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Editorial: Lula e Bolsonaro revelam falta de visão global e de prioridade à política externa em seus programas de governo

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No momento em que o mundo sofre grandes transformações econômicas, tecnológicas, financeiras e mesmo militares, é pouca a atenção para as questões relacionadas a política externa e de defesa pelos dois candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto

O palácio do Itamaraty, em Brasília (CC)

Por Rubens Barbosa*

As coordenações das campanhas dos candidatos que estão liderando as pesquisas de intenção de voto para a Presidência divulgaram recentemente os respectivos programas de governo. No tocante à política externa e de defesa, dois itens importantes nas ações governamentais, lamentavelmente, a falta de prioridade é indicada pelo lugar que ocuparam nos respectivos programas. No de Jair Bolsonaro, as últimas três páginas de um documento de 50 páginas. No de Lula o parágrafo 100º e mais 4 ou 5 antes do final.

No momento em que o mundo sofre grandes transformações econômicas, tecnológicas, financeiras e mesmo militares, com a guerra na Ucrânia, é no mínimo preocupante a pouca atenção para as questões relacionadas com esses dois setores. Para ficar limitado apenas às consequências da guerra, a desorganização do mercado de commodities e do mercado de energia está afetando direta e indiretamente o Brasil.

‘Programas dos dois candidatos apenas dão indicações de tendências, mas não apresentam nenhuma proposta concreta para a recuperação da credibilidade do Brasil’

Uma segunda observação sobre os itens mencionados, os programas dos dois candidatos apresentam um grau de generalidade e apenas dão indicações de tendências, mas não apresentam nenhuma proposta concreta para a recuperação da credibilidade do Brasil e a mudança da percepção externa sobre o país.

Por outro lado, como consequência de fatores externos, como a pandemia, a guerra na Ucrânia e a crise em relação a Taiwan, ficaram evidentes vulnerabilidades e oportunidades que pouco foram tratadas. No caso do programa de Bolsonaro, há referência à necessidade de corrigir essas vulnerabilidades, mas no programa de Lula, nem isso.

As grandes e rápidas mudanças que estão ocorrendo exigirão do futuro governo um pensamento de médio e longo prazo, estratégico, para responder aos desafios externos que continuarão a impactar a política econômica, de defesa e externa. Nos últimos 20 anos, as realidades se transformaram, e não basta querer reviver políticas e ênfases bem sucedidas ou repetir as políticas mais recentes.

‘As grandes mudanças que estão ocorrendo exigirão do futuro governo um pensamento de médio e longo prazos, estratégico, para responder aos desafios externos que continuarão a impactar a política econômica, de defesa e externa’

O futuro governo vai ter de definir o lugar do Brasil nesse mundo em constante transformação e com novas prioridades. Pouca ênfase foi dada por exemplo à questão ambiental e de mudanças climáticas, hoje o principal problema do Brasil no exterior. Compromissos foram assumidos internacionalmente que terão de ser cumpridos, sob pena de consequências diretas sobre interesses concretos do governo e do setor privado.

Em nenhum dos dois programas está mencionada a China, a não ser indiretamente. Pouco se fala sobre a visão de futuro para o Mercosul, a OCDE e ao BRICS. Restrições aparecem em relação à OCDE e a revisão do Mercosul, sugerindo indiretamente a revisão do acordo com a União Europeia, no programa de Lula.

De positivo, há referências nos dois programas à volta da prioridade para nosso entorno geográfico na América do Sul e na África, além da atuação do Brasil nos organismos internacionais.

A esperança é que, ao assumir o governo, a realidade se imponha, e as prioridades do interesse do Brasil sejam reconhecidas e executadas. Mas é uma pena que elas não estejam plenamente refletidas nos programas de governo dos dois candidatos que estão liderando as pesquisas.


*Rubens Barbosa foi embaixador do Brasil em Londres, é diplomata, presidente do Instituto Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e coordenador editorial da Interesse Nacional.

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