25 junho 2024

As eleições pelo mundo e as perspectivas para o comércio exterior do Brasil

O grande desafio para o binômio setor privado e órgãos governamentais está na prospecção de mercados de produtos industriais, serviços em geral, mas com ênfase nos da área da informática, em que temos boa experiência comprovada tanto no mercado interno como no externo

O vice-presidente Geraldo Alckmin se encontra com o presidente da China, Xi Jinping (Foto: Vice-Presidência)

No ano passado e agora em 2024 podemos afirmar que as definições dos mandatários dos mais importantes países importadores do Brasil foram definidas.

Na China, nosso primeiro importador, o líder Xi Jinping recebeu a missão da continuidade do comando do país ,por tempo razoável para a implementação dos programas de elevação constante do bem estar da população, alicerçado em constante crescimento econômico.

Em consequência, as perspectivas para o comércio exterior do Brasil continuarão centradas nas exportações de commodities agrícolas, minério e petróleo, contribuindo para formação do nosso crescente e robusto superávit em divisas.

‘Visita de Alckmin à China logrou abertura do país para exportações de café. Se metade da população chinesa tomar um café por dia, praticamente consumirá a totalidade da produção mundial’

Na recente visita  do vice-presidente Geraldo Alckmin à China, acompanhado por técnicos da Apex, logrou-se a abertura do país para exportações de café, o que pode significar no tempo um grande mercado. Em termos de marketing, se metade da população chinesa tomar um café por dia, praticamente consumirá a totalidade da produção mundial.

No caso da União Europeia, o segundo importador do Brasil, a expectativa em relação à eleição do Parlamento Europeu era apresentada, oficiosamente, que as decisões sobre a possibilidade de concretizar-se o Acordo Mercosul-União Europeia poderiam avançar após o pleito. Mas vale ressaltar que o Parlamento não tem nenhuma atribuição sobre as negociações comerciais, cabendo somente à comissão em Bruxelas e ratificação pelo Parlamento dos 27 países membros, mas pode haver interferências dos representantes das novas tendências.

Nas campanhas eleitorais recentes para os parlamentos, tanto a candidata de extrema-direita Giorgia Meloni, que foi escolhida primeira-ministra da Itália, quanto a candidata Marine Le Pen, na França, assumem posições favoráveis de permanência na União Europeia, uma possibilidade de não desenvolverem posições contrárias ao acordo.

‘A concretização do acordo Mercosul-UE não deve ser considerada em nossa perspectiva de curto e médio prazos, continuando o comércio com avanços eventuais em áreas específicas’ 

A concretização deste acordo não deve ser considerada em nossa perspectiva de curto e médio prazos, continuando o comércio com avanços eventuais em áreas específicas. 

Com o terceiro importador, os Estados Unidos, temos um clima de eleição antecipada, e fica difícil um prognóstico sobre as futuras relações políticas. Mantemos  uma forte concentração das exportações nos setores industriais, alicerçadas pelo comércio intercompany, o que é um fator facilitador para a continuidade do comércio.

No Mercosul, com a eleição do presidente Javier Milei na Argentina,  estabeleceu-se um plano econômico que resultou em uma diminuição do consumo interno e, em consequência, diminuição das exportações brasileiras. Nossas exportações para a Argentina são fortemente concentradas em bens industriais e no setor automobilístico e de autopeças, o que é fundamental para a produção automobilística argentina e exportação para o Brasil.

A recente eleição na Índia foi reconduzido a primeiro-ministro Nerendra Modi, que deve manter a consagrada política nacionalista que se traduz por intensa prioridade de produção nacional  e, no campo agrícola, a segurança alimentar, com possibilidades de intercâmbio com o Brasil limitadas e concentradas nos itens que compõem io acordo Mercosul-Índia.

Na eleição presidencial mexicana, a vitória de Claudia Sheinbaum, candidata do atual governo, significa que a política comercial externa do México continuará centrada no intercâmbio com os Estados Unidos, exportações concentradas em produtos industriais, através do Programa Pitex (maquiladoras), que significa elevada participação mão de obra.

As exportações brasileiras baseadas em produtos industriais, químicos e setor automobilístico, este alicerçado em acordo automotivo, e recentemente a abertura para exportações brasileiras para carne de frango congelada devem crescer moderadamente.

Nosso superávit comercial está prioritariamente baseado nas exportações de soja, milho e café, e a safra do biênio 23/24 deve atingir 300 milhões de toneladas, mas para o próximo biênio a catástrofe do Rio Grande do Sul deve diminuir o volume de grãos produzido, que pode afetar nossas exportações, valor que teremos maior precisão no decorrer do ano.

O grande desafio para o binômio setor privado e órgãos governamentais está na prospecção de mercados de produtos industriais, serviços em geral, mas com ênfase nos da área da informática, em que temos boa experiência comprovada tanto no mercado interno como no externo. 

Mario Mugnaini Jr. é colunista da Interesse Nacional, engenheiro industrial químico e empresário, foi vice-presidente da Fiesp/Ciesp entre 1998 e 2002, secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior Camex MDIC entre 2003 e 2007 e presidente da Investe SP, Agência Paulista de Investimentos e Competitividade de 2009 a 2011.

Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional

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