Reforma da Previdência: necessária, mas não suficiente

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a aprovação da reforma da Previdência permitirá dez anos de crescimento da economia brasileira. Deve-se entender a declaração como recurso retórico para mostrar o caráter benéfico da medida. Economista de reconhecida competência, o ministro por certo sabe que a vitória em tão relevante área é relevante e necessária, mas está longe de assegurar tão longo período de expansão da atividade econômica.

Cem dias de um governo conturbado

É impossível tipificar o governo Bolsonaro. O discurso errático, muitas vezes beirando o nonsense, prevalente nos primeiros cem dias de mandato, não permite definições específicas para o conjunto, talvez porque não haja mesmo um conjunto. Muitos pronunciamentos e iniciativas alinham-se com uma ideologia identificada com a extrema-direita, de cunho essencialmente nacionalista e populista, mas também passeiam pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, ideais liberalizantes assentados nos princípios da globalização que derrubou as fronteiras comerciais e financeiras a partir da década de 1980.

A primavera liberal

Gustavo H. B. Franco 09 janeiro 2019

Os resultados das eleições de 2018 trouxeram muitas surpresas, gratas e ingratas, juntamente com imensos desafios de interpretação. Os especialistas debaterão ainda por muitos anos o que se passou nesse pleito que o cientista político Jairo Nicolau definiu como um exemplo de “eleição crítica: uma disputa que desestrutura o padrão de competição partidária vigente”[1], e que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso classificou como “um tsunami que varreu o sistema político brasileiro” e que “terminou o ciclo político-eleitoral iniciado depois da Constituição de 1988”.

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