, depois de quase quatro anos como embaixador em Brasília, Thomas A. Shannon recordou afirmação que havia feito ao partir para a missão sobre o efeito salutar da crescente conectividade das sociedades dos dois países, já visível então, a despeito da distância e das turbulências ocasionais do diálogo oficial. Durante palestra no Wilson Center, Shannon lembrou: “Eu disse que nossas sociedades e nossos povos — e não nossos governos — se tornariam os principais motivadores de nosso relacionamento”. A presciente observação do diplomata, aposentado em 2018 como vice-secretário de Estado, revela o desafio criado para o Brasil pela eleição à Casa Branca, do centrista Joe Biden, e a fragorosa derrota por ele imposta ao populista Donald Trump, cujo arremedo tropical, Jair Bolsonaro, permanecerá no Palácio do Planalto.
O presente texto traz uma tese e duas hipóteses sobre a relação entre a eleição municipal, recém-ocorrida, e o pleito presidencial de 2022. A tese é a de que o resultado da eleição municipal revelou que o sistema político vigente até 2018 não se recompôs da implosão a que foi submetido pela ascensão do fenômeno político-eleitoral do bolsonarismo. A primeira hipótese é a de que esse desfecho aumenta ainda mais o grau de indeterminação do processo eleitoral presidencial que ocorrerá daqui a dois anos. A segunda hipótese é a de que, apesar da inépcia institucional de Bolsonaro, seja à frente do governo, seja pela incapacidade de organizar partidariamente sua base social e ideológica, o bolsonarismo tem chances de disputar, de maneira competitiva, a sucessão presidencial.
Bolsonaro está derretendo e o governo continua sem qualquer direção nas áreas econômica, da saúde e da educação. Esta é a conclusão sobre as eleições municipais; a conta chegou e os candidatos apoiados pelo presidente tiveram desempenho deplorável. Candidaturas que imaginavam decolar com seu apoio – Russomano em São Paulo e Crivella no Rio – foram muito mal.
Nenhum dos candidatos com nome Bolsonaro – exceto seu filho, eleito com a metade da votação anterior – conseguiu se eleger, o que mostra a percepção e resposta do eleitorado aos desmandos do capitão neste primeiro período do seu mandato.
A origem das milícias é um paradoxo e um aviso. Integradas por policiais da ativa e da reserva, as milícias se organizaram para sua autodefesa e de suas famílias, em virtude da precariedade da Segurança Pública nas comunidades onde moravam. Sua estrutura, métodos, implicações e crescimento não podem ser dissociados da realidade e dos graves problemas que assaltam a Segurança Pública nacionalmente, levando todos à sensação de violência crescente, medo e desamparo. Principiando pela abordagem das milícias no Rio de janeiro, o artigo segue passando em revista os principais pontos que contribuem para a atual insegurança no país: sistema prisional, juventude vulnerável, política de drogas, polícias, sistema e política nacional de Segurança. Concluindo, o autor retorna àqueles que assombram os brasileiros e os ameaçam com seu poder crescente, os milicianos. A sensação de insegurança é generalizada e alcança todos, ainda que por modos diferenciados e está conectada à sensação de corrupção e baixa representatividade do sistema político do país.