Robert Toovey Walker é colunista da Interesse Nacional, geógrafo, tem doutorado em ciência regional pela University of Pennsylvania e é professor de estudos latino-americanos e geografia na University of Florida
Belém merece essa chance de se apresentar ao mundo como a verdadeira “porta de entrada para a Amazônia”
Desenvolvimento de infraestrutura em fronteiras florestais pode criar oportunidades para a economia, mas cria riscos para a proteção ambiental da região
Projeto da Ferrogrão ganha impulso enquanto governo Lula enfrenta dilema entre a perspectiva de desenvolvimento da Amazônia e da economia brasileira e necessidade de proteção dos direitos dos povos originários que vivem na região
Mesmo antes do Marco Temporal reiterar direitos dos indígenas, a Constituição brasileira já oferecia garantias limitadas a terras, permitindo ao usufruto sem a propriedade. Para professor, leis deixam povos originários sem saída no Brasil
Após vitória em votação sobre marco temporal no STF, pauta destinada a limitar seus direitos avançou no Congresso. Para professor, se Lula quiser salvar a Amazônia, terá que lutar contra um Legislativo fortalecido para ajudar os indígenas a obterem o que é deles por direito
Embora novo governo tenha tido um começo turbulento, não há como negar que conseguiu reduzir o desmatamento para níveis significativamente inferiores aos de seu antecessor. Para professor, entretanto, mesmo se conseguir zerar a perda de árvores, seca pode levar à destruição da floresta
Presidente se colocou em uma situação contraditória ao se promover como herói climático e continuar buscando explorar a riqueza do petróleo. Para professor, não é possível ser um líder mundial na crise climática e, ao mesmo tempo, prosseguir a todo vapor bombeando combustíveis fósseis para gerar lucro – mas o país ainda pode se beneficiar de projetos de reflorestamento da Amazônia
Os projetos de infraestrutura na Amazônia não são mais vistos empreendimentos de importância global, mas sim como destruidores do conceito de ‘desenvolvimento sustentável’. Para professor, a posição do presidente Lula a respeito desse tópico no novo governo ainda é incerta
Governo Lula deseja, desde de seus mandatos anteriores, transformar o Tapajós em um grande complexo hidrelétrico. Para professor, esse sonho ainda se mantém forte, apesar das diversas restrições ambientais e do apelo da tribo indígena Munduruku
Após voltar ao poder, Lula formalizou seis das 14 Terras Indígenas que precisavam apenas da assinatura presidencial para serem oficializadas. Para professor, presidente colhe frutos baixos e precisará fazer concessões caso deseje cumprir sua meta de desmatamento zero na Amazônia até 2030
Palco de disputas entre revolucionários e forças militares no Brasil na época da ditadura, a região amazônica hoje é foco de interesses da expansão chinesa pelo mundo, com o gigante asiático disposto a ajudar a construir a infraestrutura necessária para explorar as riquezas da área. Para professor, os comunistas chineses de hoje são muito diferentes dos do passado, e Xi Jinping sabe que mais poder político vem mais do dinheiro do que das armas
Lula defende a proteção da Amazônia, mas o país o Brasil tem muito a perder deixando a floresta intacta e abandonando as riquezas que viriam da agricultura, mineração e empreendimentos industriais. Para professor, o mundo deveria admitir que está pedindo ao Brasil que absorva um gigantesco custo de oportunidade ao não explorar todos os seus recursos naturais e poderia ajudar a pagar por ele
Parar completamente o desmatamento da Amazônia será uma tarefa difícil, e pode determinar o legado do novo governo de Lula e mesmo o futuro do planeta. Para professor de estudos latino-americanos e geografia, plano do presidente para desenvolver a Amazônia pode criar uma redução artificial do desmatamento com projetos de infraestrutura que aumentarão a destruição no futuro
Apesar do otimismo de conservacionistas após a vitória de Lula, governos de direita e esquerda do país promovem a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sulamericana (IIRSA), que se concentra em novas estradas, represas e indústrias que podem ameaçar o frágil ecossistema de floresta tropical da região – e prejudicar o clima mundial no processo