É um legítimo anseio de todo povo que o seu país cresça e que desenvolva a sua economia de modo a promover a melhoria das condições de vida através da redistri- buição da renda agregada a todos os segmen- tos da sua população. A questão a discutir é como realizar esse objetivo com eficácia nas condições existentes no país e no mundo.
O Brasil desindustrializou-se prematuramente. Essa é a principal causa direta da baixa taxa de crescimento do país desde meados de 1980. Dois grupos de intelectuais pelos quais tenho grande respeito – a comunidade de ciência e tecnologia e os economistas desenvolvimentistas clássicos – têm soluções para o problema: respectivamente, política tecnológica e política industrial. Estou de acordo com eles quando defendem a importância dessas políticas, e quando demandam que o governo as implemente.
Nossa interpretação é a de que, de fato, a “desindustrialização” como evidência empírica ocorre; mas, esse fenômeno não necessariamente representa perda de importância da manufatura na vida econômica. O conceito de manufatura moderna – advanced manufacturing associada à ideia de “indústria 4.0”- reforça nossos argumentos. ste artigo apresenta argumentos que indicam que a “desindustrialização” no Brasil é um falso problema e, por conseguinte, a melhor política para o setor não é a política industrial tradicional, voltada paraesforços de reindustrialização em si e per si.
Em momentos de crise, o tema da simplificação administrativa assume lugar privilegiado no debate público. Parece natural que em situações de estagnação econômica e frágil sustentação política da coalizão governista, como na atual conjuntura, esforços sejam lançados de forma mais contundente sobre a redução do chamado “custo Brasil”.
O artigo procura avaliar os significados da “Era Lula” do ponto de vista da história econômica e social brasileira. Não se trata de uma reflexão neutra ou isenta, ainda que se pretenda crítica.
O autor vê no pré-sal a possibilidade de mudar radicalmente o modelo de desenvolvimento brasileiro. O marco regulatório proposto pelo governo ficaria aquém dessa possibilidade, representando uma concessão à lógica do capital financeiro. A seu ver, a mudança radical passaria pelo retorno ao monopólio da Petrobras. A renda petroleira integralmente apropriada pelo Estado seria alocada segundo um plano estratégico de desenvolvimento sob clara liderança estatal.
Os países em desenvolvimento, como o Brasil, têm ainda pouca responsabilidade pelo aquecimento da Terra. O argumento da responsabilidade histórica é a pedra-angular da posição dos países em desenvolvimento nas negociações sobre o clima, das quais o autor participa como negociador-chefe da delegação brasileira. Mas ele próprio adverte que o quadro é dinâmico: à medida que crescem as emissões dos países em desenvolvimento, crescerão as suas responsabilidades globais.
A continuidade de políticas macroeconômicas cuja racionalidade remonta aos primeiros anos do Plano Real é um dos elementos a explicar, juntamente com a exuberância da economia global, o bom momento da economia vivido durante boa parte das duas administrações do presidente Lula. A discussão relativa aos “direitos de propriedade” sobre este acervo – se o Presidente recebeu uma “herança maldita” ou se, pelo contrário, “governa sobre os ombros de gigantes” – é bem menos importante que as vantagens, para o país, derivadas da convergência experimentada no domínio das idéias econômicas. Desse consenso, que é tácito, prático e efetivo, mas jamais admitido – quem sabe poderíamos chamá-lo de o “consenso envergonhado” – resultou o alheamento das visões “alternativas” que pareciam, em certa época, dominantes dentro do Partido dos Trabalhadores.
No mundo em que vivemos, a política externa de um país não pode ser apenas um instrumento de projeção dos interesses nacionais na cena internacional. Ela é também, e talvez sobretudo, um elemento essencial do próprio projeto de desenvolvimento desse país.