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Interesse Nacional
02 maio 2023

Mario Mugnaini Jr: O agronegócio brasileiro e suas exportações

Produção brasileira teve um imenso progresso nos últimos 40 anos, com um salto exportador de soja, milho, açúcar e carnes, mas gera oposição internacional por conta do aumento do desmatamento. Para especialista, o país está em boa posição na comparação internacional, mas ainda tem uma taxação alta sobre alimentos

Produção brasileira teve um imenso progresso nos últimos 40 anos, com um salto exportador de soja, milho, açúcar e carnes, mas gera oposição internacional por conta do aumento do desmatamento. Para especialista, o país está em boa posição na comparação internacional, mas ainda tem uma taxação alta sobre alimentos

Colheita de soja no Brasil (Foto: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil)

Mario Mugnaini Jr*

Quando analisamos o desempenho do agronegócio brasileiro constatamos um progresso vertiginosos nos últimos 40 anos.

Desde a época do Império, o Brasil se destacou como grande produtor e exportador de café, o que construiu a fama internacional do país por muitas décadas.

Países como a Colômbia têm avançado na publicidade de café de qualidade, e o Vietnã tem aumentado sua participação no mercado internacional, mas continua o Brasil como o maior produtor e exportador, assegurando de forma constante divisas para o país.

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Mas o grande salto exportador realizou-se nos últimos 40 anos através da soja, milho e açúcar, e posteriormente nas exportações das carnes bovina, de frango e suína, alicerçados no fomento tecnológico, onde a Embrapa teve papel preponderante, do advento do financiamento da produção através do Plano Safra e do dinamismo dos agricultores e empresas processadoras e de logística.

Para o ano de 2023, o Ministério da Agricultura prevê um orçamento de R$ 340 bilhões para o Plano Safra, um aumento de 36% em relação ao ano anterior, recursos destinados ao custeio e investimentos, priorizado para médios e pequenos agricultores.

O país atingiu em 2022 a produção de grãos de 271 milhões de toneladas, sendo 120 milhões de soja com exportações de 92 milhões de toneladas, ultrapassando os Estados Unidos, e 118 milhões de toneladas de milho, com exportações de 40 milhões de toneladas. E espera-se que atinjamos no total cerca de 300 milhões em 2023.

Para o complexo açúcar e etanol foram esmagadas 572 milhões de toneladas de cana e produzidos 25,83 bilhões de litros de etanol, 33,9 milhões de toneladas de açúcar, sendo exportadas 27,29 milhões de toneladas, com predomínio para China e Oriente Médio.

No campo da agropecuária, igualmente com aprimoramento genético, adaptação aos variados climas do país em termos de vacinação, constatamos no mesmo período um aumento considerável de produção e exportação de carnes, notadamente para o mercado asiático.

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O setor da carne bovina teve em 2022 uma produção total de 10,58 milhões de toneladas, tendo sido exportadas 3,02 milhões de toneladas, tendo a China absorvido 54,7%, enquanto o mercado nacional absorveu 7,57 milhões de toneladas.

No caso da carne de frango, tivemos uma produção de 14,5 milhões de toneladas, com exportações de 4,8 milhões de toneladas, sendo a China o primeiro comprador. E para a carne suína tivemos uma produção de 5 milhões de toneladas com 50% exportada.

Analisando-se o consumo interno de carnes, nos encontramos em uma situação razoável, pois consumimos 24 kg por habitante por ano de carne bovina, 45 kg/hab/ano de carne de frango e 18 kg/hab/ano de carne suína, perfazendo 87 kg/hab/ano no total, próximo ao  valor estimado  de 100 kg/hab/ano para os países mais desenvolvidos.

Claro que esta estatística deve ser avaliada com a percepção que ela é sujeita a uma desigualdade importante entre os consumidores de baixa e alta renda.

Estas produções alimentam o mercado interno e de exportações com um elevado superávit de US$ 158 bilhões em 2022, com alta de 32% em relação ao ano anterior, com acréscimo de 22,1% em preço e 8,1% em volume.

Esta posição exportadora do agronegócio brasileiro tem provocado acirrada oposição por parte de alguns setores agrícolas da União Europeia, que acusam o desmatamento da Amazônia para a plantação de soja, milho, cana ou para pastagens para criação de gado. 

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Neste sentido a União Europeia acaba de promulgar resolução impedindo a importação de produtos, sejam da área vegetal, sejam da área animal, produzidos em zonas de desmatamento, o que poderá provocar grandes celeumas jurídicas.

Sem dúvida tem havido nos últimos anos um desmatamento incontrolável, e o novo governo recém-instalado tem manifestado a intenção de adotar políticas de maior controle, e espera-se resultados no tempo. Por outro lado, é incontestável que o verde das plantações contribuem para o sequestro de CO2 e, neste sentido, conforme os objetivos das reuniões sobre Clima estamos em boa posição.

É interessante avaliar que a área protegida do Brasil nos coloca em primeiro lugar, com 28,9% do território,  seguido pela Austrália, com 19,2%, China 17%, Estados Unidos com 13%, sem figurar países da União Europeia com valores significativos.

Finalmente, tendo em vista que estamos nos preparando no Congresso para discutir o projeto de reforma tributária, vale avaliar a taxação das diversas cadeias de alimentos, desde os in natura aos processados. Temos uma situação ainda de forte taxação sobre alimentos, com uma média de 23%, já incluída a cesta básica, que ainda é taxada em 9%m  e comparada com os países da OCDE com taxação de 7%, indica que estamos fora da curva.


*Mario Mugnaini Jr. é colunista da Interesse Nacional. Engenheiro industrial químico e empresário, foi vice-presidente da Fiesp/Ciesp entre 1998 e 2002, secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior Camex MDIC entre 2003 e 2007 e presidente da Investe SP, Agência Paulista de Investimentos e Competitividade de 2009 a 2011.


Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional

Mario Mugnaini Jr. é colunista da Interesse Nacional, engenheiro industrial químico e empresário, foi vice-presidente da Fiesp/Ciesp entre 1998 e 2002, secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior Camex MDIC entre 2003 e 2007 e presidente da Investe SP, Agência Paulista de Investimentos e Competitividade de 2009 a 2011.

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