Imprensa estrangeira publicou dezenas de análises e artigos de opinião críticos a respeito do governo de Jair Bolsonaro e da radicalização política às vésperas da votação; após a vitória de Lula, cobertura se tornou mais elogiosa em relação a uma possível ‘pacificação’ do país
Aumento da violência política no país reflete o avanço do discurso autoritário em uma sociedade contraditória e com sentimentos ambíguos em relação à política, explica antropólogo na State University of New York. Para ele, definição de um novo presidente dificilmente vai superar as divisões abertas pelas disputas dos últimos anos
Mais de sete a cada dez publicações sobre o Brasil na semana tinham tom de neutralidade, sem afetar diretamente a imagem internacional do país. As notícias negativas foram um quarto do total, e apenas 4% das menções ao Brasil tinham tom positivo.
No intervalo entre o primeiro e o segundo turno das eleições, levantamento coletou 51 reportagens com menção ao Brasil em sete veículos da mídia internacional. Maior parte da cobertura tinha tom neutro, um quarto dos textos sobre o Brasil eram negativos e apenas 8% eram positivos
Apesar de o tom da cobertura ter sido majoritariamente neutro e com foco nos resultados do primeiro turno, análises e artigos de opinião publicados nos principais veículos da mídia estrangeira criticam a tensão política no país e apontam para os riscos de retrocesso democrático após o segundo turno
Cobertura sobre política levou à publicação de 107 reportagens de destaque sobre o Brasil nos sete veículos de imprensa analisados pelo Índice de Interesse Internacional, quase duas vezes a média de 55 textos registrados por semana desde o início do levantamento – maioria das reportagens tinha tom negativo
Sem precursores nem veleidades teóricas, ‘O Brazil é um país sério?’ funda literatura sobre a trajetória de nossa reputação. Por meio de pílulas densas, mas de fácil digestão, o leitor é convidado a visitar o passado nacional, contado pelo olhar estrangeiro
Imitando o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, Bolsonaro disse muitas vezes que pode não respeitar os resultados das eleições e que o sistema de justiça eleitoral não é confiável. Se Lula vencer, enfrentará uma série de obstáculos para restaurar o respeito às instituições nacionais do Brasil e ao Estado Democrático de Direito.
Para historiador americano, comparação com situação dos Estados Unidos após a saída de Donald Trump do poder mostra que risco ao estado de direito continua existindo mesmo que haja uma mudança no governo brasileiro após as eleições
Tom da cobertura da imprensa internacional era predominantemente neutro desde junho, mas críticas à polarização, à proliferação de mentiras e às ameaças à democracia pioraram a reputação do país no mundo