Tensão na Venezuela é um desafio e uma oportunidade sem precedentes à política externa brasileira, que tem agido de forma correta. Ao tratar a questão a partir de seus riscos à democracia e à geopolítica, o Brasil reafirma seu protagonismo e valoriza seu papel na superação daquela que já se coloca como a principal crise regional deste século
Tensão criada pelas suspeitas de fraude nas eleições na Venezuela e pela expulsão mútua de embaixadores com a Nicarágua é um presente para o governo, que pode redirecionar sua política externa para uma defesa da democracia independentemente de amizades e simpatias ideológicas
O regime de Maduro não vai deixar o poder, o que deixa Lula e seus contemporâneos nas Américas com uma pergunta terrível: é mais eficaz simplesmente conter o estado falido na Venezuela ou deve-se estabelecer um precedente com uma invasão pró-democracia no país?
O vizinho latino-americano ganhou um valor simbólico semelhante ao de Cuba e seu processo revolucionário nos anos 1960. Hoje, a Revolução Bolivariana e o chavismo polarizam o espectro ideológico, inclusive dentro da própria esquerda
Turbulências políticas ao longo da última década evidenciaram que a ascensão do Brasil no cenário global depende não apenas da sua economia, mas também da liderança presidencial e da capacidade de levar adiante um projeto focado em elevar o perfil internacional do país
Familiares e advogados dizem que não podem se encontrar com presos; mais de 1,2 mil foi detido por governo de Maduro
O Brasil e o Chile assinaram, nesta segunda-feira (5), 19 acordos e outros atos bilaterais em áreas que vão do turismo, ciência e tecnologia, defesa, agropecuária e direitos humanos até as relações comerciais e de investimentos.
Protestos parecem envolver um segmento mais amplo da sociedade do que no passado e incluem muitos venezuelanos pobres e da classe trabalhadora – os mesmos grupos dos quais o chavismo tradicionalmente obtém apoio
As eleições do último domingo, 28 de julho, passaram a representar o maior teste para a política externa do governo Lula, no sentido de que vai demonstrar qual é a prioridade: a defesa dos interesses do país, da democracia e dos direitos humanos ou a prevalência da ideologia e dos interesses partidários
As relações internacionais devem ser guiadas por interesses, mas a situação global mostra que a regra não está sendo seguida à risca por muitos Estados como Brasil, EUA e China, que enfrentam dificuldades em suas políticas externas por conta de “amizades”